Por Rogério Vaz de Oliveira
Seja
bem vindo a Janeiro!
A
pouco encerramos um ano, um período recheado de aprendizados, alegrias,
tristezas, de ganhos e perdas. A sensação de finalizar algo é tão importante
quanto começar, e com ele todos os desafios. Chegou o novo ano, onde
depositaremos esperanças, sonhos e realizações; a mitologia romana possuía e
venerava o Deus Jano (do latim Janus ou Ianus), o Deus das Duas Faces, era o
porteiro celestial, simbolizando os términos e os começos, o passado e o
futuro, o dualismo relativo de todas as coisas.
Graças
a ele ganhamos o janeiro, que marca o inicio de um novo ano e a transição do
passado para o futuro. A propósito, janeiro só passou a ser o primeiro mês
quando o Imperador Júlio Cesar (100-44 a.C.) introduziu, em 46 a.C., o ano de
365 dias, antes era de somente 304 dias e
dividido em dez meses – a contagem começava em março e terminava em
dezembro.
O
Templo em honra a Jano permanecia com as portas principais abertas em tempos de
guerra e eram fechadas em tempos de paz. Ele presidia tudo o que se abre, era o
deus tutelar de todos os começos; regia o que regressa ou que se fechava. Tornou-se, então, patrono dos exércitos.
Costumava ser o primeiro deus a ser mencionado
nas cerimônias religiosas. Era adorado no início da época de colheita, plantio,
casamento, nascimento, e outros tipos de origens, especialmente os começos de
acontecimentos importantes na vida de uma pessoa.
Originalmente, uma face possuía barba e a
outra não, e, às vezes, era masculino e feminino - provavelmente uma
representação do sol e da lua (Janus e Jana). No entanto, é mais fácil
encontrar duas faces com barba. Existem em alguns locais, representações suas
com quatro faces.
A dualidade de Jano se apresentava quando uma das faces falava a verdade enquanto a outra mentia, confundindo assim a pessoa na hora de fazer uma escolha importante que poderia trazer grandes conseqüências, demonstrando claramente o seu papel como Deus das indecisões, pois representava assim aquele que acalenta e guia, protege e ama ao mesmo tempo que é aquele que engana, que trai, que odeia e que trapaceia. Algumas tradições acreditavam que Janus também encarnava o caos, tanto exterior como interior.
A
dualidade sempre esteve presente no ser humano, desde o momento em que ele
começou a pensar, desenvolvendo a capacidade de discernir. Os opostos têm-lhe
constituído desafios para a consciência, que deve eleger o que lhe é melhor, em
detrimento daquilo que lhe é pernicioso, perturbador, gerador de conflitos.
É
também representado com uma chave em uma das mãos, e na outra uma vara para
mostrar que é o guardião das portas e que preside os caminhos. É provável que o
cristianismo utilizou a figura de Jano para apresentar São Pedro, como o
Porteiro do Céu, e carregando uma chave. Outra curiosidade a respeito deste Deus
Romano, eram que as suas estátuas apontavam muitas vezes com a mão direita o
número trezentos, e com a esquerda o sessenta e cinco, representando o total de
dias do ano.
A ele
se atribui a invenção dos navios e possivelmente o dinheiro, em moedas, pois as
primeiras foram cunhadas com a cabeça de duas faces.
Janus,
portanto, é aquele se apresenta para nos mostrar que questões como bem/mal,
dia/noite, fé/descrença ou qualquer coisa que seja dual na realidade são
separadas apenas pelos humanos, pois a divindade é em si mesma detentora de
todos os mistérios e encerra em si mesma o conceito do Um, do Todo. Janus nos
permite observar os ciclos que já passaram e visualizar o que o futuro nos
reserva em virtude das escolhas que já fizemos e fazemos no presente. Ele traz
consigo o poder da transição de um estado para outro e traz sempre movimento a
existência.
Encerramos este pequeno artigo rogando ao Deus Jano que o ano que inicia seja repleto de harmonia, paz e fraternidade. Que a tolerância e a ética sejam constantes nas decisões dos nossos dirigente.
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