Promotoria do Cairo pede pena de morte para ex-ditador do Egito

Na mais recente audiência de um julgamento muitas vezes adiado e bastante aguardado pela população egípcia, a Promotoria do Cairo pediu nesta quinta-feira a pena de morte para o ex-ditador do Egito, Hosni Mubarak,(foto) pelas mortes de civis durante a revolução que o tirou do poder no ano passado.
O pedido foi oficializado pelo promotor Mustafah Khater, que citou a punição prevista pelo Código Penal egípcio para o crime de assassinato premeditado como argumento para a sentença defendida para o caso. Leia mais


"A lei prevê a pena de morte para o assassinato premeditado", declarou Suleiman ao fim de sua exposição no tribunal da capital egípcia onde Mubarak está sendo julgado.

"O presidente da República é responsável pela proteção do povo. A questão não é apenas se ele ordenou a morte dos manifestantes, mas saber por que ele não atuou para interromper a violência", afirmou em seguida o chefe da Promotoria, Mustafa Suleiman.

"Como o presidente da República poderia não estar a par das manifestações que começaram em 25 de janeiro em 12 localidades em várias cidades?", completou Suleiman, ao rejeitar as alegações de que Mubarak não foi informado sobre a gravidade da situação.

Ele também argumentou que o então ministro do Interior Habib el Adli, que também está sendo julgado, "não poderia ter dado a ordem de abrir fogo contra os manifestantes sem receber instruções de Mubarak".

De acordo com a agência de notícias Efe, a promotoria pediu ainda a pena de morte para o ex-ministro do Interior Habib al Adli e seis funcionários que o auxiliavam durante o tempo em que participaram do regime.

ACUSAÇÕES

Ainda na terça-feira (3), a Promotoria egípcia expôs as decisões errôneas adotadas pelo regime do ex-ditador durante a revolução de 25 de janeiro do ano passado.

Um dos advogados da acusação, Ashraf Atwa, disse que o procurador-geral, Mustafa Suleiman, relatou durante a sessão os erros do antigo regime que causaram a deterioração da situação no país antes da revolução egípcia.

Atwa afirmou que Suleiman lembrou principalmente "a piora da situação social, política e econômica no país, a tentativa de Mubarak de passar o poder a seu filho Gamal e o uso por parte do Ministério do Interior da força excessiva contra os manifestantes".

Segundo a mesma fonte, as alegações da Procuradoria estão divididas em duas partes: uma para as acusações relacionadas com o assassinato de manifestantes e outra para os supostos casos de corrupção cometidos pelo regime.

Mubarak é processado com seu ex-ministro do Interior Habib al Adli e seis de seus ajudantes por seu suposto envolvimento na morte de centenas de manifestantes que saíram às ruas do Egito desde o dia 25 de janeiro para pedir a saída do ditador, que renunciou no dia 11 de fevereiro.

Além disso, Mubarak é julgado por um suposto delito de corrupção com seus filhos, Gamal e Alaa. Todos os acusados estiveram presentes no julgamento.

Na terça-feira, a corte decidiu concluir a fase probatória do processo e escutar as alegações da acusação e da defesa como último passo antes de ditar sentença.

O julgamento estava suspenso desde o dia 30 de outubro por uma reivindicação dos advogados da acusação, que pretendiam recusar os juízes encarregados do caso. No entanto, a recusa foi rejeitada e o processo contra Mubarak foi retomado no dia 28 de dezembro.

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