O Papel da Maçonaria no “Dia do Fico”


        OUÇA O TEXTO

 

Da Redação

Em 29 de setembro de 1821, por meio do Decreto nº 125, o rei de Portugal, D. João VI, decretou a extinção do Reino do Brasil e determinou que seu filho, D. Pedro, regressasse imediatamente a Lisboa, acompanhado da família real. A decisão fazia parte da tentativa das Cortes de Lisboa de restaurar a autoridade central sobre as colônias, após o retorno da monarquia à Europa.

Entretanto, o cenário político no Brasil já havia tomado novos rumos. A partir da instalação das Cortes portuguesas, crescia entre as elites brasileiras o temor de que o país voltasse à condição de mera colônia, perdendo a autonomia que conquistara com a vinda da Corte em 1808 e a elevação a Reino Unido em 1815.

Foi nesse contexto que a Maçonaria desempenhou papel de destaque. No Rio de Janeiro, a Loja Maçônica “Comércio e Artes” reunia homens ilustres da corte e da sociedade carioca, figuras de grande influência intelectual e política. Esses maçons, atentos ao risco de um retrocesso político, buscaram apoio junto a irmãos das Lojas de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, formando uma rede de articulação nacional.


Unidos, decidiram interceder diretamente junto ao príncipe regente. O apelo feito a D. Pedro era claro: que não obedecesse à ordem das Cortes e permanecesse no Brasil, defendendo os interesses da nação nascente. O movimento maçônico encontrou eco nos anseios de várias camadas da sociedade, que viam no príncipe uma liderança capaz de garantir estabilidade e autonomia diante das pressões vindas de Lisboa.

A pressão política surtiu efeito. Em 9 de janeiro de 1822, diante das representações populares e do apoio decisivo das Lojas Maçônicas, D. Pedro pronunciou a frase que marcaria a história:

“Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico.”

Esse momento, imortalizado como o “Dia do Fico”, representou uma ruptura com as ordens portuguesas e consolidou D. Pedro como líder do movimento de independência. Poucos meses depois, em 7 de setembro de 1822, o Brasil proclamaria oficialmente sua emancipação.


Assim, a atuação da Maçonaria — sobretudo da Loja “Comércio e Artes” e de seus irmãos articuladores — foi fundamental para a permanência de D. Pedro no Brasil e, consequentemente, para a independência política do país. Mais do que um episódio isolado, o “Dia do Fico” é a prova de como redes maçônicas influenciaram momentos decisivos da história brasileira, colocando-se ao lado do projeto de liberdade e de soberania nacional.

 

Postar um comentário

0 Comentários