(*)
Por Gerardo Bouroncle Mc Evoy
Um
dos símbolos que enfrentamos em nossa iniciação na Maçonaria é uma figura que
para muitos passa despercebida no decorrer da cerimônia e é a de um “Galo” na
câmara de reflexão.
Nos
textos da Maçonaria não encontramos muita referência a esta figura que, sem
dúvida, no esoterismo tem um significado muito grande; é-nos dito que o Galo
nos indica “O despertar interior do homem, o triunfo da Luz sobre as trevas,
assinalando ainda a necessidade da vigilância que temos de ter sobre nossos
atos, não permitindo que nada nos afaste do caminho da Verdade, da Justiça e da
Honra”.
Os
animais na antiguidade assim como no universo sempre foram matéria de estudo
para o ser humano, muitos deles por suas características peculiares foram
associadas também a épocas do ano; as mudanças climatológicas e inclusive
associados a divindades às que lhes serviam de ajudantes, guardiões ou de
elementos de conexão com o Ser Superior. Essa mesma conexão era que nos fazia precisamente
tão peculiares de acordo a suas habilidades como o movimento, sua ferocidade, a
forma de buscar alimento ou seu estilo de vida. Em algumas religiões inclusive
alcançaram o contorno da Divindade.
No
entanto e durante a história antiga existe um animal que tem estado sempre
presente, todo o ano e todas as estações, sua importância estava associada ao
dia e a noite, este animal é o Galo; é visto desde a antiguidade no Egito e tem
sido utilizado em muitas religiões para fazer referência sempre ao Sol e a sua
aparição no dia. Dado de que a maioria das religiões está associada a deus Sol
em relação ao dia e a noite, este animal está presente, por ele, em quase
todas; da mesma maneira um detalhe muito importante e peculiar se adiciona a
isto, é a cor de sua plumagem, como o vermelho intenso de sua crista.
Na
África o galo está associado a ritos de Iniciação de vudu; o passo de uma vida
a outra ao nascer ou ao morrer para uma nova vida está representada por este
animal, a cor negra lhe dá a característica de ritos de morte e a cor vermelha
aos de iniciações.
Os
sírios, os egípcios e os gregos devido a sua plumagem avermelhada e terminando
na crista em um vermelho intenso associam ao simbolismo Solar e do fogo.
Chamavam também o nobre matutino do Sol. Somente mencionarei alguns aspectos e
não vou aprofundar na forma como o Galo tem estado presente nestas culturas
porque seria muito extenso.
O
canto do Galo em muitas crenças populares se associa a espantar aos demônios e
espíritos malignos que rondam pela noite. Na Idade Média a figura do Galo
colocava-se nas igrejas como símbolo de vigilância.
A
imagem do Galo tem sido utilizada desde então nos cataventos para simbolizar a
luz Solar ou Crística a qual é capaz de dissipar e vencer as trevas do mal com
o vento a favor ou com o vento contra.
Para
os primeiros cristãos representava o amanhecer de uma nova era e a ressurreição
de Cristo no dia do Juízo final; já em passagens bíblicas do novo testamento se
o menciona em algumas oportunidades, mas cobra um significado quando é
mencionado no Evangelho que Pedro Simão terá três negações antes que o Galo
cante. Os antigos cristãos usaram esta metáfora de uma maneira distinta ao que
o Conselho de Niceia estabeleceu. O verdadeiro significado foi muito similar à
Lenda de Hiram que negou três vezes a dar a palavra sagrada. Pedro Simão devia
guardar o segredo daquela sociedade e seus conhecimentos concedidos pelo Cristo
antes de sua morte.
O
cristianismo moderno alude a que Pedro negaria três vezes ao Cristo antes que
cante o Galo pela segunda vez; contudo em alguns textos antigos se mencione que
Pedro se negaria a revelar os segredos de sua Ordem Iniciática e somente
revelá-los à nova luz; aqui o galo representa precisamente essa nova luz, o
novo amanhecer ou o verdadeiro despertar. O canto do galo era precisamente
isso, despertar-nos dessa noite escura e de ignorância para abrir os olhos à
luz da sabedoria. Assim mesmo, o galo nos recorda que ainda dormidos devemos
estar Vigilantes e alertas, ainda em sonhos não podemos desconectar da
realidade, devemos buscar o equilíbrio perfeito entre o consciente e o
inconsciente, entre o real e o fictício; mas, sobretudo estar alerta a esse
canto do galo já que não ouvi-lo seguiríamos no sono profundo e eterno da
ignorância.
É
por ele que aqueles primeiros cristãos tinham exercícios de escuridão entrando
nas catacumbas para conectar-se interiormente e na escuridão estar com seu ser
mais interior; referem-se alguns textos que podiam ver luz ainda na escuridão e
somente o canto do galo que podia tirar daquele transe e fazê-los voltar à luz
do dia no exterior.
Estes
primeiros cristãos por ele utilizavam iconograficamente em seus rituais e o
chamava “a hora do cantar do Galo” ao amanhecer onde se devia agradecer a Deus
pela Luz Divina e na hora do escurecer, ao entardecer, representado por uma
lâmpada onde se realizavam rituais orientados ao descanso, mas não ao sono, que
sumiria novamente na ignorância.
Sempre
ligada às religiões e figuras como Apolo, o deus IAO, etc.; o Galo teve muitas
variações enquanto a seu significado e a sua associação com a Vigilância e a
atenção.
No
renascimento escudou a vida pelos cataventos nas igrejas e em algumas pinturas;
no entanto, seguia sendo, utilizando como símbolo esotérico graças à herança
dos rituais templários, os quais faziam alusão à Negação de Cristo em três
ocasiões por parte de Pedro como os primeiros cristãos.
Representava
as três purificações que deve enfrentar o homem antes de alcançar a sabedoria
ou a ressurreição de seu Cristo interno. Esse passo do Enxofre ao Mercúrio
através do fogo, fazia que o Galo representasse o Mercúrio da filosofia
secreta, em poucas palavras, o galo é o êxito do Mercúrio.
O
nome I.A.O., era representativo de Ignis (fogo); Aqua (líquido ou mercúrio) e
Origo (a verdadeira origem); este último era o mediador da filosofia secreta
entre o enxofre e o mercúrio; entretanto e com a desaparição de muitos escritos
templários passou simplesmente o Galo a formar parte da nova corrente cristã
como um símbolo mais e com pouca relevância; somente permaneceram vigentes em
algumas sociedades secretas herdeiras de ritos judeu-cristãs e com tradição dos
antigos Egípcios.
O
galo cobra novamente relevância na França convulsionada em 1879; graças à
Revolução Francesa e as Lojas de então, adotaram este animal como símbolo e
emblema nacional na França, berço da Franco maçonaria moderna, mas também a
algumas características que deviam lhes recordar na direção dos franceses do
porque da verdadeira Revolução; o galo lhes deveria recordar que:
1. Sempre estar de Pé e erguido, símbolo de
Orgulho;
2. Sempre estar atento, símbolo de
Vigilância;
3. Lutar até morrer, símbolo de Nunca se
deixar Vencer.
O
Galo na Maçonaria é, pois uma mistura de muitas tradições, mas, sobretudo de
muito significado interno e pessoal; representa-nos a verdadeira busca do
trabalho interno, a luta constante da parte escura de nosso ser, o buscar em
nosso interior e entre as trevas algo de claridade, o estar alerta e vigilante
para uma vez descobertas as trevas poder dissipá-las com a chama do trabalho
dado pela luz externa; mas, às vezes é o despertar de cada dia daquela
ignorância em que poderíamos cair, se nos deixamos rodear pelos profanos do
mundo que nos poderia fechar os olhos ou deslumbrar com uma falsa luz. O galo
não só deve estar presente em nossa Iniciação como também estar presente sempre
ao longo de nosso despertar diário tanto físico como espiritual.
(*) Autor M...M... Gerardo
Bouroncle Mc Evoy
R...L...S... Progreso Universal
N° 16
Vall:.
Del Callao, Or:. Del Perú.
Fonte: Diario del Masón.
Tradução livre feita
(espanhol/português)
por: Juarez de Oliveira Castro.
Publicado em : www.alferes20.net
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