Um querido e sábio Irmão costumava repetir: “As melhores coisas da vida são gratuitas”. Se tomarmos essa frase ao pé da letra, seríamos obrigados a concluir, com certa tristeza, que a Maçonaria não se encaixa nessa definição. Afinal, no nosso mundo, tudo, absolutamente tudo, tem um custo. Em tempos de crise econômica e recessão, ter dinheiro disponível é um privilégio cada vez mais raro. Muitos maçons, como tantas outras pessoas, enfrentam dificuldades diárias para atender às necessidades mais básicas, o que torna a busca por algo além, como realizações pessoais ou materiais, um desafio ainda maior.
No entanto, é importante admitir uma verdade: a
Maçonaria tem um custo. E, frequentemente, não é um custo desprezível.
O
Valor da Iniciação
O primeiro custo enfrentado é o da iniciação.
Felizmente, há tempos abandonamos práticas que poderiam lembrar ritos de
humilhação juvenil, pois seria insensato impor ao postulante mais provas além
das previstas. Contudo, o valor simbólico e real da iniciação é inestimável.
Com o tempo, o novo Irmão entenderá plenamente o significado desse
investimento, experimentando a verdadeira riqueza espiritual e moral
proporcionada pela Maçonaria.
Após a iniciação, surgem os custos regulares,
como as contribuições mensais, que variam de acordo com fatores como
localização e composição das Lojas. Manter uma Loja em uma área de alto custo
não é comparável a uma situada em um contexto mais modesto. Além disso, muitas
Lojas têm entre seus membros pessoas com rendas fixas, como aposentados, o que
pode gerar resistências a aumentos nas contribuições. No entanto, mesmo as
contribuições mínimas são essenciais para o funcionamento da instituição.
Os Custos Além das Contribuições
Além das contribuições mensais, surgem outras
despesas ao longo do ano, muitas vezes inesperadas. Elas incluem:
- Participação em cerimônias e eventos
extraordinários, que podem exigir contribuições adicionais para organização e
logística.
- Viagens para visitar outras Lojas ou
participar de encontros maçônicos, o que pode incluir custos com transporte,
combustível e pedágios.
- Necessidades específicas da Loja, como
reparos, atualização de sites ou a substituição de móveis.
Esses custos extras não devem ser vistos apenas
como despesas, mas como investimentos na experiência maçônica e na continuidade
da Ordem.
O Tronco da Viúva e o Espírito de
Generosidade
Um recurso importante, porém frequentemente mal
utilizado, é o Tronco da Viúva (ou Fundo de Caridade). Seu objetivo principal é
prestar assistência social aos Irmãos e suas famílias em dificuldades, e só em
segundo lugar a instituições externas. Infelizmente, há casos em que ele é
usado para cobrir déficits financeiros das Lojas, desviando-se de sua função
original.
É fundamental lembrar que o Tronco da Viúva é
sagrado e deve refletir o espírito de generosidade que caracteriza a Maçonaria.
Renunciar a pequenos luxos em favor de contribuir para o Tronco pode fazer uma
enorme diferença na vida de alguém em necessidade.
Investimentos no Caminho Maçônico
Além dos custos regulares, há os investimentos
em livros, acessórios, vestimentas e outros objetos simbólicos que ajudam a
construir a identidade do maçom. Esses itens, como anéis, medalhas e
decorações, podem ser adquiridos como demonstração de orgulho pela pertença à
Ordem ou como lembranças de eventos especiais. Embora sejam opcionais, muitos
os veem como símbolos tangíveis do caminho iniciático.
Conforme o maçom avança nos graus, surgem novas
despesas relacionadas às cerimônias de elevação, que requerem um compromisso
financeiro semelhante ao da iniciação. Adicionalmente, há os custos associados
à participação em Assembleias Gerais e à entrada nos Graus Superiores, que,
embora mais modestos, também exigem planejamento financeiro.
Valor ou Sacrifício?
Esses custos podem ser interpretados de
diferentes formas: como simples despesas ou como investimentos. Tudo depende da
perspectiva do maçom, do valor que ele atribui ao aprendizado e às experiências
vividas, e do quanto ele está disposto a contribuir para a Maçonaria.
A questão central não é apenas o preço
financeiro, mas o reconhecimento de que os custos associados à Maçonaria
sustentam valores e tradições que buscam o aperfeiçoamento do ser humano e a
construção de uma sociedade mais justa.
Concluímos, então, com a reflexão do sábio
Irmão mencionado no início: se investir em discussões enriquecedoras, em um
ambiente de mentes livres e iluminadas, não vale a pena, o que vale? Talvez, ao
final, possamos afirmar que as melhores coisas da vida, como o crescimento
pessoal e espiritual proporcionado pela Maçonaria, de fato, não têm preço.
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