A Entrada de mulheres no GOL foi
aprovada pela maioria, mas o tema não é pacífico entre maçons e foi parar ao
tribunal maçónico.
Maioria das lojas concordou com a ideia,
mas há quem defenda que pode ser uma medida inconstitucional por a organização
ter sido criada apenas para homens.
A entrada das mulheres no Grande Oriente
Lusitano (GOL) está a gerar polémica no seio da obediência. Apesar de a maioria
das lojas ter anunciado ser a favor da iniciação de mulheres, o processo acabou
por ser enviado para o Grande Tribunal Maçónico por existirem maçons que
consideram que a medida pode ser inconstitucional, apurou a CNN Portugal junto
de fontes maçónicas.
O pedido de parecer ao tribunal maçónico
foi feito pelo líder do parlamento maçónico, conhecido como Grande Dieta, que
reúne elementos de todas as lojas. Perante a contestação de alguns maçons e os
pedidos de alteração de constituição do GOL para se começar a iniciar mulheres,
Manuel Machado, maçom da Loja Revolta, que foi autarca em Coimbra e líder da
Associação Nacional de Municípios Portugueses, informou que ia enviar o
processo para aquele tribunal.
Entre os argumentos usados pelos que
apresentaram propostas de revisão da constituição interna há o de que o GOL é
"uma organização de homens" e qualquer mudança tem de passar
forçosamente pela alteração das leis. Ou seja, uns defendem que as mulheres
podem começar já a ser iniciadas, outros alegam que pode ser inconstitucional e
que obriga a alterar os estatutos e as leis fundamentais da organização.
O processo foi, assim, parar ao Grande Tribunal Maçónico, dirigido pelo advogado Francisco Pimentel. "Foi pedido um parecer para saber se faz sentido a Grande Dieta discutir uma revisão constitucional", explica um maçom. No entanto, há elementos das lojas maçónicas que consideram que a iniciativa do "irmão" que lidera o parlamento maçónico não faz sentido. "O tribunal só tem de analisar se uma medida já aprovada é inconstitucional. Não faz sentido estar a condicionar a possível aprovação de um projeto", defende um maçom, garantindo que este pedido ao tribunal apenas tem um objetivo: "Isto só serve para arrastar o processo para depois das eleições para grão-mestre", que se realizam em junho.
Caso o parecer venha a indicar que a entrada
de mulheres pode ser inconstitucional perante a lei atual e obrigar a alterar a
constituição do GOL, o processo, segundo fontes maçónicas, vai tornar-se mais
demorado. Isto porque para a revisão da constituição para permitir a entrada de
mulheres serão precisos dois terços dos votos dos elementos no ativo do
parlamento maçónico, o que costuma ser muito difícil. A Grande Dieta é composta por cerca de 200
elementos, dois de cada loja.
A polémica ficou patente na última
reunião do parlamento maçónico onde se defrontaram os dois lados. "Há quem
considere que é preciso modernizar e deixar entrar as mulheres, mas outros
levantam a possibilidade de estar em causa uma inconstitucionalidade",
conta um maçom.
No ano passado, o atual grão-mestre,
Fernando Cabecinha, pediu às 103 lojas que compõem o Gol que se pronunciassem
sobre a possibilidade de começarem a ser iniciadas mulheres. A maioria, segundo
adiantou na altura o líder dos maçons, foi a favor dessa ideia. Ou seja, de na
obediência passarem a existir lojas só de homens ou só de mulheres, e também
outras mistas. Mas poucos parecem agora acreditar que esteja para breve.
Fonte: CNN Portugal
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