Da Redação
Em 11 de setembro de 1973, um dos episódios
mais marcantes e trágicos da história do Chile e da América Latina ganhava
forma. Naquele dia, uma junta militar liderada pelo general Augusto Pinochet
depôs o presidente constitucional do país, Salvador Guillermo Allende Gossens,
nascido em Valparaíso em 26 de junho de 1908. Aos 65 anos, Allende seria morto
no Palácio de La Moneda, em Santiago, encerrando de maneira abrupta e violenta
um dos experimentos democráticos mais ousados do continente: a tentativa de
construir o socialismo por meios institucionais.
Pouco antes do bombardeio ao palácio
presidencial e do avanço das tropas golpistas, Allende fez um discurso
histórico transmitido pelas rádios leais ao governo, no qual declarou que não
renunciaria e que permaneceria fiel ao mandato outorgado pelo povo chileno.
Suas palavras, firmes e emocionadas, ecoaram como um último chamado à
resistência democrática. Horas depois, cercado e sem saída, Salvador Allende cometeu
suicídio com um fuzil que lhe fora presenteado por Fidel Castro, tornando-se
símbolo de resistência para gerações de lutadores sociais e democratas em todo
o mundo.
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Além de médico, político e presidente, Allende
foi também maçom. Em 1935, foi iniciado na Maçonaria chilena, uma experiência
que marcou profundamente sua visão de mundo e seu compromisso com valores como
liberdade, igualdade, fraternidade e solidariedade. Após sua iniciação, deixou
registrado um testemunho comovente sobre o significado simbólico e moral desse
momento:
> “Quando a venda caiu dos meus olhos e
pude ver as espadas dirigidas a quem viu a luz maçônica pela primeira vez e
ouviu as palavras do Venerável Mestre, pude entender que isso era uma expressão
de profunda solidariedade, para fazer o iniciado compreender que seus irmãos
estariam prontos para vir em seu auxílio se o caso assim o exigisse.”
Essa declaração revela não apenas a dimensão
espiritual e simbólica da experiência maçônica de Allende, mas também a forma
como ele via a fraternidade como um princípio ativo na vida social e política.
Para ele, a solidariedade não era apenas um ideal filosófico, mas uma força
viva capaz de sustentar os indivíduos diante da adversidade.
A morte de Salvador Allende não significou o
fim de seu legado. Seu exemplo permanece como um marco de coragem e coerência,
especialmente para os que defendem a democracia e os direitos sociais na
América Latina. E entre os maçons, sua memória é lembrada como a de um irmão
que permaneceu fiel aos princípios de liberdade e humanidade até seu último
instante.
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