A história da Maçonaria e da política europeia
do século XVIII se entrelaçam em alguns personagens notáveis — e poucos são tão
emblemáticos quanto Charles Radclyffe, 5º Conde de Derwentwater, cuja vida
revela coragem, convicção e o preço alto pago por fidelidade a uma causa.
Nascido em 3 de setembro de 1693, em Little
Parndon, Essex, Charles Radclyffe pertenceu a uma tradicional família católica
do Northumberland, conhecida por sua antiga ligação com a casa real dos
Stuarts, então exilada. Essa conexão moldaria seu destino e o colocaria no
centro de movimentos rebeldes que buscavam restaurar os Stuarts ao trono da
Inglaterra.
Um Maçom de Destaque na Europa
Além de sua influência política, Radclyffe
desempenhou papel relevante na história da Maçonaria. Tornou-se o primeiro
Grão-Mestre da Grande Loja da França (GL de France), posição que evidencia seu
prestígio e sua atuação internacional durante seus anos no continente europeu.
Os Levantes Jacobitas e a Condenação
Em 1715, Charles participou de um dos levantes
jacobitas que tentaram reinstalar os Stuarts no poder. Capturado após a
revolta, foi condenado à morte em 1716. Contudo, conseguiu escapar, iniciando
um longo período de cerca de 30 anos vivendo na Europa, sempre envolvido com
círculos políticos e maçônicos alinhados à causa jacobita.
A Dramática Captura de 1745
Seu retorno à Grã-Bretanha aconteceria
tragicamente. Em novembro de 1745, quando se dirigia à Escócia para apoiar o
novo levante em favor de Carlos Eduardo Stuart (Bonnie Prince Charlie),
Radclyffe foi capturado no mar. Estava acompanhado de seu filho mais velho,
James, que seria libertado posteriormente, vindo a se estabelecer em Slindon,
West Sussex.
Já Charles não teria a mesma sorte.
Execução em 1746: O Fim de uma Jornada
Embora sua sentença tivesse sido emitida três
décadas antes, as autoridades britânicas decidiram executá-la. Assim, em 8 de
dezembro de 1746, aos 53 anos, Charles Radclyffe foi levado a Tower Hill,
Londres, onde foi executado por conspirar em favor dos Stuarts exilados.
Sua morte marcou não apenas o fim de um
militante jacobita, mas também o de um importante personagem da Maçonaria
europeia, cuja trajetória transitou entre o ideal maçônico, o compromisso
político e a devoção a uma causa perdida.
Legado
O nome de Charles Radclyffe permanece vivo na
história como símbolo de fidelidade, coragem e resistência. Para a Maçonaria,
representa um dos pioneiros na consolidação de estruturas maçônicas no
continente europeu. Para a história política britânica, é um testemunho do
turbulento século XVIII e das lutas dinásticas que moldaram a Inglaterra
moderna.
Sua vida — marcada por honra, exílio,
conspiração e sacrifício — continua a inspirar estudos e reflexões sobre a
interseção entre sociedade, política e Maçonaria.
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