Da Redação
Na madrugada de 2 para 3 de junho de 1882, em Caprera, Itália, foi sepultado um dos mais extraordinários personagens do século XIX: Giuseppe Garibaldi. Mais do que um herói da unificação italiana, Garibaldi foi um cidadão do mundo, um guerreiro da liberdade e, sobretudo, um maçom que viveu intensamente os ideais da Fraternidade, da Igualdade e da Liberdade.
Nascido em Nizza, atualmente a cidade de Nice na França, mas que à época pertencia ao Reino da Sardenha, Garibaldi dedicou sua vida à luta pela emancipação dos povos. Seu destino cruzou o oceano Atlântico e o conduziu ao Brasil, onde se tornaria figura central na Revolução Farroupilha (1835–1845), guerra civil deflagrada contra o Império do Brasil pelo ideal republicano e federalista no sul do país.
Entre 1838 e 1841, Garibaldi foi nomeado comandante da Marinha da República Rio-Grandense. Foi nesse cenário de lutas e bravura que ele forjou a alma do combatente incansável que o mundo conheceria mais tarde. Impressionado com a coragem dos gaúchos, escreveu anos depois:
"Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações.Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta!"
Essas palavras revelam não apenas a admiração, mas também o aprendizado de Garibaldi com os combates travados no Brasil. Foi aqui, entre pampas e lanças, que ele se consolidou como um líder revolucionário. Sua companheira de armas e de vida, Anita Garibaldi, também brasileira, se tornaria um símbolo de coragem ao seu lado nas batalhas.
Como maçom, Garibaldi pertenceu à tradição que via na Maçonaria uma escola de virtudes voltada à libertação dos povos e à construção de uma humanidade mais justa. Iniciado na maçonaria em Montevidéu, na Loja "Amis de La Patrie", em 1841, o futuro "Herói dos Dois Mundos" levaria consigo os valores maçônicos para todas as revoluções em que participou: no Uruguai, na Itália, na França e até em tentativas de unificação republicana em outros continentes.
De volta à Europa, Garibaldi lideraria a famosa Expedição dos Mil, que culminaria com a unificação da Itália sob a Casa de Savoia. Recusando honrarias pessoais, recusando títulos e poder, permaneceu fiel aos princípios que orientaram sua jornada desde o Brasil até o Parlamento italiano. O enterro em Caprera foi discreto, conforme sua vontade — um homem simples no fim, apesar da imensidão de sua trajetória.
Na história da Maçonaria e da luta pela liberdade dos povos, Giuseppe Garibaldi permanece como um símbolo. Seu nome é lembrado em Lojas Maçônicas por todo o mundo e, no Brasil, especialmente no sul, sua memória é celebrada como a de um herói estrangeiro que se fez brasileiro por opção, pela luta e pela admiração mútua entre ele e o povo que o acolheu.
Garibaldi não apenas fez história: ele a viveu com espada em punho e coração ardente, como verdadeiro iniciado da causa da liberdade humana.
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