A história de Penélope, esposa de Ulisses na Odisseia de Homero, oferece um simbolismo profundo que pode ser associado à jornada esotérica da Maçonaria. Penélope tece e destece um manto todas as noites, em um ciclo contínuo de construção e desconstrução, aguardando fielmente o retorno de seu marido. Esse ato, além de demonstrar astúcia e resistência, carrega um significado iniciático que ressoa com o percurso do maçom na busca pela verdade e pelo aperfeiçoamento espiritual.
Na Maçonaria, a construção do Templo interior é um processo semelhante: contínuo, paciente e repleto de provações. O maçom, assim como Penélope, precisa tecer e destece suas concepções, purificando suas ideias e reconstruindo sua compreensão da realidade à luz do conhecimento adquirido. Esse movimento cíclico reflete o processo alquímico da transmutação do ser, essencial para a jornada maçônica.
A simbologia do fio, presente na mitologia grega, remete também ao fio de Ariadne, que orienta Teseu no labirinto do Minotauro, outra metáfora para a iniciação. O fio conduz ao centro do mistério e permite a saída segura daquele que soube percorrer o caminho. Na Maçonaria, esse fio representa a tradição esotérica, a linhagem do conhecimento transmitido por meio dos rituais e símbolos.
Além disso, o labor constante de Penélope pode ser associado ao conceito da Obra Maçônica, onde o verdadeiro iniciado deve permanecer diligente, tal como a rainha de Ítaca, sem se deixar seduzir por atalhos fáceis ou pelas ilusões do mundo profano. Assim como Penélope espera o momento certo para finalizar sua obra, o maçom compreende que a jornada iniciática não tem atalhos e exige disciplina, paciência e persistência.
Esse fio esotérico comum entre a história de Penélope e a Maçonaria sugere que o verdadeiro iniciado deve estar sempre atento ao seu próprio processo de construção interna, compreendendo que a lapidação da Pedra Bruta é um trabalho incessante, cujo objetivo final é a edificação do Templo da Sabedoria.
LEIA A EDIÇÃO 191 - MARÇO DE 2025 DA REVISTA O MALHETE
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