Por
Barbosa Nunes*
Esperança
requer perseverança em acreditar que algo é possível, mesmo quando há
indicações do contrário. O sentido de crença deste sentimento o aproxima muito
dos significados atribuídos à fé.
Esperança
neste momento em que o país e o mundo passam, é algo embutido na fé. A
sociedade, através de sua ganância e materialismo, transformou seres humanos em
monstros, colocados em gaiolas que são as penitenciárias. Sociedade que destrói de forma selvagem seus próprios
entes mais próximos e queridos. Sociedade que luta pelo poder não levando em
consideração a natureza, o cidadão, idosos e crianças. Parece até que estamos
caminhando para o pó final. Neste quadro é que estamos vivendo, mas desejo
ainda sublimar a esperança. Ela está retratada na poesia de Carlos Drumond de
Andrade.
Poeta,
contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o poeta mais influente
do século XX, e um dos principais da segunda geração do Modernismo Brasileiro. Nos
versos à frente, Carlos Drumond de Andrade diz que, devemos permanecer
esperançosos por um mundo melhor e mais justo. Este poema faz parte do livro “A
Rosa do Povo”, de 1945. Obra preocupada com o engajamento social, com a
esperança de um mundo melhor, mas com o desalento das coisas daquele tempo que
se encaixa perfeitamente ao desalento com as coisas de hoje, deste momento,
sobre as quais pairam o medo e a destrutividade, clima de hoje igual e
característico daquela época de pós guerra. Cantemos então como Drumond cantou
:
“Irmãos, cantai esse mundo que não verei, mas virá um dia,
dentro em mil anos. Talvez mais... não tenho pressa. Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras, sem leis e regulamentos.
Uma terra sem bandeiras, sem igrejas nem quartéis. Sem dor, sem
febre, sem ouro,um jeito só de viver. Mas nesse jeito a variedade, a
multiplicidade toda que há dentro de cada um. Uma cidade sem portas, de casas
sem armadilha.
Um país de riso e glória
como nunca houve nenhum. Este país não é meu nem vosso ainda, poetas. Mas ele
será um dia, o país de todo homem”.
Passo para outro poeta, romancista, ativista ambiental, crítico
cultural e fazendeiro. Wendell Berry, que no último mês de agosto completou 82
anos. Escreveu muitos romances. Defensor do pacifismo cristão, e se descreve
como “uma pessoa que leva o Evangelho a sério” .De sua autoria, assinalizadora
e espiritualizada frase : “Imagino que para lidar com as diferenças entre nós e
as outras pessoas, temos que aprender compaixão, autocontrole, piedade, perdão,
simpatia e amor – virtudes sem as quais nem nós, nem o mundo, podemos
sobreviver”. Criticou organizações cristãs por não desafiar a complacência
cultural sobre a degradação ambiental. Mostrou uma vontade de criticar o que
ele percebe como arrogância de alguns cristãos. É dos mais respeitados poetas
contemporâneos dos Estados Unidos, autor de mais trinta livros.
Sua poesia, traduzida pelo jornalista Jorge Pontual, por ele
declamada na Globo News : “Um poema de esperança”
“É difícil ter esperança. É mais difícil como você envelhece,
Pois a esperança não deve depender de se sentir bem e há o sonho
da solidão na meia-noite absoluta. Você também tem a crença retirada na
realidade presente do futuro, que certamente nos surpreenderá.
E a esperança é mais difícil quando não pode vir por previsão mais
do que por desejar. Mas pare de hesitar. Os jovens pedem ao velho para esperar.
O que você vai dizer a eles?
Diga-lhes pelo menos o que você diz para si mesmo.
Nossos lugares, as florestas estão arruinadas, os campos
erodidos, os rios poluíram, as montanhas viraram Esperança. Lugar que você
pertence embora não é seu, pois foi desde o início e será até o fim.
Pertencer a seu lugar por conhecimento dos outros que são seus
vizinhos nele: o velho, doente e pobre, este conhecimento não pode ser tirado
de você pelo poder ou pela riqueza. Ele vai parar seus ouvidos para o poderoso
quando pedem sua fé, e para os ricos, quando eles pedem sua terra e seu
trabalho.
Faça o sentido que você precisa fazer. Por ele estar na
dignidade do bom senso, o que quer que possa seguir. Fale com seus semelhantes
humanos como seu lugar te ensinou a falar, como te falou. Fale seu dialeto
enquanto seus compatriotas velhos o falaram antes de ouvir um rádio.
Falar publicamente o que
não pode ser ensinado ou aprendido em público.
Ouça em silêncio, em silêncio, as vozes que se levantam das
páginas dos livros e do seu próprio coração. Fique quieto e ouça as vozes que
pertencem para os rios, as árvores e os campos abertos. Há canções e provérbios
que pertencem a este lugar, por que ele fala por si mesmo e nenhum outro.
Encontrou sua esperança, então, no chão sob seus pés. Sua
esperança do Céu, deixe descansar no chão sob os pés. Seja iluminado pela luz
que cai livremente sobre ele depois da escuridão das noites.
Nenhum lugar no último é melhor do que o mundo. O mundo não é
melhor do que seus lugares. Seus lugares finalmente não são melhores do que
suas pessoas enquanto suas pessoas continue neles.
Quando as pessoas fazem escuro a luz dentro deles, o mundo escurece.
Com esperança e fé, haveremos, meu amigos de todas as semanas,
de passar estes tempos tão tenebrosos.
*Barbosa Nunes é Grão-Mestre Geral Adjunto
do Grande Oriente do Brasil
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