Jacques de Molay foi um sacerdote-militar, do século 13, que ocupou o lugar de último grão-mestre dos Templários. Conheça aqui a sua vida.
Jacques
de Molay nasceu em 1244 em Molay Haute-Saône, na França. A sua vida foi marcada
por lutas, traições e mistérios.
Há
702 anos, o homem fez parte de uma das ordens mais controversas da história da
cristandade: os Cavaleiros Templários, que estiveram rodeados por conspirações
e planos para os derrubar, com Jacques a ser uma de principais vítimas.
O FIM DO MUNDO
MEDIEVAL
A
queda do Acre (Israel), em 1291, foi uma das batalhas que definiram o fim da
era medieval. Nela, assim que os mamelucos destruíram os portões da cidade, os
195 anos de cruzadas do cristianismo também chegaram ao fim.
Quando
as forças do sultão al-Ashraf Khalil sitiaram o local, a maioria dos nobres
fugiu pelo mar, deixando apenas os templários e os civis para trás. O
grão-mestre dos templários foi morto em combate, obrigando Peter de Savery, um
sênior da ordem, a se render ao sultão.
Uma
das condições era que os civis ganhassem passe livre para Cipre. Khalil
concordou, mas, assim que os portões da cidade foram abertos, ela foi saqueada
enquanto as mulheres e crianças acabaram sendo dizimadas.
Percebendo
a situação, os templários fecharam a passagem e levaram os cidadãos restantes
para os poucos barcos que sobraram depois do ataque. Após a partida, eles
voltaram para enfrentar o inimigo.
Se
fazendo de arrependido, o sultão convocou de Severy para se desculpar, mas em
vez disso o aprisionou. Os templários tentaram resistir, mas foram derrotados.
A cidade caiu, e a Terra Sagrada só aceitou as regras cristãs em 1917, quando a
Grã-Bretanha e os impérios aliados conquistaram o local.
Não
houve muitos sobreviventes após o ataque da cidade-fortaleza do Acre, porém
Jacques de Molay estava entre eles. Depois de algum tempo, ele foi nomeado
grão-mestre da Ordem. Para os cristãos latinos, os templários eram grandes
heróis, mas a história mudou quando eles retornaram para a Europa.
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A CAÇA AOS
TEMPLÁRIOS
Ao
voltar para o Velho Mundo, Jacques encontrou o lugar transformado. O continente
havia seguido em frente e as batalhas pelas quais seus amigos haviam morrido
não faziam mais sentido. Além disso, os poderosos não se importavam com a causa
dos templários, muito menos com os soldados.
Em
12 de outubro de 1307, em Paris, de Molay recebeu a honra de carregar o manto
no funeral da imperatriz da Constantinopla, cunhada do rei Filipe IV de França.
Mas, na noite seguinte – uma sexta-feira 13 –, o próprio monarca mandou
capturar todos os templários do país, sendo que apenas alguns poucos escaparam.
Algumas
pessoas acreditam que esse é o principal motivo para que a sexta-feira 13 seja
sinônimo de azar. Filipe acusou os cavaleiros de ofensas perversas, visando
assim denegrir a ordem perante o público. Entre os perjúrios, estavam cuspir no
crucifixo, negar Cristo, idolatrar falsos deuses, blasfêmia e obscenidades.
Óbvio
que Filipe havia inventado grande parte das acusações. Além disso, ele
incentivou a população ao ataque e conseguiu chamar a atenção da igreja. Quando
o papa Clemente V soube das prisões, ficou furioso, mas não pôde fazer nada.
Portanto, em vez de enfrentar o rei, ele optou por manter o orgulho e tomar
conta da situação com as próprias mãos.
TORTURA E CATIVEIRO
Durante
um mês, os templários foram torturados impiedosamente. Muitos deles (incluindo
de Molay) acabaram confessando as acusações feitas pela coroa. Levado pelo
poder, Filipe escreveu para os outros monarcas da Europa e os incentivou a
fazer o mesmo que ele.
Entretanto,
o rei Edward II da Inglaterra não ficou nada feliz com a proposta, pois gostava
de Jacques e reconhecia que os templários haviam prestado um bom serviço para o
seu país. Portanto, ele atacou da mesma maneira: escreveu para que eles
ignorassem o pedido de Filipe.
Enquanto
isso, em sua tentativa de controlar a situação, Clemente criou a bula papal
Pastoralis praeeminentiae. Ela exigia que todos os reis da Europa prendessem os
cavaleiros em nome do papa.
No
início, Edward tentou resistir, mas acabou cedendo à igreja. Porém, antes de
cumprir a ordem, ele deu um aviso prévio de duas semanas aos templários.
Todavia, os presos na Inglaterra foram alocados em celas mais confortáveis do
que as francesas.
Na
época, Clemente enviou dois cardeais para interrogarem de Molay e outro tenente
importante. As acusações de Filipe terminaram sendo refutadas, os templários
inocentados e as prisões interrompidas. Contrariado, o rei ameaçou o papa,
reabriu os inquéritos e anunciou que o último julgamento seria feito em Vienne,
em outubro de 1310.
OS TEMPLÁRIOS
REAGEM
Depois
de uma série de tramoias, o rei da França conseguiu subjugar a igreja, fazendo
com que a corte papal mudasse para Avinhão. Na Inglaterra, Edward ainda não
levava as acusações a sério e conseguiu evitar que os templários fossem
torturados pelas forças francesas.
Na
França, Clemente ainda queria questionar Molay, mas o grão-mestre estava muito
fraco e não suportaria a viagem até a cidade. Logo, o papa mandou cardeais em
seu nome, produzindo assim o Pergaminho de Chinon – um documento histórico
descoberto entre os arquivos secretos do Vaticano em 2001.
Nele,
os templários admitiram parte da culpa e confessaram um estranho ritual em que
os novos membros da ordem deviam cuspir em uma cruz. Não é possível saber o
quanto desse escrito é real ou forjado, porém é obvio que não foi visto com
bons olhos pela igreja.
No
ano seguinte, o grão-mestre negou todas as acusações, porém um dos membros da
Ordem disse ter visto o ídolo Baphomet – uma divindade supostamente ligada aos
templários na cidade de Montpellier. Até o fim de 1309, os templários
revidaram, retiraram o que haviam sido obrigados a confessar e reagiram aos
ataques, o que adiou o julgamento do caso.
O PLANO DO REI
Em
Paris, Filipe viu que a situação estava saindo de seu controle, logo, precisava
fazer algo decisivo. Pensando nisso, ele convocou os bispos e os obrigou a
reexaminar os templários. Depois que 54 deles persistiram na inocência, os
cardeais os acusaram de serem hereges.
O
plano de difamação do rei deu certo, conseguindo assim queimar todos eles vivos
no dia 12 de maio de 1310. Em outubro de 1311, o conselho de Vienne realizou o
julgamento final dos templários. Todos os que confessaram algo foram aqueles
que estavam presos e sofreram torturas nas masmorras de Filipe.
Dessa
maneira, ele exigiu que Clemente desfizesse o grupo, mesmo com os protestos de
que os cavaleiros não receberam chances de se defender. Por fim, em março de
1312, o papa cedeu às vontades da coroa e proclamou a bula Vox in excelso, que
dissolvia a ordem dos templários, removia o apoio da igreja e revogava os
mandatos cedidos aos cavaleiros.
O FIM DOS
TEMPLÁRIOS
Após
o abandono da igreja, os templários que confessaram se viram presos; já os que
não disseram nada acabaram sendo enviados para outras ordens. Em 18 de março de
1312, para bater o martelo sobre o caso, os quatro maiores representantes do
movimento foram levados para Paris.
Em
um tribunal montado em frente à Catedral de Notre-Dame, eles terminaram
condenados à prisão perpétua. Hugues de Pairaud e Geoffroy de Gonneville
aceitaram a sentença em silêncio.
Porém,
Jacques de Molay e Geoffroy de Charney enfrentaram a multidão e insistiram na
inocência perante os cardeais. O rei não ficou nada satisfeito com a afronta e
ordenou que os dois cavaleiros fossem queimados sem demora.
A MALDIÇÃO DE
JACQUES DE MOLAY
Sem
alternativas, Molay e Charney se viram presos e foram queimados vivos. Dizem
que em suas últimas palavras Jaques lançou uma terrível maldição em seus
algozes, convocando Filipe e Clement para encontrá-lo dentro de um ano e um dia
perante Deus, para serem julgados por seus crimes.
Não
demorou muito tempo para que os dois últimos maiores templários fossem vistos
como mártires. Além disso, seja a lenda verdadeira ou não, no exato período
descrito por Molay ambos os responsáveis pelo fim dos templários estavam
mortos.
Mesmo
que Filipe tenha brigado durante sete anos para provar seu poderio e mostrar
que conseguia acabar com uma das organizações mais poderosas da igreja, ele não
viveu muito tempo para aproveitar a vitória.
A MORTE DE FILIPE
A
morte de Molay não foi apenas a mera execução de um soldado de 72 anos. Na
verdade, foi o resultado de um ato cínico, politicamente orquestrado por um rei
impiedoso e um papa omisso. Se o templário entendesse um pouco mais sobre o
sistema de governo e os jogos de poder, talvez ele pudesse salvar sua ordem.
No
entanto, ele era apenas um monge e um soldado que confiava nas autoridades e na
cadeia de comando cegamente – acreditando até o fim que o papa e a igreja
viriam em seu auxílio. Assim como a maioria dos soldados, ele confiou que, ao
voltar para casa, seus chefes o reconheceriam e respeitariam suas contribuições
para a sociedade.
Fonte: Megacurioso.
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