Os
12 Trabalhos de Hércules x O Caminho da Iniciação
Ao
estudarmos as narrativas de Hércules e seus Doze Trabalhos, inclusive
correlacionando-os com a passagem através dos Doze Signos do Zodíaco, podemos
abordar a questão do ponto de vista do aspirante espiritual ou iniciado,
individualmente, ou do plano da humanidade como um todo.
As
provas a que Hércules se submeteu podem ser enfrentadas por milhares de
indivíduos que trilham o caminho do desenvolvimento espiritual consciente e da
iniciação.
Cada
um de nós é um Hércules em embrião; os trabalhos, que ontem foram de Hércules,
são de toda a humanidade, ou pelo menos de todos aqueles que mantêm as rédeas
de sua evolução em mãos, tendo em vista a iluminação espiritual.
Os
trabalhos de Hércules demonstram o caminho que aguarda o aspirante espiritual
sincero, aquele estágio do buscador espiritual inteligente, onde, tendo
desenvolvido a mente e coordenado suas habilidades mentais, emocionais e
físicas, esgotou os interesses no mundo fenomênico e procura expandir sua
consciência. Esse estágio sempre foi expresso pelos indivíduos mais evoluídos
de todos os tempos.
Enquanto
escalamos a montanha da verdadeira Iniciação, vamos eliminando todo medo e
aprendendo a controlar as forças inerentes à natureza humana, até que possamos
nos tornar um servidor da humanidade, eliminando a competição e os objetivos
egoístas.
Ao
se aprofundar nos Doze Trabalhos de Hércules, torna-se claro qual deve ser a
conduta de cada aspirante e iniciado no Caminho do Discipulado e da Iniciação
Real. Um grande desafio é trazer, para nosso dia a dia hoje, novas maneiras de
expressar e vivenciar as velhas verdades contidas nestes mitos, de forma a
ajudar as velhas fórmulas para o desenvolvimento espiritual a adquirirem nova e
pulsante vida para nós.
Este
é o desafio de sempre atualizar a luta humana para se superar a natureza
animal, fazer desabrochar a natureza humana e revelar a natureza divina oculta
em cada um de nós, o que está tão bem configurado nos Trabalhos de Héracles.
Os
Doze Trabalhos de Hércules oferecem um quadro sintético do progresso da alma,
indo da ignorância à sabedoria, do desejo material à conquista espiritual, de
tal modo que o fim possa ser visualizado a partir do início, e a cooperação
inteligente com o propósito da alma substitua o esforço feito às cegas.
Verifica-se
que a história das dramáticas experiências desse grande e venerável Filho de
Deus, Hércules ou Héracles, serviria justamente para focalizar qualquer uma das
faces da vida o aspirante espiritual em seu esforço para expansão da
consciência e realização espiritual.
Este
tema é tão rico e profundo, que todos nós, lutando em nossa atual vida moderna,
podemos aplicar a nós mesmos os testes e provas, os fracassos e as conquistas
desta figura heróica que lutou valorosamente para atingir a mesma meta que nós
almejamos.
Através
da cuidadosa e reflexiva leitura deste mito, talvez possam ser despertados na
mente do buscador espiritual um novo interesse e um impulso renovado, pois
diante de um tal quadro do desenvolvimento e do destino especial do homem, ele
pode querer prosseguir com redobrada coragem e determinação na Senda.
Em
sua narrativa mítica, podemos acompanhar como Hércules se esforçou e
desempenhou o papel de buscador espiritual. Neste Caminho, ele desembaraçou-se
de certas tarefas, de natureza simbólica, e viveu certos episódios e
acontecimentos que retratam, em qualquer época, a natureza do treinamento e das
realizações que caracterizam o homem que se aproxima da libertação pela senda
iniciática.
Ele
representa um filho de Deus encarnado, mas ainda imperfeito, que
definitivamente toma em suas mãos a natureza inferior e, voluntariamente,
submete-a a disciplina que finalmente fará emergir o divino. É a partir do ser
humano falível, mas que é sinceramente dedicado, inteligentemente consciente do
trabalho a ser realizado, que se forma um iniciado ou um Adepto.
Duas
grandes e dramáticas histórias têm sido conservadas diante dos olhos dos homens
ao longo do tempo. Nos Doze Trabalhos de Hércules, o Caminho da Iniciação é
retratado e suas experiências, preparatórias e que conduzem ao grande ciclo de
iniciações, podem ser reconhecidas pelo homem que sinceramente aspira a este
Caminho. Na vida e obra de Jesus Cristo, radiante e perfeito Filho de Deus, o
Reparador, que penetrou o véu por nós, deixando-nos o exemplo para que
seguíssemos seus passos, temos retratadas as etapas do Caminho Iniciático de
Libertação ou Regeneração e Reintegração, que são os episódios culminantes para
os quais os Doze Trabalhos preparam o discípulo.
O
oráculo falou e suas palavras ressoam através das eras:
“Homem,
conhece-te a ti mesmo.”
Este
conhecimento é a mais importante realização no caminho do discipulado e a
recompensa de todo o trabalho de Hércules. Sem este conhecimento, não se pode
avançar seguramente na senda da Iniciação. Somente assim, o homem pode-se
encaminhar firmemente para tornar-se definitivamente auto-consciente e
intencionalmente se impõe a vontade da alma – que é essencialmente a vontade de
Deus – sobre sua natureza inferior.
Neste
caminho, o indivíduo submete-se a um trabalho sobre si mesmo que demanda
esforço e dedicação, pureza de coração e caridade, para que a flor da alma
possa desabrochar mais rapidamente.
Simbolicamente,
é uma obra onde um solvente psíquico (psique = alma) consome toda escória e
deixa apenas o ouro puro. É um processo de refinamento, sublimação e de
transmutação, continuamente levado adiante até finalmente se alcançar o Monte
da Transfiguração e da Iluminação.
Em
suma, trata-se de alquimia superior. Os Doze Trabalhos demonstram exatamente
este caminho acima, onde os mistérios ocultos e as forças latentes nos seres
humanos são descobertos e têm de ser utilizados de maneira divina e de acordo
com o divino propósito sabiamente entendido.
Quando são utilizados desta maneira, o iniciado vê-se em sintonia com
energias e poderes divinos similares, que sustentam as operações do mundo
natural.
Torna-se,
assim, um trabalhador sob o plano de evolução e um cooperador com aquela “nuvem
de testemunhas”, a Igreja Invisível do Cristo, que através do poder de sua
supervisão, e do resultado de sua realização, engloba hierarquias espirituais
por meio das quais a Vida Una guia a humanidade para sua gloriosa consumação.
Essa
é a meta da série de trabalhos de Hércules, e com essa meta, a humanidade como
um todo alcançará sua conquista espiritual grupal através das múltiplas
perfeições individuais. Outra grande e sábia maneira de se enxergar este mito é
apresentá-lo como um aspecto especial da Astrologia.
Acompanhamos
a história de Hércules à proporção que ele percorre os doze signos do Zodíaco.
Ele expressou, uma a uma, as características de cada signo, e em cada um, ele
conquistou um novo conhecimento de si mesmo, e através desse conhecimento,
demonstrou o poder do signo e adquiriu os dons que o signo confere.
Em
cada signo, vamos encontrá-lo superando suas próprias tendências naturais,
controlando e governando seu próprio destino, e demonstrando o fato de que
astros predispõem, mas não controlam. Esta visão astrológica do mito é uma
apresentação sintética dos acontecimentos cósmicos que se refletem em nossa
vida planetária, na vida da humanidade como um todo, e na vida do indivíduo, o
qual é sempre o microcosmo do macrocosmo.
Este
estudo fornece indicações claras para a compreensão dos propósitos de Deus para
a evolução do mundo e do homem. Somente a consciência de que somos partes
integrantes de um Todo maior e o conhecimento da divina totalidade, pode
revelar o propósito mais vasto.
Hércules
representou astrologicamente a história de vida de cada aspirante espiritual e
iniciado, e demonstrou o papel que a unidade deve desempenhar na Obra eterna. A
analogia astrológica dos Doze Trabalhos de Hércules diz respeito aos doze tipos
de energias por meio dos quais a consciência da Realidade divina é obtida.
Através
da superação da forma e da subjugação do homem inferior, é-nos mostrado um
quadro do desenrolar da auto-realização divina. Hércules, em seu corpo físico,
embaraçado e limitado pelas tendências a ele conferidas pelo signo no qual ele
cumpria sua tarefa, alcançou a compreensão da sua própria divindade essencial.
As
provas a que Hércules voluntariamente se submeteu, e os trabalhos a que, às
vezes impensadamente, atirou-se, são aqueles possíveis para muitos de nós ainda
hoje. É evidente que, curiosamente, vários detalhes da sua dramática, e às
vezes divertida, história dos seus esforços de ascensão podem ser aplicáveis em
nossas vidas modernas.
Cada
um de nós é mesmo um Hércules em embrião, deparando-nos com idênticos
trabalhos; cada um de nós tem a mesma meta a conquistar e o mesmo círculo do
Zodíaco a abranger. Hércules aprende a lição de que agarrar-se a qualquer coisa
do eu separado não faz parte da missão de um filho de Deus.
Ele
descobre que é um indivíduo, apenas para descobrir que o individualismo deve
ser sabiamente sacrificado pelo bem do grupo. Ele descobre também que a ambição
egoísta não tem lugar na vida do aspirante espiritual que está em busca de
libertação dos ciclos recorrentes de existência e da constante crucificação na
cruz da matéria.
As
características do homem imerso na vida da forma e sob o domínio da matéria são
o medo, o individualismo, a competição e a cobiça. Estes têm de ceder lugar à
confiança espiritual, à cooperação, à consciência grupal e ao altruísmo.
Esta
é a lição que Hércules traz; esta é a demonstração da vida de Deus que está sendo
trazida à operação no processo criativo, e que floresce, de maneira sempre mais
bela, a cada volta que a vida de Deus faz em torno do Zodíaco.
Esta
é a história do Cristo cósmico, crucificado na Cruz Fixa dos céus; esta é a
história do Cristo histórico, apresentada nos Evangelhos e representada, na
Palestina, há dois mil anos; esta é a história do Cristo individual,
crucificado na cruz da matéria e encarnado em cada ser humano.
Este
é a história de nosso sistema solar, a história de nosso planeta, a história do
ser humano. Assim, ao admirarmos os estrelados céus acima de nós, temos
eternamente representado para nós este drama magnífico, o qual é detalhadamente
explicado ao homem pelos Doze Trabalhos de Hércules.
Fonte:
http://www.antroposofy.com.br
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