A Liberdade: Aos Homens Livres e de Bons Costumes


Por Hilquias Scardua

A liberdade nos parece tão próxima quanto distante. É antagônico pensar no que nos faz considerar nossa liberdade e o quanto somos livres diante da imensidão de possibilidades da escravidão. É sob a condição dos Homens Livres e de Bons Costumes que ensaio o pensamento, ousando afirmar que nenhum desses ousaria dizer que é livre, senão por um argumento qualquer justificando-se pela ideia de posse. A razão falha sobre suas Virtudes e por condições débeis de uma colocação social que enche de ego qualquer um desses Operários.

Quem já se julgou livre o suficiente para não assistir a imputável razão dilacerar a sua condição existencial? Antes de avançarmos, devo tomar nota de que a reflexão não volta o simples olhar para as nossas condições básicas e necessidades fisiológicas puramente animais. Esses critérios nos tornam incapazes de pensar a liberdade. Não nos cabe relacionar a necessidade humana orgânica e natural como sinônimo de prisão para encontrar diante disso uma possibilidade de tornarmos livres. Aqui, a Liberdade e seus conceitos operam em âmbitos mais metafísicos e imputam o caráter singular do filósofo, o de refletir.

Em diversas ocasiões, os proclamadores da liberdade exerceram a pauta de discursos deturpados, buscando iludir e conquistar, de maneira perversa, a maioria leiga e incapaz de compreender seus princípios e direitos fundamentais - O Trivium, um recurso intelectual que antes era mérito para aqueles que serviam de um cérebro, hoje passou a ser sinônimo de uma mente nobre, dada a superficialidade desses dias.

Os tiranos e os desprovidos de ética utilizam-se da escravidão intelectual e trabalhista como meio de manter-se na condição favorecida, caracterizando-se por idealismos radicais e inflexíveis.

Alguns invocam o conceito de "livre arbítrio" como princípio da liberdade, um tema longo e desgastante, sem muito fruto. E, por outro lado, alguns filósofos, como Immanuel Kant, dissertam sobre a liberdade por meio de várias formas de assistir a mesma coisa, dando os conceitos de "liberdade transcendental", "liberdade prática" e "autonomia". Vale a pena dedicar um pouco mais aos conceitos desses mestres. De qualquer forma, ele conclui que a liberdade humana é a base da lei moral. É por um lado interessante pensar assim, mas o conceito de liberdade não para aqui.

Nossa Constituição traz uma lei que protege a condição de Liberdade para nosso povo. Portanto, é fundamental que nossas leis estejam ao alcance do entendimento do povo a quem são aplicadas. A grande maioria muitas vezes não compreende a diferença entre Liberdade e Libertinagem, de norma e qualquer outro tipo de conduta ética, devotando seu tempo no que é possível, confundindo vigorosamente todos esses termos, o que se reflete nas ações comuns e cotidianas. Resultando em uma sociedade desordenada, violenta, cruel e impiedosa – em toda escala social. Uns simplesmente não entendem; e outros, fazem da falta de entendimento alheio a sua máscara.

Em meu último manual de estudo, dentro da escola filosófica do Rito Brasileiro, revisitei inúmeros exemplos e conceitos de Liberdade apresentados por pensadores, políticos e filósofos. Foi revigorante lembrar de suas obras e resgatar seus discursos que estavam guardados nas pastas das leituras de minha adolescência, a época que inclinava diante desses mestres com mais vigor e tempo.

Os Livros Sagrados, também, sempre me serviram de guia para compreender a responsabilidade do juízo moral e a forja ética pela qual continuo sendo moldado. Aí encontrei a equivalência da Liberdade, a prisão de parte de mim, daquele eu moribundo que, em sua leiga compreensão, se via livre; embora estivesse preso nos grilhões da ignorância.

Para não deixar de servi-los daquilo que poderia suscitar um caminho para entender a Liberdade, vejo no seio da Liberdade, florescer a verdade em juízo, a prudência como virtude e a vigilância como ferramenta principal para não ultrapassar as barreiras sensíveis do plano social e individual. A Liberdade é o objeto da Vigilância, onde mora a máxima de nossa condição de entender a verdade diante dos fatos e ter o Juízo baseado na vasta relação das capacidades humanas direcionada pelos valores nobres da Virtude.


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