Da Redação
O ano de 1925 marcou um episódio importante na
história política e institucional do Grande Oriente do Brasil (GOB). As
eleições para as Dignidades Maçônicas, realizadas entre 31 de agosto e 6 de
setembro, ocorreram em conformidade com o Decreto nº 815, de 9 de junho do
mesmo ano.
Naquele pleito, foram proclamados e
reconhecidos os mais votados:
Vicente
Saraiva de Carvalho Neiva, eleito Grão-Mestre,
João
Severiano da Fonseca Hermes, eleito Adjunto do Grão-Mestre.
A vitória de Carvalho Neiva foi expressiva, com
3.179 votos, contra apenas 117 votos obtidos pelo Irmão Behring, num verdadeiro
julgamento plebiscitário que evidenciou a preferência clara da maioria da
Maçonaria brasileira por uma renovação nos rumos da instituição.
A
Renúncia e a Polêmica da Acumulação de Cargos
Apesar de ter renunciado ao cargo de
Grão-Mestre, o Irmão Behring manteve-se como Soberano Grande Comendador do
Supremo Conselho, atitude que contrariava a lei maior do Grande Oriente do
Brasil.
Segundo a legislação vigente, ambos os cargos
deveriam ser ocupados pelo Grão-Mestre, uma vez que a Obediência era mista, ou
seja, reunia em uma só pessoa a chefia tanto do Grande Oriente quanto do
Supremo Conselho. Essa prática já havia sido reconhecida internacionalmente nos
Congressos de 1907, 1912 e 1922, sem jamais suscitar dúvidas sobre a
regularidade do GOB perante as potências maçônicas estrangeiras.
Ainda assim, Behring permaneceu no cargo com a conivência
de Senna Campos, o que gerou forte desconforto político e institucional dentro
da Maçonaria brasileira.
Assembleia Geral de 21 de Dezembro
A tensão culminou em uma Sessão Especial da
Assembleia Geral, realizada em 21 de dezembro de 1925, destinada à apuração de
nova eleição das Grandes Dignidades. Este momento representou não apenas uma
tentativa de restaurar a harmonia institucional, mas também um marco no
processo democrático dentro da Ordem, reafirmando o princípio de que a
legitimidade deve sempre prevalecer sobre manobras políticas e pessoais.
Considerações Finais
A eleição de 1925 no Grande Oriente do Brasil
não foi apenas um ato administrativo; ela simbolizou uma luta pela regularidade,
legitimidade e respeito às leis internas da Maçonaria. O episódio evidencia
como as disputas internas, quando mal resolvidas, podem gerar rupturas, mas
também como o respeito às urnas e à legislação maçônica reafirma a força e a
continuidade da instituição.
Mais do que um fato isolado, o processo
eleitoral de 1925 demonstra a capacidade da Maçonaria brasileira de enfrentar
crises, corrigir desvios e manter-se fiel aos princípios de liberdade,
igualdade e fraternidade que a sustentam.
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