Da Redação
A Maçonaria social, cujo propósito é aplicar os ideais de fraternidade, filantropia e altruismo para promover mudanças sociais, parece atravessar um momento de crise. Apesar de seu passado prestigioso e de sua ambição em influenciar positivamente o tecido social, muitos questionam atualmente sua real efetividade. Um artigo recente publicado por Alice Dubois no portal 450.fm lança luz sobre essa problemática, elencando cinco razões pelas quais a Maçonaria sociétal perde progressivamente sua força transformadora.
1. Ação sem necessidade de ritual
As ações sociais propostas pelas Lojas maçônicas, como apoio a instituições de caridade ou reflexões sobre justiça social, não são exclusivas do meio maçônico. Qualquer cidadão engajado pode promover essas atividades fora do ambiente ritualístico. Dessa forma, o aparato simbólico e iniciático da Maçonaria passa a ser percebido como um obstáculo, e não um diferencial, para aqueles que desejam agir de forma direta e eficaz na sociedade.
2. A ausência de transformação interior
Um dos pilares da tradição maçônica é a promessa de um aprimoramento pessoal contínuo. Contudo, segundo Dubois, muitos membros permanecem estagnados após anos de iniciação. Egoísmo, orgulho e preconceitos persistem em irmãos que, teoricamente, deveriam ser exemplos de evolução interior. Sem transformação real dos indivíduos, a possibilidade de transformação social torna-se apenas retórica.
3. Descompasso com o mundo digital
Em um século dominado por redes sociais e comunicação instantânea, o debate maçônico, muitas vezes restrito a sessões fechadas, torna-se anacrônico. Enquanto movimentos sociais alcançam milhões com um simples vídeo viral, as discussões simbólicas dentro da Loja carecem de alcance e impacto. A lentidão estrutural contrasta com a velocidade e a dinâmica dos novos meios de influência.
4. Rituais que dividem ao invés de unir
A Maçonaria prega a união dos diferentes sob um ideal comum. No entanto, segundo a autora, muitas discussões nas Lojas acabam gerando divisões internas, criando rupturas e tensões. O espaço que deveria servir à concórdia torna-se, paradoxalmente, terreno de disputas ideológicas e pessoais. Isso mina a credibilidade da instituição como força agregadora no plano social.
5. Recrutamento que gera uniformização
Embora a Maçonaria valorize a diversidade, na prática ela tende a selecionar candidatos que compartilham das mesmas visões e costumes. Esse fenômeno gera uma espécie de bolha ideológica, onde a pluralidade de pensamentos é substituída por um conformismo interno. Em vez de enriquecer a humanidade pela diferença, algumas Lojas acabam reproduzindo os mesmos vícios que desejam combater.
Reflexão Final: O ideal social em xeque
Apesar de suas nobres intenções, a Maçonaria social encontra-se em descompasso com o tempo presente. Sua estrutura rígida, seus métodos de atuação e sua linguagem simbólica parecem cada vez menos eficazes para os desafios do mundo contemporâneo. A crítica de Alice Dubois não é um ataque, mas um convite à reflexão: seria a hora da Maçonaria social repensar seu papel, seu formato e seu lugar no mundo? Talvez o futuro da transformação social exija um novo modelo de engajamento, mais aberto, mais ágil e mais conectado com a realidade concreta.
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