Bento Gonçalves da Silva: a Morte do Maçom e Líder da Revolução Farroupilha (18 de julho de 1847)

 

Da Redação

No dia 18 de julho de 1847, falecia um dos nomes mais emblemáticos da história política e militar do Brasil Imperial e da Maçonaria nacional: o Ir Bento Gonçalves da Silva, nascido em 23 de setembro de 1788, na cidade de Triunfo, Província do Rio Grande do Sul. Figura central da Revolução Farroupilha, Bento Gonçalves foi militar, estancieiro, político e revolucionário. Mas, além disso, foi também um maçom ativo, elevado aos altos graus da Maçonaria, onde é conhecido pelo nome simbólico de Ir Sucre.

Origens e Formação

Filho de um rico estancieiro da região sul do Brasil, Bento Gonçalves herdou o espírito empreendedor e a vocação para a liderança desde jovem. Serviu como militar nas campanhas contra as Províncias Unidas do Rio da Prata, entre 1825 e 1828, durante a Cisplatina. Seu desempenho destacado valeu-lhe o reconhecimento de D. Pedro I, que o nomeou coronel das milícias e comandante da fronteira sul do Império — uma função estratégica num período de instabilidade regional e disputas territoriais.

A Maçonaria e o Ir Sucre

Bento Gonçalves foi iniciado na Maçonaria, onde adotou o nome simbólico de Sucre, em alusão ao herói da independência sul-americana, Antonio José de Sucre. A escolha do nome já revela sua admiração por ideais de liberdade, autonomia e república.

Segundo documento histórico exposto no Museu Júlio de Castilhos, Bento Gonçalves foi elevado ao Sublime Grau de Cavaleiro Rosa-Cruz no Rito Azul, sob o número 7, e posteriormente ao Soberano Príncipe Rosa-Cruz, Grau 18, sendo este um dos mais elevados graus da Maçonaria de inspiração esotérica e cristã. O diploma afirma:

"...o temos elevado ao Sub G Cav R Cruz no rito Azul, que é o Nº 7 e ao S P R Cruz Nº: 18, e recomendamos a todas as Lojas e Cap o recebam no seio de seus trabalhos…”

Esse registro demonstra o reconhecimento maçônico por sua dedicação aos ideais de justiça, liberdade e fraternidade — pilares que também orientaram sua vida pública e revolucionária.

Revolução Farroupilha: O Maçom e o Revolucionário

Em 1835, diante da crise política e da insatisfação com o governo imperial — especialmente após sua destituição do cargo de comandante da fronteira sul, por decisão do regente Padre Diogo Feijó — Bento Gonçalves tornou-se o principal articulador da Revolução Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos.

No mesmo ano, liderou a tomada de Porto Alegre, destituindo o presidente da província, Antônio Fernandes Braga. A resistência popular garantiu-lhe apoio inicial, mas logo as forças imperiais reagiram. Bento foi derrotado, preso e enviado para o Forte do Mar, na Bahia.

Mesmo encarcerado, sua influência continuou viva. Em 11 de setembro de 1836, os farroupilhas proclamaram a República Rio-Grandense. Com a ajuda de maçons e liberais baianos, Bento Gonçalves escapou da prisão e retornou ao sul, onde foi aclamado presidente da nova república.

Durante quase nove anos, liderou a causa farroupilha, enfrentando sucessivas batalhas, negociações e dissensões internas. Sua conduta, marcada pela firmeza e idealismo, fez dele um símbolo da resistência gaúcha e dos ideais republicanos.

O Fim da Revolução e o Legado Maçônico

A Revolução Farroupilha terminou em fevereiro de 1845 com a assinatura da paz entre os farroupilhas e o governo imperial. Bento Gonçalves, já com saúde fragilizada, afastou-se da política e da vida pública. Faleceu dois anos depois, em 18 de julho de 1847.

Seu legado, no entanto, permanece. Como militar, político e maçom, Bento Gonçalves representou a síntese do ideal do homem livre e de bons costumes: defensor da autonomia provincial, da justiça social e da liberdade de consciência. Sua trajetória também revela a forte influência da Maçonaria nos grandes movimentos políticos do século XIX no Brasil, especialmente no sul do país.

O Ir Sucre, ou Bento Gonçalves da Silva, é uma figura que transcende a história do Rio Grande do Sul. Seu nome ecoa nos templos maçônicos como exemplo de bravura, liderança e compromisso com os altos valores da Ordem. Sua vida foi uma constante busca por liberdade — não apenas no campo de batalha, mas também no espírito e na construção de um Brasil mais justo e plural. Como todo verdadeiro maçom, sua jornada foi marcada pela luta contra a tirania e pela construção de um mundo melhor.


“Liberdade, igualdade e fraternidade” não eram apenas palavras para Bento Gonçalves — eram ações, escolhas e sacrifícios.

 

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