O EX-VENERÁVEL MESTRE


A figura do ex-Venerável Mestre ocupa um papel de particular importância, não apenas pelo seu passado como líder da Loja, mas também pela posição simbólica que assume. A ética deve ser o fundamento de toda ação e função humana, mas, para quem ocupa o papel de ex-Venerável Mestre, ela assume uma importância ainda maior. Antes de examinarmos as tarefas desta figura, vamos esclarecer alguns termos-chave para compreender plenamente o seu significado e valor.

O termo "venerável", conferido ao ex-Venerável Mestre, tem suas raízes na língua francesa. Segundo o historiador maçônico Louis-François-Marcillac, conhecido como Marcy, essa denominação foi adotada oficialmente durante o Grande Magistério do Conde de Clermont no século XVIII, preservando seu prestígio e significado até hoje.

No Oriente da Loja, emblema do Trono de Salomão e, portanto, sede da Sabedoria, senta-se o Mestre Venerável. Esta posição cósmica, semelhante ao nascer do Sol, irradia luz nas trevas, simboliza o amanhecer do dia e o eterno renascimento da vida.

O título de ex-Venerável Mestre é conferido pela Ordem Maçônica ao último Mestre que, eleito pelos Irmãos de uma Loja para ocupar o cargo de Mestre Venerável, concluiu seu mandato e passou o bastão a um sucessor regularmente eleito.

Deixando o Trono de Salomão, o ex-Venerável Mestre não desaparece: assim como no cosmos, onde tudo se transforma sem nunca se anular, ele conserva um lugar de honra no Oriente: senta-se à direita do Mestre Venerável, assumindo o papel de sábio conselheiro, trazendo a valiosa experiência adquirida durante seu mandato. Em virtude do seu vasto conhecimento e competências adquiridas na Cátedra de Rei Salomão, o ex-Venerável Mestre torna-se o Regulador da Ordem, garantia de sua harmonia e do seu correto funcionamento.

Assumindo o novo cargo, o ex-Venerável Mestre torna-se o mais fervoroso guardião dos Segredos da Maçonaria. Com incansável zelo, ele vigia sobre a pureza de nossos rituais e cerimônias, exigindo o rigoroso respeito das Leis escritas e não escritas, das Antigas Constituições, dos Ofícios e dos Regulamentos da Ordem. Em todo tempo e lugar, sua investidura o vincula à mais rigorosa observância, sem, contudo, ferir as prerrogativas do Presidente da Loja (Mestre Venerável em exercício).

Qual é, então, a necessidade de um ex-Venerável Mestre assumir tais responsabilidades? Inevitavelmente, quem viveu uma vida maçônica as encontrará, pois elas simbolizam o nascimento de um homem, maçom ou não. Todo homem, de fato, prova de algum modo o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, assumindo as responsabilidades relativas.

Nenhum homem pode se furtar ao dever de ser guardião do Irmão, do seu igual e daqueles que estão se aproximando pela primeira vez do caminho do aprendizado. Suas escolhas, influenciadas pelo bem ou pelo mal, ecoarão até as futuras gerações.

Por que, na Maçonaria como em qualquer outro campo, o suor e as lágrimas acompanham o trabalho dos operários e de seus Vigilantes, enquanto um ex-Venerável Mestre, chegando ao auge de seu percurso e presumivelmente livre de ansiedades, assume a maior responsabilidade de todas?

A resposta reside na própria natureza do aprendizado: como Aprendiz, seu trabalho consistia em observar e receber, respondendo aos seus Superiores, que por sua vez são sujeitos a falhas. Agora, como ex Venerável Mestre, sua responsabilidade se estende além do seu trabalho e da correção das ferramentas que deve transmitir aos neófitos, abrangendo uma dimensão espiritual: ele responde diretamente ao Grande Arquiteto, ao Grande Geômetra, ao Deus do Universo.

As funções e responsabilidades do ex Venerável variam conforme o Rito Maçônico, como Rito Escocês Antigo e Aceito, Rito de York, Arco Real, Ordem dos Cavaleiros de Malta, Ordem dos Cavaleiros Templários, Emulação, Schroeder, Memphis e Mizraim. Dadas essas diversidades, apresentarei uma visão pessoal e sintética da figura do ex Venerável, delineando sua "missão" dentro de nossa Grande Loja e do Rito Escocês Antigo e Aceito praticado em nossos rituais.

Ao ex-Venerável Mestre, em seu primeiro período pós-mandato, não é confiado nenhum cargo oficial. Não por falta de estima ou para relegá-lo a um papel inferior, mas porque sua contribuição como mentor ao lado do novo Mestre Venerável é considerada de valor inestimável. Sua experiência e sua sabedoria servem como uma orientação preciosa para esclarecer eventos ocorridos durante sua administração anterior.

Entre as funções desempenhadas pelo ex-Venerável Mestre, lembramos:

a instalação de seu sucessor ou de outro Mestre Venerável mediante convite;

a presidência da Loja na ausência do Mestre Venerável ou dos Vigilantes;

a condução de iniciações e cerimônias na Loja, com prévio consentimento e convite.

Os ex Veneráveis, graças à sua experiência, contribuem para a avaliação do andamento da Loja e fornecem conselhos para seu aprimoramento; é importante destacar que não possuem qualquer poder decisório sobre o governo da Loja, que permanece prerrogativa da Câmara do Meio e do Mestre Venerável em exercício.

A incessante busca pela verdade guia os maçons diariamente rumo ao aperfeiçoamento, com o objetivo final de construir um mundo mais justo e perfeito. Também o ex-Venerável Mestre não se exime desse ideal. Deixando o Trono de Salomão, ele assume o papel de fiel guardião do equilíbrio e da evolução da Loja.

Semelhante ao movimento alternado do Sol e da Lua, que gera um equilíbrio constante, a figura do ex-Venerável Mestre promove a criação de leis imutáveis que traçam caminhos duradouros, onde as leis naturais brilham com força e clareza.

 Fonte: Revista Athanor



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