Dizer que existe incompatibilidade de alguma
religião com a Ordem Maçônica é assumir formalmente uma grande contradição,
pois como pode uma Instituição como a Maçonaria que propaga o amor e as
virtudes
Fizemos o título deste artigo buscando chamar
a sua atenção, caro leitor, para uma atenta leitura que certamente vai
proporcionar uma melhor compreensão sobre a Maçonaria e sua compatibilidade com
as religiões. Isso mesmo, sobre sua compatibilidade, pois, com rápidas
reflexões fica muito cristalina a convergência das tradições maçônicas com a
pureza de qualquer religião, filosofia ou composição moral.
A Maçonaria é uma Instituição secular que
buscou na tradição dos pedreiros medievais elementos que pudessem carregar
sentidos simbólicos para o autoaperfeiçoamento do homem e, a partir disso, a
transformação efetiva da Sociedade para que as virtudes se sobressaiam criando
um mundo evoluído e preparado para a felicidade como regra. A Ordem foca em
convergir para o amor ao próximo traduzido em ações como a prática efetiva da
caridade.
Toda a estrutura maçônica é focada na busca
pela verdade, na busca pelo conhecimento e no olhar atento para o interior,
buscando as respostas que possam potencializar o agir exterior. Virtude, moral,
amor ao próximo, fidelidade, tolerância, perseverança... são tantas as belas
lições que a Maçonaria apresenta, que certamente convergem de modo muito
especial com toda e qualquer religião ou manifestação religiosa. É difícil
pensar em contraposições a uma Instituição baseada e focada em aspectos tão
relevantes e positivos.
Entendemos que, diante da discrição maçônica,
muitos mitos foram sendo criados, afetando a percepção da realidade. Por isso,
inclusive, a Maçonaria tem vivido um momento muito especial de interação com a
Sociedade. Cada vez mais, a comunidade percebe a grandeza da Instituição e
entende o quão infantis eram as lendas criadas sobre a Ordem Maçônica. Muitas
vezes essa constatação vem ao observar os nomes da Sociedade que estão dentro
da Maçonaria. Rapidamente vem o pensamento: “Essa pessoa é tão boa, tão
admirável, tão virtuosa, como poderia participar de algo ruim ou maléfico?”
O fato é que com o descarte cada vez mais
intenso da infantilidade absurda das lendas e mitos que por tanto tempo
serviram para afastar pessoas boas da grandeza da Maçonaria, surgem oposições
carregadas de teorias requintadas, numa nova estratégia. Utilizam-se da
dificuldade do leigo de eventualmente discernir a complexidade de falas para um
vazio enfrentamento desse instrumento complementar de virtudes e moral que é a
Maçonaria.
É fundamental dizer que a Ordem Maçônica em hipótese
alguma é uma religião e isso retira qualquer possibilidade de comparação com
qualquer seita ou religião. Ou seja, trazer argumentos teológicos ou religiosos
para observar ou entender uma associação civil privada como a Maçonaria é
totalmente descabido. Acreditamos, inclusive, que o fato de a Maçonaria
congregar pessoas de todas as religiões ou credos, seja um dos incômodos para
muitos religiosos que ainda vivem na pequenez mental da Idade Média ou da
Inquisição. Dizer que existe incompatibilidade de alguma religião com a Ordem
Maçônica é assumir formalmente uma grande contradição, pois como pode uma
Instituição como a Maçonaria que propaga o amor e as virtudes ser distante de
outra que diz ter exatamente essa mesma essência? Bem, a Maçonaria respeita as
divergências que possam existir sobre ela e procura focar sua energia em sua
missão de fazer o bem.
Dessa forma, caro, leitor, se você tem uma religião, certamente compreendeu a mensagem que trouxemos aqui. Basta refletir e assumir o protagonismo do pensar que compreenderá que existem inúmeras compatibilidades entre Maçonaria e a religião. A Ordem Maçônica, porém, não manipula seus membros, não traz verdades absolutas (aliás, incentiva a busca constante pela verdade) ou tolhe a capacidade de pensar de forma crítica. Se alguma religião tem essas condutas, talvez estejam aí incompatibilidades! Mas isso é algo que só diz respeito a seara religiosa. A Maçonaria, distante desse contexto de religiões, segue sua tradição de transformação da Sociedade.
(*)Luis
Mário Luchetta
Graduado na Faculdade Católica de Administração e Economia – FAE, em Ciências Contábeis, desde 1984, pós-graduado em Planejamento Empresarial, também pela FAE, em 1985, e em Marketing Empresarial pela UFPR em 1995. Empresário, inovador e participativo do Setor de tecnologia da informação desde 1986. Sócio fundador da Intelligence Business e Service Ltda, desde 2008, onde lidera representações comerciais e consultoria na área. É Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente do Brasil Paraná - GOB-PR.
Fonte:
https://www.jornalpontagrossa.com.br
2 Comentários
A incompatibilidade tem na questão sobre Deus. Mesmo a ordem não sendo religião, usa de instrumentos basilares a religião cristã. O próprio uso da Bíblia cristã não justificaria a denominação do Criador como GADU. O problema está que GADU não é o Deus cristão. Para o catolicismo há um Criador e um Salvador, Deus-Cristo.
ResponderExcluirEm um local que tem um Criador como expressão de religiosidade, onde esse Deus pode ter QUALQUER nome a Igreja não concorda, porque se concordar irá contra sua própria Pedra basilar.
Como maçom e teólogo formado pela ICAR volto a repetir:
ResponderExcluir1 - não é a Maçonaria quem define o que é ou não compatível com a doutrina da ICAR (não opino sobre as demais denominações religiosas)... a despeito de todas as supostas "compatibilidades" exaltadas no texto, a ICAR sempre viu o relativismo religioso da Maçonaria como um risco para a fé de seus membros (católicos);
2 - também é evidente para a ICAR que um católico batizado não pode dizer que "estava nas trevas" e que só viu a Luz ao entrar para a Maçonaria, tendo em vista que para um católico a Luz deve ser o Cristo que ele recebe já no seu batismo;
3 - nas definições da ICAR (mesmo que eu discorde) a Maçonaria se enquadra como uma SEITA... desde a Bula de 1738... por mais que um GM Maçom afirme que não é, para a ICAR somos e ponto final...
São estes os argumentos da ICAR que nos tornam incompatíveis com eles... como maçom e como teólogo discordo de todos, mas não compete a mim nem a nenhum GM dizer a ICAR o que ela pode ou não definir como dogmas, leis, regras, etc... ou a ICAR também pode definir essas coisas para a Maçonaria? Claro que não... então esta será uma contenda eterna... infelizmente....
Por isso a ICAR conversa com a Maçonaria dentro do campo do "diálogo interreligioso", nos tratando como uma seita, sem derrubar as questões das incompatibilidades que impedem (para a ICAR) um católico de ser maçom...