Se
a história grega, mitologia e filosofia formam boa parte da base da Maçonaria
moderna, é possível que a Sabedoria, a Força e a Beleza tenham alusão simbólica
as três principais cidades gregas do mundo antigo, a saber: Atenas (Sabedoria),
Sparta (Força ) e Corinto (Beleza).
Em
um dos seus escritos, o Timeu, Platão descreve a criação do mundo por um Ser
Supremo que ele chamou de techton do cosmos (Artesão do Universo). Este artesão
criou o universo dos cinco sólidos geométricos. Platão, (bem como os cinco
sólidos geométricos) é mencionado, por Palestra simbólica, no Ritual do Santo
Arco Real de Jerusalém. Nos Altos Graus do REAA este filósofo também é
estudado. Muitas de suas obras servem de base para escritos maçônicos,
aparecendo de forma importante “A República”.
A
República foi um livro escrito por Platão em 375 a.C., há mais de 2300 anos.
Platão foi a primeira pessoa na sociedade ocidental a elaborar de um projeto
para um currículo de educação para um homem ou uma mulher, cujo produto final
seria o de se tornar um líder, um livre pensador, na sociedade grega de seu
tempo. Ele referiu-se a pós-graduação de seu sistema de educação pelo título
muito distinto de rei-filósofo. Sua pós-graduação concederia esta distinção por
estágios progressivos através da própria abordagem revolucionária de Platão à
educação.
Platão
propôs que a educação formal deveria ter dois objetivos importantes da natureza
humana a fim de que um indivíduo possa alcançar a excelência. O primeiro
aspecto foi que a maioria dos sistemas de ensino são concebidos (até agora)
para alcançar o desenvolvimento do intelecto de uma pessoa. O segundo aspecto
do seu sistema de ensino era muito mais revolucionário. Ele lidou com o
desenvolvimento do caráter de uma pessoa. Seu governante ideal deveria
demonstrar excelência em seu pensamento e ações e tomada de decisão por
alcançar um equilíbrio entre o seu intelecto (que podemos chamar de pensamento)
e o seu personagem demonstrado pelo seu comportamento correto).
Muitas
são as coincidências de A República com o ritual maçônico de Emulação, usado no
Reino Unido, incluindo o sul da Austrália. Nota-se que a República de Platão
foi a principal influência no desenvolvimento deste Ritual da moderna
maçonaria, conforme diz o irmão Stephen Michalak, da Grande Loja do Sul da
Austrália e Território do Norte.
Lendo
os diálogos que Platão escreveu nota-se, com clareza, que o ritual foi criado
baseado em princípios muito específicos de filosofia platônica. Primeiramente
se deve compreender a vida e a época em que viveu Platão e, depois, entender o
que estava acontecendo na Escócia e na Inglaterra nos anos que antecederam a
1717, quando a Maçonaria foi revitalizada sob a égide da Grande Loja da
Inglaterra até o ano de 1823 e além. A Europa, a partir de meados da década de
1700 (em especial a Inglaterra e Alemanha), vivia uma febre cultural que agora
é reconhecida pelo termo filo-helenismo (“amor de todas as coisas gregas”).
Em
1816, um ritual maçônico conhecido pelo nome de emulação foi aprovado para uso,
após décadas de controvérsia a respeito do ritual Maçônico correto e adequado
que deveria ser utilizado. E, de fato foi adotado nos países de língua inglesa
e do Reino Unido em especial. O ponto crucial é que os autores do ritual de
emulação (escrito no início do século 19), decidiram, por razões próprias, adotar o conceito de um rei-filósofo de
Platão no corpo deste Ritual.
Assim
surgiu um modelo significativo, estruturado e coerente da Maçonaria. Um modelo
vibrante e energético. Mais do que tudo, era algo fácil de compreender e
aplicar. Sua aplicação poderia ser demonstrada em uma sessão da loja, mas de
importância ainda maior, que poderia ser demonstrada nos aspectos do dia-a-dia
de nossas próprias vidas.
Mais
importante ainda, o caminho através da Maçonaria se tornou mais fácil e
compreensível, com seus símbolos, imagens e referências. Todo maçom presente na
abertura ou encerramento da Loja, as palavras e os sentimentos que ouvimos (ou
dizemos) ressoam com as palavras e sentimentos escritos por um filósofo grego
chamado Platão, quase 400 anos antes da era cristã.
Os
símbolos e alegorias do nosso ritual estão ligados à história e mitologia
grega. Quanto mais aprendermos e entendemos os mitos específicos que nossos
símbolos e alegorias se referem, mais rico em significado nosso Ritual se
tornará.
Platão
foi o primeiro na tradição filosófica ocidental a propor as virtudes cardeais e
as Artes Liberais e Ciências como o meio para se tornar um rei-filósofo
(pós-graduado em filosofia). No Segundo Grau da Maçonaria somos instruídos nas
virtudes cardinais e as Artes Liberais e Ciências como os caminhos pelos quais
podemos alcançar o patamar de evolução do Rei Salomão. Poderia existir uma
conexão entre a a instrução maçônica e o rei filósofo ideal ou seu arquetípico?
Somos
instruídos também sobre não dar importância demasiada aos metais ou objetos de
valor em nossa propriedade. Existe alguma relação entre esta instrução e a
instrução dada a um dos reis filósofos de Platão para não ter metais ou objetos
de valor na sua pessoa?
Além
dos pontos acima A República está repleta de temas maçônicos, entre eles a
Justiça, a Verdade e a Beleza. Platão escreve que a Justiça, assim como a
Verdade e a Beleza, pode ser conhecida por nós, e conhecê-la é um requisito
necessário para que possamos distinguir o justo do injusto.
No
livro I da República, Platão começa um diálogo sobre a justiça, em que Sócrates
debate com Polemarco acerca de se a justiça é “restituir a cada um o que se
deve”. Durante o diálogo, Trasímaco intervém no debate, criticando a posição de
Sócrates e o afirmando: “Se na verdade queres saber o que é a justiça, não te
limites a interrogar nem procures a celebridade a refutar quem te responde,
reconhecendo que é mais fácil perguntar do que dar a réplica. Mas responde tu
mesmo e diz o que entendes por justiça. Assim aparecem conceitos de justiça que
muitas vezes são revisados pela Maçonaria. Outro aspecto abordado, não no Rito
Emulação, mas no REAA, é a imortalidade da alma. É em A República que Platão
escreve seus diálogos sobre a alma, a certa altura Sócrates pretende dar o golpe
final na argumentação de Trasímaco afirmando que a função da alma é governar e
que, portanto, a alma excelente conduzirá à boa vida e, assim, à felicidade.
“Então, ó Trasímaco, a alma algum dia desempenhará bem as suas funções, se for
privada da sua virtude própria, ou é impossível?” ….Logo, é forçoso que quem
tem uma alma má governe e dirija mal, e, quem tem uma boa, faça tudo isso bem.
– É forçoso. – Não concordamos que a justiça é uma virtude da alma, e a
injustiça um defeito. – Concordamos, efetivamente. -Logo, a alma justa e o
homem justo viverão bem, e o injusto mal. … – Logo, o homem justo é feliz, e o
injusto é desgraçado. – Então jamais a injustiça será mais vantajosa do que a
justiça, ó bem-aventurado Trasímaco! … esse resultado se mostra insuficiente,
já que esclarece que a justiça é sabedoria e excelência e que é mais vantajosa
que a injustiça, mas não define justiça. Seguindo a discussão Sócrates (aqui
personagem de Platão) afirma que a justiça é de um só indivíduo e é também de
toda a cidade, o que é admitido sem contestação por seus debatedores. Nessa
medida, ele passa a avaliar a justiça na cidade, pois deve ser mais fácil ver a
justiça em maior escala do que em menor. É então que Sócrates passa à descrição
da República, que é um modelo ideal de cidade. Tal fato também é referido em
Graus Superiores do REAA da Maçonaria quando se caracteriza a Jerusalém
Celeste.
Desenvolvendo
na República as concepções defendidas no Fédon, Platão traça uma analogia entre
o Sol e o Bem: o sol permite a visão das coisas, pois oferece a luz que as
ilumina, enquanto “o bem é, no mundo inteligível, em relação à inteligência e
ao inteligível, o mesmo que o Sol no mundo visível em relação à vista e ao
visível”. E é justamente o desenvolvimento dessa analogia entre o sol e o bem
que conduz à alegoria da caverna, que é certamente a parte mais famosa da
República, no início do Livro VII. …. “Meu caro Gláucon, este quadro, prossegui
eu, deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o
mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá
existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá
se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não
iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se
ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se
avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é
para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela
que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a
senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato
na vida particular e pública.” Temos a caverna presente na maçonaria, com os
símbolos e alegorias que a caracterizam, em diversas ocoasiões. Vemos, também,
a ligação da alma com a ideia do Bem mostrando a ligação platônica com a
existência de uma ideia unificada de Bem, acima de qualquer função (boa em si)
e capaz de servir como parâmetro para identificação de tudo o que é justo e
belo no mundo. Além disso, Platão defende a concepção de que a alma é imortal,
noção essa também compartilhada pelo REAA.
Platão,
por fim, encerra a República com um parágrafo elucidativo: “Se acreditarem em
mim, crendo que a alma é imortal e capaz de suportar todos os males e todos os
bens, seguiremos sempre o caminho para o alto, e praticaremos por todas as
formas a justiça com sabedoria, a fim de sermos caros a nós mesmos e aos
deuses, enquanto permanecermos aqui; e, depois de termos ganho os prêmios da
justiça, como os vencedores dos jogos que andam em volta a recolher as prendas
da multidão, tanto aqui como da viagem de mil anos que descrevemos, havemos de
ser felizes.”
Assim,
a justiça deve conduzir à felicidade, mas isso depende da existência de uma
alma imortal de um sistema de recompensas que nos ultrapassa. Nessa medida,
Platão assenta que o fundamento da força coercitiva da moralidade é o desejo de
uma vida feliz, o que somente se completa com a recompensa divina à observância
dos valores corretos.
Nossa
percepção que nos primórdios da organização da maçonaria moderna seus mestres
utilizaram as ideias de Platão para determinarem partes de Ritos nos parece
aceitável uma vez que os ensinamentos maçônicos em muito se parecem com os
ensinamentos de Platão.
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Direção: Ir.'. Jorios Ferzali & Cunh.'. Marcela Castro
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4 Comentários
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ResponderExcluirMeu Ir.'., sugiro tirar algumas dúvidas sobre Platão. Existem teorias aí que não condizem com as ideias de Platão. Aí no ES tem uma filosofa muito preparada para isso, Viviane Mosé, ela pode explicar melhor o que é a felicidade, justiça, e outros temas para Platão, abordados no texto erroneamente.
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