A
LOJA - Ao se fazer o resgate histórico verifica-se que o termo Loja Maçônica
tem origem comum com o termo Loja Comercial.
Para
Castellani, entre muitos Maçons influenciados por obras pouco fidedignas, a
palavra Loja para designar uma corporação maçônica, seria originária da palavra
sânscrita “LOKA”. Mas a palavra “LOKA” significa espaço, lugar, tempo, como o
“LOCUS” do latim, portanto, seu significado não corresponde exatamente ao
significado do termo Loja Maçônica.
A
origem correta da palavra loja está nas “Guildas Medievais”. Entre as
corporações de artesãos medievais (hoje denominada Maçonaria Operativa),
destacam-se as Guildas, características dos germânicos e anglo-saxões e que
começaram a florescer no século XII. Antes dessa data, elas eram entidades
simplesmente religiosas e não formavam corpos profissionais.
Existiam
dois tipos de guildas: Guildas de Mercadores e Guildas de Artesãos. As Guildas
de Mercadores adotaram palavra Loja para designar seus locais de depósitos, ou
de vendas, ou seja, onde os produtos manufaturados eram armazenados e
negociados. Portanto, deram origem às casas comerciais de comercialização de
produtos, que correspondem às lojas comerciais atualmente.
As
Guildas Artesanais, ou seja, as oficinas de mestres artesãos passaram a se
chamar loja e estas deram origem ao termo Loja Maçônica, que designa as
corporações maçônicas, que operam em Templos Maçônicos. O primeiro documento
maçônico (da Maçonaria de Ofício) em que aparece a palavra Loja, data do ano de
1292 e era de uma Guilda.
O TEMPLO
Em
relação à origem dos templos constata-se que, inicialmente, no período da
Maçonaria Operativa, ao lado das grandes construções, era erguido um alpendre
destinado a vários usos. Durante o Inverno, nele executavam atividades os
trabalhadores de pedras, os antigos Maçons operativos, preparando materiais
para serem utilizados nas construções, quando reiniciados os trabalhos de
edificação na Primavera.
Nesses
locais permaneciam também os Companheiros em trânsito, que se deslocavam entre
cidades para aperfeiçoarem seu ofício, aprendendo novos métodos e novas
invenções. Nesses ambientes também ficavam expostos os planos, discutidos os
detalhes da construção, distribuídas as tarefas, portanto tornando-se um local
sagrado, como a própria arte de construir é, desde os tempos imemoráveis,
considerada uma “arte sagrada”. (Garcia).
Para
Varoli Filho, o Templo Maçônico material, como os atuais, com diferenças de cada
Rito, foi criação tardia da Maçonaria Especulativa. Começou a ser imaginado nas
últimas décadas do Século XIII e em parte se realizou em compartimento,
destinado a reuniões de Lojas, do “Freemasons Hall”, pela primeira vez
inaugurado em Londres em maio de 1776.
Em
1778, o Grande Oriente da França passou a proibir o funcionamento de Lojas fora
de edifícios ou Templos Maçônicos. Até então as Lojas funcionavam em recintos
adaptados, bastando-lhes a tela de Símbolos colocada no chão ou sobre qualquer
mesa retangular. Ainda havia os que desenhavam os Símbolos no chão, com giz,
carvão, ou sobre prancha retangular de areia seca – prática herdada dos Maçons
ingleses.
Os
desenhos eram desfeitos ao se fechar a Loja. Dos retângulos simbólicos vieram
os Painéis de cada Grau, bem como o trajeto de enquadrar a Loja, dos Ritos que
ainda o conservam.
Inicialmente,
a entrada dos Templos Maçônicos era pelo Oriente, como nos Templos do antigo
Egito e no próprio Templo de Salomão evoluiu para entrada pelo Ocidente como
nas Igrejas Cristãs.
A
reunião em lugar oculto sempre foi tradição, mesmo em Lojas que se reuniam no
alto de colinas, na profundidade dos vales, ou em campos abertos (“Field
lodges”). Maçons de Aberdeen, na Escócia, autorizados pela principal,
praticavam Iniciações sob uma tenda erguida no alto da Cunnigar Hill, o
dominante sobre a baía de Nigg, mas, em 1670, a Loja-mãe ou principal de
Aberdeen proibiu, por seu estatuto, as reuniões como eram feitas, e soem caso
de mau tampo permitia Sessões em edifícios de onde ninguém visse ou ouvisse
(Varoli Filho).
O
Templo Maçônico representa o mundo e a Loja Maçônica a humanidade. A Loja se
constitui quando seus membros se reúnem em um Templo e, ao final de cada
Sessão, a Loja é considerada fechada, mas o Templo continua aberto, inclusive
para outras Lojas Maçônicas operarem.
A LOJA E O TEMPLO
Templo
e Loja são expressões que se confundem em vários Ritos, cujas constituições
virtuais não falam de Templo e só mencionam Loja – reunião regular de Maçons em
lugares ocultos. Bouliet apud Aslan, diz que a palavra Loja tem origem no
antigo alemão “Loubja”, que significa cabana feita de folhagem; entretanto, os
ingleses a fazem derivar do vocábulo anglo-normando “Lodge”, que tem o
significado de habitação ou alojamento.
As
duas origens etimológicas se complementam e transforma no vocábulo para o
inglês “Lodge” com o sentido de reunião maçônica que hoje lhe é dado. Varoli
Filho deixa bem caracterizado que as Lojas ao longo de sua evolução funcionaram
em Templos provisórios, evoluindo para os Templos com as características
atuais, que são parlamentos onde funcionam as Lojas.
Para
Aslan, uma Loja é uma assembleia ou sociedade de Maçons, devidamente organizada
e cada irmão que pertence a uma estará sujeito aos seus estatutos e
regulamentos.
Boucher
apud Aslan, afirma que nas reuniões de Maçons dos vários graus são denominadas
Lojas ou Oficinas e que este último nome lhe é dado como lembrança das
primeiras reuniões de Maçons operativos.
Para
Garcia, a Loja Maçônica é a base de todas as organizações maçônicas e
simbolicamente é uma redução da humanidade e funciona em um Templo que retrata
uma redução do universo, criado pelo Grande Arquiteto do Universo, em cujas
dimensões universais o homem se fixa para dominá-lo e ampliar seus
conhecimentos, associando cada utensílio usado, aqui onde qualifica na razão e
na moral que deve ser absorvida pelo homem no seu interior, só assim é que pode
entender e se desvencilhar das coisas que o aviltam.
CONCLUSÕES
Verifica-se
no transcorrer desse documento divergências quanto à origem da palavra Loja e
também que existe confusão entre Loja e Templo.
A
Loja Maçônica, cujo significado da palavra tem a mesma origem da palavra Loja
para designar estabelecimentos comerciais, quando empregada para designar uma
instituição maçônica, está se referindo a instituição enquanto sua razão
social, constituída por membros (homens livres e de bons costumes) e que
necessita de um espaço físico para funcionar, que são os Templos. A Loja só se
materializa quando seus membros se reúnem em sessão. Ao término da assembleia a
Loja é descaracterizada e só voltará a se constituir novamente na primeira
reunião.
Nota:
Sânscrito
era o idioma falado pelos invasores indo-europeus do Punjad, por volta do
século XIV a.C.; tendo afinidade com o antigo persa, o grego e o latim, jamais
foi uma língua popular, sendo restrita aos sacerdotes e aos eruditos. Nesse
idioma é que foi escrita a literatura indiana mais remota, de inspiração
filosófica e religiosa, constituindo as “Vedas”, coleção de hinos sagrados.
Referências
ASLAN,
Nicola. Estudos maçônicos sobre simbolismo. 3 ed. Rio de Janeiro: Aurora, 1980.
CASTELLANI,
José. A origem da palavra Loja. Publicado em o Aprendiz.
GARCIA,
Clever Ronald. A Loja. Várzea Grande MT: Loja 15 de Maio nº 9, Grande Loja, MT
VAROLI FILHO, Theobaldo. Loja. A Trolha de nº40, março-abril de 1989.
Irmão
Julio Caetano Tomazoni Pato Branco-PR
Fonte:
JB News – Informativo nr. 2.102.
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