MITRA, O DEUS DA JUSTIÇA

O mitraísmo é considerado uma derivação herética do zoroastrismo. No entanto, foi observado que na tradição persa, antes mesmo da reforma religiosa de Zoroastro (630 a.C.), já existia uma divindade chamada Mitra, que, juntamente com Varuna e Indra, constituía uma trindade muito poderosa. Mitra era um deus da justiça e seu julgamento era invocado quando um acusado era chamado para uma prova de fogo, que consistia em correr sobre uma fileira dupla de tocos incandescentes. O sucesso que teve nas legiões romanas deve-se à personificação da justiça na dignidade do deus e à precoce assimilação de Mitra com Hércules.

Mitra nasce de uma rocha aos pés de uma árvore, perto de um riacho sagrado. Ele colhe os frutos da árvore para se alimentar e se cobre com as folhas (como Adão). Quando se torna jovem, ele captura um touro vivo e o leva para dentro de uma caverna, depois de superar muitos obstáculos. Assim que ele chega lá, um corvo traz a notícia de que é hora de sacrificar o animal. Mitra então afunda a faca no flanco do touro e do ferimento saem grãos e vinho (pão e vinho). A partir da semente da vítima, purificada pela lua, nascem então todos os animais.

O mitraísmo estava intimamente ligado à astrologia, uma vez que se acreditava que as constelações e planetas influenciavam as faculdades humanas. Como os planetas conhecidos eram sete, eram necessários sete graus de iniciação para se tornar um Mestre.

Blavatsky lembra que o candidato, ao chegar à porta da maior iniciação final, tinha que passar por doze torturas para finalmente receber um pequeno pão redondo não fermentado que simbolizava o disco solar e o pão celestial (maná). Um touro era sacrificado e o candidato era banhado com seu sangue.

Os santuários de Mitra, os mitreus, eram lugares de culto de tamanho bastante pequeno. No início, eram verdadeiras cavernas e, posteriormente, eram escavados total ou parcialmente no subsolo, tinham um céu estrelado pintado no teto e um buraco no teto para que, em dias especiais, um raio de sol atingisse o rosto do deus.

(Adaptado de "I gradi desueti, i simboli", de Marcello Vicchio)





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