Pelo
Ven.'..Ir.'. Ethiel Omar Cartes González (*)
O TERCEIRO LANDMARK
“A
lenda do terceiro grau é um Landmark importante, cuja integridade tem sido
respeitada. Nenhum rito existe na maçonaria, em qualquer país ou em qualquer
idioma, em que não sejam expostos os elementos essenciais dessa lenda. As
fórmulas escritas podem variar e, na verdade, variam; porém, a lenda do
construtor do Templo constitui a essência e a identidade da Maç .’.. Qualquer
rito que a excluísse ou a alterasse materialmente, cessaria, por isso, de ser
um rito maçônico.”
Até
aqui o terceiro Landmark da lista colecionada pelo Ir.’. Alberto Gallatin
Mackey.
Todos
nos conhecemos a Lenda, sua dramaticidade e seu simbolismo, e sempre ficamos
emocionados cada vez que assistimos a uma nova representação dela. Mas cabe a
nos, eternos estudiosos que somos da simbologia maçônica procurar as origens da
Lenda, quem foi seu personagem principal e ir atrás daqueles detalhes ocultos
que podem enriquecer o que até agora conhecemos da Lenda.
ANTECEDENTES
HISTÓRICOS
Elias
Ashmole, sábio e antiquário inglês (1617–1692), iniciado em 1646, teria sido o
criador dos rituais dos três graus da maçonaria simbólica e, inclusive, do
Royal Arch, autoria hoje contestada por autores modernos mas a época em que
eles foram criados permanece a mesma e que é uma época interessante pelos fatos
históricos que aconteceram e que muito tem a ver com o desenvolvimento da
maçonaria moderna. Carlos I, príncipe da dinastia escocesa dos Stuart, foi
decapitado em 1649, com o triunfo da revolução de Oliverio Cromwell que instala
sua república puritana. Elias Ashmole, que era do partido dos Stuart, haveria
decidido modificar o Ritual de Mest.’.fazendo uma alegoria do trágico fim de
Carlos I e para que fora usado tanto os conhecimentos míticos como o espírito
místico; Hiram ressuscita de entre os mortos assim como Carlos I será vingado
pelos seus filhos.
Outros
investigadores relacionam a Lenda de Hiram com a morte de Jacobo de Molay,
partindo da tese que a maçonaria deriva da Ordem dos Templários.
O
anterior são unicamente especulações, desenvolvidas por quem procura descobrir
a origem da Lenda e, de fato, nem seus autores são conhecidos, tendo aparecidos
em escritos diversos mencionados por quem ouviu falar. A Lenda não tem mais de 300
anos, dentro da ritualística maçônica e nenhum dos antigos manuscritos
maçônicos menciona a Lenda de Hiram, nem mesmo a Constituição de Anderson de
1723 e nem os Regulamentos Gerais compilados por George Payne em 1720.
Sabemos
que uma lenda é uma narração transmitida pela tradição, de eventos considerados
históricos, mas cuja autenticidade não se pode provar. Sendo assim, não
poderíamos falar que o fato realmente não existiu, somente que não temos provas
sobre ela.
E
se a Lenda de Hiram é tão importante porque ela não é mencionada desde o Pr.’.
Gr’.? Respondemos falando que ela é revelada somente aos MMestr’., porque sem
ter os conhecimentos completos do primeiro e segundo grau, não pode ser compreendido
ainda o mistério da vida, da morte e da ressurreição. O novo Mestr’., irá a
estudar que a morte vence porque, por deficiência nossa, nos não temos estudado
o secreto da vida que é a verdade; com um estudo mais profundo veremos que a
morte é negação, a vida é afirmação; a morte é como o erro; o erro existe
porque existe a ignorância; procuremos o secreto da vida que vence a morte.
ANTECEDENTES
BÍBLICOS
A
morte de Hiram nas mãos dos três maus companheiros também não é mencionada na
Bíblia pese a que são dedicados muitos capítulos à construção do Templo de
Salomão com dados detalhados da quantidade de obreiros, financiamento, custos, arquitetura,
etc. É mencionado Hiram Abif como Hirão de Tiro, (Reis 7, 13) ou Hurão Abiú
sendo Hurão, meu pai, (Crônicas 2,13) filho de uma mulher viúva, filha de Dã e
que, junto com ser um homem sábio de grande entendimento, sabia lavrar todos os
materiais. Mas a Bíblia não credita a Hiram Abif o cargo de diretor dos
trabalhos de construção do Templo e sim como um artífice encarregado de criar
as obras de arte que iriam a causar admiração aos visitantes.
Todos
sabemos que os livros da Bíblia não são exatos historicamente falando. Temos o
exemplo das medidas do Mar de Bronze que, conforme cálculos da engenharia
moderna, é de 75.000 lts. Conforme Reis era de 53.000 lts, conforme Crônicas
era de 79.000 lts e, ainda, conforme uma Bíblia inglesa em Reis dá a medida de
9.273 lts. Na própria construção do Templo a quantidade de obreiros empregados
era, em Reis de 30.000 que o rei Hiram de Tiro enviava em levas de 10.000 cada
mês, e havia mais 150.000 entre carregadores e cabouqueiros, sendo eles 70.000
aprendizes e 80.000 companheiros, todos eles dirigidos por 3.300 mestres.
Considerando que as dimensões do Templo (o interior de edifício era de 60
cúbitos de comprimento e 20 de largura, equivalentes a 30 x 10 mts) para a
época eram grandes, mas hoje em dia não seria maior que qualquer igreja modesta,
por tanto, aparece um exagero a quantidade de obreiros mencionado na Bíblia. O
filósofo holandês Spinoza, século XVII, no seu Tratado Teológico Político
menciona que os livros da Bíblia não são muito autênticos, especialmente pelo
fato de ter sido escrito muitos séculos depois que os fatos neles relatados
teriam acontecido, e os tradutores não sempre ter entendido a mensagem que a
Bíblia encerra.
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O MARTÍRIO DE HIRAM
E DE OUTROS GRANDES INICIADOS E PERSONAGENS MITOLÓGICOS.
Noah. Conforme a tradição judaica, os
três filhos de Noah tentaram ressuscitar seu pai da mesma forma e com os mesmos
resultados iniciais de nosso ritual de terceiro grau e, somente com os 5 pontos
de perfeição conseguiram seu objetivo. Outro detalhe relacionado com a tradição
judaica e da qual, aliás, nosso ritual tem usado tantos ensinamentos, seria que
o significado de dois nomes dos maus companheiros, estaria relacionado com o
Bem e o Mal, na sua onomatopéia, similar para Jah ou Jehovah e Bel ou Baal, que
para os israelitas significavam respectivamente o Bem e o Mal.
Osíris. Osíris é assassinado pelo seu
irmão Set por inveja e recupera a vida quando seu filho Horus, usa fórmulas
mágicas. Horus era filho da viúva Isis e coincide com a origem da denominação “Filhos da Viúva” com que os maçons somos
conhecidos. Lembremos que Hiram também era filho de uma viúva.
Tammuz. Deus fenício amado por Astarté,
chamado Adonis pelos gregos onde é amado por Afrodita, esposo de Istar
babilônica, morre em Primavera e desce aos infernos onde sua viúva Istar vai
procurar a fonte de água que lê devolverá a vida. O Irmão J. S. Ward, autor
maçônico inglês, falecido em 1955, escreveu “Who was Hiram Abiff” onde ele pensa que a Lenda de Hiram Abiff é
uma adaptação do mito de Tammuz e acrescenta que Hiram Abiff pertencia a uma
ordem de sacerdotes que ordenaram seu sacrifício para dar boa ao Templo.
Sócrates. Existe um paralelo entre as
características de Sócrates e de Hiram Abiff, tanto na suas qualidades morais
como na suas inteligências e dotes de líderes. Os acusadores de Sócrates foram
três e os três de escassa significação na sociedade ateniense, sem comparação
coma importância de Sócrates. Hiram e Sócrates puderam livrar-se da morte mas
isso seria uma traição aos seus ideais. Sócrates vive eternamente na sua
sabedoria que deixou como legado para a humanidade e Hiram vive eternamente na
acácia maçônica. Ambos simbolizam o triunfo do valor moral sobre a covardia, do
espírito sobre a matéria, do bem sobre o mal, do certo sobre o errado.
A LENDA E O ZODIACO
As
obras do Templo estavam já por terminar-se indicando que o Sol já teria
percorrido as três quartas partes do seu curso anual; os três maus companheiros
situam-se nas portas do Médio dia, Ocidente e Oriente, ou seja, os pontos do
céu por onde sai o Sol, onde alcança sua maior força e onde se põe, ao morrer o
dia. O primeiro golpe é dado com a régua de 24 polegadas que representa a
revolução diária do Sol. O segundo golpe é dado com um esquadro; dividindo o
círculo zodiacal em quatro partes temos quatro esquadros de 90 graus sendo que
cada um deles representa uma estação do ano. O terceiro golpe é dado com o maço
que tem uma forma cilíndrica o que acaba representando uma revolução anual.
Três
CComp.’.matam o Mestre Hiram e nove Mestres procuram seu corpo. São os doze
meses do ano zodiacal sendo que os Companheiros simbolizam os meses do Outono
que antecedem o Inverno, quando a natureza morre. Os três CComp.’.são Libra (23/set
à 22/out), Escorpião (23/out à 21/nov) e Sagitário (22/nov à 21/dez) quando
começa o Inverno (sempre estamos falando do Hemisfério Norte, onde foi criada a
simbologia maçônica) e quando nosso querido Mestre recebe o terceiro golpe que acaba
com sua vida. Em Capricórnio (22/dez àq 20/jan) a substância terrestre está
inerte mas é fecundante; é descoberto o corpo do Mestre. Em Aquário (21/jan à
19/fev) os elementos construtivos são reconstituídos na terra e se preparam
para uma vida nova.
Hiram
Abiff vive para sempre.
(*) Irmão Ethiel Omar Cartes
González
Loja Guatimozín 66
Grande Loja Maçônica do Estado de
São Paulo (Brasil)
Bibliografia:
Siete
y más ..... Juan Agustín González M. (edição 1955)
La
Leyenda de Irma Abiff - Eduardo Phillips Müller (edição 1975)
Considerações
sobre o Gr.’.de M.’.
Peter
Angermeyer (A Trolha Junho1980)
A
simbólica maçônica Jules Boucher (edição 1996)
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