O Ego do Maçom: Um Obstáculo ao Ideal Maçônico

Da Redação

O tema "O ego do maçom, um obstáculo ao ideal maçônico" propõe uma questão fundamental para a busca iniciática na Maçonaria. Mas seria o ego realmente um obstáculo ou apenas uma questão de perspectiva? O ego, palavra derivada do pronome pessoal latino ego (“eu”), refere-se à imagem que temos de nós mesmos e à consciência de nossa individualidade. No entanto, as particularidades do ego podem ser tanto obstáculos quanto potenciais para o desenvolvimento, dependendo da forma como o compreendemos e o utilizamos.

O ego pode ser visto sob duas vertentes: um “eu fraco” e um “eu forte”. O primeiro se caracteriza pelo medo constante dos impulsos inconscientes, sendo vulnerável e dependente da repressão. Já o segundo, o “eu forte”, se adapta bem às situações da vida, fluindo com segurança e integridade, sem ser dominado por inibições, complexos ou culpa. Esta dualidade do ego levanta uma questão central para o maçom: como equilibrar um ego saudável sem cair em vaidade e pretensão?

 O Ego e o Ideal Maçônico

A jornada maçônica pode ser interpretada como um processo de libertação do ego ilusório que impede o maçom de se desenvolver plenamente. A Maçonaria, enquanto movimento espiritual e iniciático, oferece meios para o maçom se confrontar com seu ego, incentivando-o a alcançar um autoconhecimento autêntico. Na busca pelo ideal maçônico, o caminho não é eliminar o ego, mas transformá-lo, assimilando o lema "Conhece-te a ti mesmo". É um convite ao maçom para olhar além do superficial e da aparência, enfrentando o que realmente é, sem disfarces.

No entanto, a questão não se resolve simplesmente abolindo o ego. O ego também contribui para a realização de projetos e aspirações, mesmo que sejam coletivas, pois a imaginação criativa é necessária para qualquer ação ou ambição. Sem um mínimo de ego, o maçom pode perder o critério essencial para servir ao progresso e à inspiração. Além disso, a ausência completa do ego poderia deixar causas nobres sem defensores dedicados.

 O Verdadeiro Obstáculo: O Falso Eu

O verdadeiro obstáculo não é o ego em si, mas o "falso eu", ou seja, uma versão distorcida e desproporcional de nós mesmos. Esse "ego equivocado" é superdimensionado ou subdimensionado, uma autoimagem que distorce as percepções pessoais e limita o desenvolvimento espiritual. Para o maçom, livrar-se dessas ilusões é um objetivo essencial. A Maçonaria oferece ferramentas para trabalhar essas falhas de caráter, sem necessidade de negar nossa essência, mas lapidando-a para que ela não comprometa o ideal maçônico.

Infelizmente, por falta de reflexão honesta ou coragem, muitas vezes tentamos reconciliar o pensamento maçônico com o nosso ego, comprometendo a própria essência do processo maçônico. Para que o ideal maçônico floresça, o maçom deve aprender a “deixar seus metais na porta do templo”, priorizando o interesse coletivo sobre as motivações individuais. É neste espírito de abnegação e união que o conceito de egrégora – a força coletiva gerada pela harmonia entre irmãos – ganha significado, pois, unidos, os maçons podem alcançar o que sozinhos seria impossível.

 Egoísmo e o Ideal Humanitário

A presença do egoísmo excessivo é, de fato, um entrave para muitas causas nobres, do humanitarismo ao ambientalismo. Na Maçonaria, o comportamento egoísta distancía o maçom do ideal de fraternidade e amor ao próximo. Assim, é importante refletir: como um maçom pode servir a um ideal sem deixar que o egoísmo interfira em sua intenção? A chave reside na prática da humildade e da introspecção, que ajudam a equilibrar o ego e canalizá-lo de forma construtiva.

 A Busca pelo Verdadeiro Eu

O processo maçônico é uma busca constante pelo verdadeiro eu, um eu que transcende as ilusões e limitações do ego superficial. Esse trabalho interior é facilitado pela Maçonaria, que não busca criar seguidores submissos, mas, sim, abrir caminho para o diálogo, a introspecção e o crescimento pessoal. A Maçonaria é uma "escola de humildade e perseverança", onde os irmãos debatem, confrontam ideias e buscam um estado de equilíbrio. A prática do silêncio, especialmente para o aprendiz, é uma das provas iniciáticas que promove essa reflexão interna e ajuda a moderar o ego.

Em última análise, o comportamento egoísta, fruto de um ego desequilibrado, é um verdadeiro obstáculo ao ideal maçônico e ao progresso da humanidade. Mas o método maçônico, com suas ferramentas e rituais, ajuda o maçom a equilibrar o ego, incentivando-o a buscar um ideal de perfeição e iluminação. Esse trabalho conjunto na Loja é essencial para construir uma harmonia interior que se reflete em relações saudáveis com os outros. O maçom que abraça esse caminho não se constrói sozinho; é por meio de seus irmãos que ele encontra a força e a aspiração para avançar na jornada iniciática. Assim, a Maçonaria promove um equilíbrio entre o desenvolvimento individual e a união fraternal, levando o maçom a sempre buscar "mais luz" em sua busca pelo verdadeiro eu.



Postar um comentário

0 Comentários