Por Hilquias Scardua
A corrupção é sistemática, abrangendo desde os cidadãos comuns até líderes e figuras célebres. No entanto, é triste considerar que a corrupção se entranhou em nossa cultura, ganhando até um apelido dócil que reflete uma característica do povo.
É bem superficial a abordagem, mas é
mesmo sobre as superficialidades que resolvo compartilhar essa reflexão.
O "Jeitinho Brasileiro"
tornou-se comum, encontrando espaço nas instituições como se fosse um recurso
adicional, muitas vezes mascarando a impunidade.
Mais recentemente, popularizou-se outra
máscara desse comportamento cultural, desse símbolo nacional, quando a
expressão "dá nada não" passou a ser ouvida entre as vozes dos
hipócritas, dos que deturpam, dos corruptos assumidos e daqueles replicantes
que, sem perceber, adotam esse comportamento corrupto. Não se trata de uma
simples expressão, ela se inclina à profundidade dos abismos lamacentos do
comportamento pretensioso e vil.
Essa naturalização e banalização do
comportamento têm implicações devastadoras. É comum depararmos com alguém
oferecendo esses artifícios, sugerindo uma decisão superficial e fácil para definir
resoluções variadas. Pois a corrupção foi ganhando força à medida que abraçamos
a cultura do "nosso jeitinho.". E é nesse contexto que a citação de
Nietzsche, que associa essa superficialização a uma grande e radical corrupção,
se torna profundamente pertinente.
"Raso, ralo, relativamente
estúpido, geral, signo, marca de rebanho que, com todo tornar-consciente, está
associada a uma grande e radical corrupção, falsificação, superficialização e
generalização” – Nietzsche, Gaia Ciência, §354
A corrupção, em suas formas mais sutis e
cotidianas, mina a integridade da sociedade e compromete nossa capacidade de
prosperar como nação. A normalização desses comportamentos corruptos tem
consequências sérias, enfraquecendo a confiança e minando os alicerces de uma
sociedade justa e ética. Enfrentar essa questão é essencial para a construção
de um país mais íntegro e moralmente saudável.
Pode parecer radical, certo? Mas não se
trata da anticultura; entretanto, é um chamado à reflexão mais pura e sem
filtros.
Portanto, o "Jeitinho
Brasileiro" deve ser confrontado e superado, não apenas no nível
individual, mas também nas instituições e na cultura como um todo. Somente
assim poderemos construir uma sociedade mais justa, onde a corrupção não
encontre espaço para prosperar.
Não é por base nessa reflexão que resolveremos a máxima do pavoroso estado de corrupção que encontra-se generalizada. Mas, é a partir do desvelo dessas máscaras que a face do perverso mundo das banalizações enfraquecem e as ações virtuosas ganham espaço.
Jacaraípe, Serra-ES, 08 de Novembro de 2023.
Hilquias Scardua
Cavaleiro da Liberdade
2 Comentários
Parabéns ao irmão .Bela reflexão
ResponderExcluirSou grato, caríssimo!
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