Ísis e o Simbolismo Maçônico: O Véu da Sabedoria Oculta


Da Redação 

A figura da deusa Ísis ocupa um lugar simbólico de notável profundidade nos ensinamentos da Maçonaria, sendo evocada como expressão do mistério, da sabedoria oculta e do princípio feminino universal. Como guardiã dos segredos da vida, da morte e da regeneração, Ísis representa, para os maçons, a incessante busca pela Luz — a Verdade que jaz por trás do véu da ilusão.

Segundo Plutarco, em sua obra Sobre Ísis e Osíris, havia uma inscrição em uma estátua da deusa no templo de Sais, no Egito, que dizia:
“Eu sou tudo o que foi, é e será, e meu véu nenhum mortal ainda levantou.”
Essa máxima é frequentemente citada nas lojas maçônicas como símbolo da Verdade Suprema, ainda não revelada ao profano. O véu de Ísis torna-se, assim, um poderoso arquétipo do que está oculto ao olhar superficial, desafiando o iniciado a buscar o que está além das aparências e a trilhar o caminho da sabedoria interior.

Essa representação velada da deusa também foi dramaticamente encenada durante o Festival do Ser Supremo, em 1794, durante a Revolução Francesa. Conforme relata Gérard de Nerval, Robespierre ateou fogo a uma estátua velada de Ísis, numa tentativa de simbolizar a vitória da razão sobre o misticismo. Contudo, para os maçons, o véu de Ísis jamais deve ser violentamente arrancado — ele deve ser suavemente erguido pela compreensão, pela iniciação e pela transformação interior.

O mito de Ísis e Osíris, central na tradição egípcia, também ressoa com força nos graus filosóficos da Maçonaria. A jornada de Ísis para recolher os fragmentos de seu amado Osíris, espalhados pelo mundo, ecoa a tarefa do iniciado maçom: reunir os pedaços da verdade, dispersos no caos do mundo profano, e reconstruir o templo interior.

A associação entre Ísis e a alquimia reforça ainda mais sua relevância simbólica. Em antigos textos esotéricos, como o manuscrito Ísis, a Profetisa, para seu filho Hórus, ela aparece como mestre alquímica, revelando fórmulas e segredos ocultos a seu filho. Essa cena, claramente iniciática, representa a passagem do conhecimento oculto de mestre a discípulo — um processo fundamental nos ensinamentos maçônicos.

Na simbologia ritual das lojas, Ísis também é vinculada à Natureza, à fertilidade e à regeneração. Assim como ela devolve a vida a Osíris e concebe Hórus, o iniciado é convidado a renascer em um novo plano de consciência. Ísis é, portanto, a Grande Mãe, a Matéria Prima, o princípio gerador da vida e da sabedoria.

Portanto, Ísis, com seu véu, sua dor e sua magia, continua viva nos templos maçônicos. Ela representa o eterno feminino, o mistério sagrado e a promessa de que, ao final da jornada, aquele que tiver olhos para ver poderá levantar o véu — e contemplar a Luz.

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1 Comentários

  1. A Sabedoria e a essência de ser valorizado entre uma sociedade que aprimora passo a passo para liberdade, TFA.

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