O mais interessante nas eleições do Peru e de Portugal é a diferença no sentimento dos eleitores que foram às urnas. Em Portugal, é a raiva com a crise, a falta de esperança e de confiança no governo, que não encontrou uma solução para a crise da dívida. Leia Mais
O país cresce pouco, o índice de desemprego é alto e ainda terá de fazer ajuste fiscal forte para receber a ajuda da Europa. Isso representará mais recessão. Portanto, é um voto contra o governo socialista. Mas não há solução a curto prazo.
No Peru, é diferente. O país tem crescido muito - no ano passado, avançou 8,7%. A lógica eleitoral é diferente da nossa: por aqui, quando o país está avançando, a vantagem é do partido do governo fazer o seu sucessor.
Os dois candidatos que chegaram no segundo turno - Keiko Fujimori e Ollanta Humama - no Peru eram oposição ao presidente Alan García. E Humala venceu.
Em relação a Keiko, a dúvida era política. O pai dela conduziu o país para uma ditadura de direita. E quem é Humala? Amigo de Chávez, militar que tentou dar um golpe, político radical ou faz a linha paz e amor, produzida pelo publicitário João Santana para a eleição?
Como Lula, ele fez uma carta aos peruanos, dizendo que tinha mudado. Mas colecionou contradições ao longo de sua vida política. A torcida é para que mantenha as conquistas econômicas e faça programas de distribuição de renda eficientes, como foram feitos aqui.
Depois do crescimento, os peruanos querem mais justiça social. É isso que Humala representa nesse momento.
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