O Batismo de Angelo Soliman



Na efeméride maçônica de hoje, celebramos o batismo de Angelo Soliman em 1721, um notável cidadão vienense de origem nigeriana. Nascido como Mmadi Make por volta de 1721, nas terras que hoje compõem a Nigéria, a data exata de seu nascimento permaneceu um mistério, levando-o a adotar o 11 de setembro, o dia de seu batismo, como sua data de aniversário. Seu nome original, Mmadi Make, estava vinculado a uma linhagem nobre de sua região de origem.

A infância de Soliman foi marcada pela tragédia quando, ainda jovem, foi capturado e levado como escravo para Marselha. No entanto, seu destino começou a mudar quando ele foi adquirido pela corte e recebeu educação. Foi nessa época que ele adotou o nome Ângelo, em homenagem a uma empregada doméstica chamada Angelina.

Após inúmeras reviravoltas, Soliman acabou sob os cuidados do governador imperial da Sicília, que também era um príncipe. Ele se tornou o confidente e companheiro de viagens do Príncipe, até mesmo participando de batalhas ao seu lado, onde se diz que salvou a vida do nobre. Esse ato heroico pavimentou o caminho para a sua libertação. Mais tarde, ele se casou com Magdalena Christiani, uma jovem viúva e irmã de um general francês.

Embora tenha vivido a maior parte de sua vida como escravo, Soliman era notavelmente erudito e se destacava na sociedade vienense. Sua conexão com a fraternidade maçônica o levou a conhecer Wolfgang Amadeus Mozart, com quem ocasionalmente compartilhava momentos nas reuniões da loja maçônica. Acredita-se que Soliman tenha servido de inspiração para o personagem Bassa Selim na ópera de Mozart, "O Rapto do Serralho".

No entanto, apesar de sua posição na sociedade vienense, Soliman continuou sendo marginalizado como um exemplo de "assimilação" dos africanos na sociedade europeia. Após sua morte em 21 de novembro de 1796, seu tratamento pela sociedade foi profundamente perturbador. Em vez de receber um enterro cristão, seu corpo foi submetido a um destino indigno. Ele foi empalhado e exposto na Coleção Imperial de História Natural, adornado com itens africanos considerados tradicionais. Apesar dos apelos de seus filhos para a restituição de seus restos mortais, isso nunca ocorreu, e seus restos foram consumidos pelo fogo durante a Revolução de Outubro de 1848. Essa atitude em relação a Soliman pós-morte, de certa forma, despojou-o da posição que ocupava em vida.

Soliman era membro da Loja "True Harmony" e eventualmente se tornou o Venerável Mestre da loja, influenciando os rituais maçônicos ao introduzir elementos acadêmicos. Seu impacto na Maçonaria reverberou por toda a Europa, deixando um legado duradouro na tradição maçônica. Hoje, relembramos a vida e a influência de Angelo Soliman na história maçônica e na sociedade europeia.



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