7 de Maio: Ecos do Martírio Maçônico

 


Da Redação

O dia 7 de maio é repleto de significados na memória da Maçonaria universal. Entre os nomes e eventos que marcaram essa data ao longo dos séculos, destaca-se de forma singular o de Tommaso Baldasarre Crudeli, poeta, advogado e livre-pensador italiano nascido em Poppi, na Toscana, em 21 de dezembro de 1702. Crudeli foi iniciado em 1738 na primeira Loja Maçônica da Itália, fundada em Florença em 1731 como uma ramificação da Grande Loja da Inglaterra. Essa Loja, formada majoritariamente por estrangeiros — escoceses, irlandeses e até dois padres agostinianos — era, na época, a única conhecida em funcionamento no território italiano.

Pouco depois de sua iniciação, Crudeli tornou-se alvo da Inquisição Romana, que já investigava a Loja desde 1736. Em 25 de junho de 1737, a instituição foi formalmente condenada pelo chefe inquisidor, e, em 9 de maio, Crudeli foi detido por sua vinculação à Maçonaria. Mesmo diante da tortura e dos interrogatórios que se estenderam até agosto de 1739, recusou-se a trair seus irmãos ou revelar os segredos da Ordem, reafirmando apenas sua fé em Deus. Permaneceu encarcerado até 1741, mas a saúde debilitada levou-o à morte precoce em 27 de março de 1745. Sua firmeza diante da perseguição o consagrou como o primeiro mártir da Maçonaria Universal, símbolo da luta contra a intolerância religiosa e do compromisso com os ideais do livre-pensamento.

A severidade da bula papal "In eminenti apostolatus specula", promulgada por Clemente XII em 1738, parece dirigir-se especialmente àquela Loja florentina que teve em Tommaso Crudeli seu mais notório representante — e sua mais trágica vítima.



Outras efemérides maçônicas de 7 de maio

Além de homenagear a resistência de Crudeli, o 7 de maio também marca importantes acontecimentos na trajetória da Maçonaria:

1873 – Primeira Loja nas Terras de Israel

Neste dia, foi realizada a primeira reunião da Loja Rei Salomão nº 293, vinculada à Grande Loja do Canadá, nas lendárias pedreiras do Rei Salomão. Este marco precedeu a fundação da Grande Loja do Estado de Israel, instituída oficialmente apenas em 20 de outubro de 1953, com sede em Tel Aviv. A reunião de 1873 é considerada a pedra angular da presença maçônica na região.

1880 – Morte do Ir.'. Duque de Caxias

Em 7 de maio de 1880, faleceu o Irmão Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, aos 77 anos, em sua fazenda em Juparanã, no Estado do Rio de Janeiro. Provavelmente iniciado em 1841 no Grande Oriente do Brasil, Caxias é uma das figuras mais respeitadas da história militar e maçônica brasileira. Foi sepultado em trajes simples, com apenas duas condecorações de bronze, conforme seu desejo — um exemplo de humildade e retidão maçônica.

1927 – Caminho para a Fundação da Grande Loja da Bahia

Neste dia também ocorreu uma reunião preliminar decisiva para a fundação da Grande Loja da Bahia. Em um contexto de dissensões entre as Lojas baianas e de insatisfação com o Grande Oriente do Brasil, a reunião selou o rompimento com o Ir.'. Mário Behring e consolidou o movimento pela descentralização. O processo culminaria, em 22 de maio de 1927, com a fundação oficial da Grande Loja da Bahia, no templo da Rua Carlos Gomes, nº 21.

Conclusão

A história de Tommaso Crudeli ressoa como advertência e inspiração para os maçons do mundo inteiro. Sua fidelidade aos princípios da Maçonaria, mesmo sob tortura, ergueu um pilar simbólico contra o obscurantismo e a intolerância. No mesmo 7 de maio, em outros tempos e espaços, novos alicerces se ergueram — no Brasil, em Israel, na Itália — mostrando que a Maçonaria, embora perseguida em muitos momentos da história, permanece firme na construção de um mundo mais justo, livre e fraterno.

 


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