Por
Ir.’. Nuno Raimundo
Depois
de findo este tempo de “passagem” pela Páscoa, não importando tanto qual, se a
Pessach, a Páscoa Cristã ou inclusive a “Páscoa” pagã, o que me importa reter é
a reflexão de nos pode ser proporcionada pela vivência desta dita quadra
festiva.
Tanto
judeus como cristãos e pagãos celebraram por estes dias, algo que nas suas
praxis religiosas convida à partilha.
Nos povos judaicos e cristãos é hábito as
famílias se juntarem à mesa e repartir o pão – a “comida”- numa ceia que para
cada um destes povos tem um significado especial.
Os
judeus partilhando o pão ázimo é lhes relembrado não só o tempo de exílio pelo
deserto do Sinai após a sua “fuga” do Egito, mas principalmente e também, a passagem do anjo que “condenou” os primogênitos egípcios, após a “maldição divina”.
Por
sua vez, os povos que baseiam a sua religião no Cristianismo, habitualmente na
quinta-feira de Endoenças (mais vulgarmente conhecida por quinta-feira santa),
também costumam partilhar uma refeição que tem origem na Eucarístia Crística,
quando Jesus, o Cristo, partilhou a sua última refeição com os seus apóstolos.
-
Até mesmo na Maçonaria em determinado grau, nesta mesma data, é usual existir
uma refeição eucarística baseada nesta mesma “refeição” e também na ceia
mitraica, o que torna esta refeição em algo de especial e muito diferente do
usual ágape fraternal que se costuma efetuar após as reuniões maçônicas-.
Já
da celebração feita pelos povos ditos pagãos encontramos nos dias de hoje
algumas reminiscências de outras épocas em que se celebrava a Ostara.
Festividade esta, em que para além de se celebrar o Equinócio da Primavera, se
festejava também a fertilidade e o "renascimento" da natureza. E
desses cultos pagãos, encontramos não a partilha de pão, mas sim de ovos.
Hoje
em dia é costume em quase todos os “países ocidentalizados” serem ofertados
ovos, mas principalmente serem oferecidos ovos de chocolate, estes últimos mais
ao gosto das crianças.
-No
nosso país, é também habitual nesta
altura do ano se oferecer o conhecido " folar pascal", uma espécie de
bolo que contém no seu interior ovos cozidos-.
No
fundo e de forma transversal a estas religiões, encontramos nesta quadra uma
ideia generalizada de partilha, da dádiva de algo.
O
que poderia se supor que existisse apenas na celebração do Natal cristão ou nas
festividades do Dia dos Reis (festas de tradição cristã), tornando essa quadra
festiva um pouco mais comercial do que deveria o ser, viemos encontrar um
paralelismo interessante entre estas religiões no que toca à partilha de alguma
coisa nesta época em que vivemos.
Neste
caso em concreto e que no fundo motivou
a escrita deste texto, existe a partilha de algo substancial ao ser humano,
algo que é a base da sua vida, a Alimentação.
Queiramos
nós todos também nas nossas vidas, nas nossas práticas, sejam elas religiosas
ou de cariz mais profano, partilhar também algo de importante ou que seja considerado como tal,
com quem mais o necessite, tendo sempre em mente que a vida não é apenas
"vida" em determinadas épocas ou quadras festivas, mas que o é
durante o decorrer de todo o ano. Não esperemos nós pelas "Páscoas"
da nossa vida para fazer e partilhar o Bem...
Esta
foi a reflexão que esta Páscoa me deixou e que muito abertamente partilhei com
todos Vocês…
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