Da Redação
No contexto fervilhante do processo de Independência do Brasil, o dia 1 de abril de 1822 marca um episódio tenso nas relações entre o poder político e a Maçonaria. Nessa data, José Bonifácio de Andrada e Silva, então ministro de Dom Pedro I, expediu uma ordem expressa ao Intendente Geral da Polícia para cercar à força os ajuntamentos maçônicos, prender todos os presentes e apreender todos os papéis encontrados nas lojas.
Esse decreto demonstra o momento de ruptura e desconfiança entre o governo nascente e a influência das sociedades secretas, que vinham ganhando força e adeptos nos bastidores do processo de emancipação do Brasil. A Maçonaria, até então ativa nos movimentos que culminaram no Grito do Ipiranga, começava a ser vista com reservas por setores do poder central, especialmente por Bonifácio, que receava a crescente influência das lojas sobre o príncipe regente.
O episódio se insere num período de intensa disputa por poder e influência. Embora José Bonifácio fosse maçom, sua relação com a Ordem se deteriorou rapidamente. Ele via com preocupação a atuação política de certos irmãos, especialmente figuras como Gonçalves Ledo e Joaquim Gonçalves de Andrade, que pregavam uma monarquia constitucional mais liberal do que aquela imaginada pelos Andradas.
A ordem de repressão expedida por Bonifácio foi uma tentativa de conter o que ele via como uma ameaça à estabilidade e à autoridade do futuro império brasileiro. Contudo, o gesto provocou forte reação entre os maçons e contribuiu para o aumento das tensões políticas internas.
Este episódio revela não apenas as complexas articulações políticas do período, mas também a forma como a Maçonaria era percebida como força influente — ora como aliada, ora como ameaça — nos processos de mudança social e política no Brasil do século XIX.
Hoje, o 11 de abril de 1822 permanece como uma efeméride emblemática que nos convida a refletir sobre os limites da liberdade de associação e o papel das sociedades discretas nas grandes transformações nacionais.
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