A INTERPRETAÇÃO PONTO A PONTO DO SALMO 133 SALMO DE ROMAGEM - CANCIONEIRO DO PEREGRINO AO REI DAVI

 Por Ir.'. MM Charleston Sperandio de Souza.

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Meus queridos e amados Irmãos!

Em uma reunião do grau 1 em minha Loja Fraternidade Guanduense, em Baixo Guandu/ES, eu preparei um artigo para ser apresentado lido e explicado no tempo de estudo, sobre o Salmo 133, conhecido também como Salmo de Romagem (Cancioneiro do Peregrino ao Rei Davi).

Todos nós sabemos que este Salmo é lido na abertura dos nossos trabalhos no grau 1, e o que me inquietou, foi em tentar “explicar” esse Salmo para que quando nós (maçons) em trabalhos em nossas oficinas, pudéssemos ir “entendendo” “interpretando” e “meditando” sobre a sua essência, a sua  grandeza para o mundo maçônico, quando o Salmo estiver sendo lido.

Preliminarmente temos que remontar a história, trazendo o entendimento sobre os Salmos de Romagem. Esses Salmos são como um hinário dentro do saltério (livro) bíblico. Eles eram cantados quando Israel realizava sua peregrinação para adorar o Senhor em Sião.

Cada passo dado representava o resgate de lições preciosas sobre o relacionamento com Deus, e podemos assim dizer, são lições bíblicas em miniaturas, mas com grande relevância. Por meio de breves poesias relacionadas com a verdade de Deus, o pacto da graça, o encanto em Deus, na família, na angústia, no amor, na comunhão e na esperança é resgatado para a edificação do povo de Deus.

Os Salmos compõem um livro bíblico com 150 cânticos, com diversas recitações e poemas religiosos que são consideradas orações sagradas e de louvores. Na Igreja Católica, os 150 salmos formam o núcleo da oração cotidiana: a chamada Liturgia das Horas também conhecida por Ofício Divino. 

Então a oração conhecida por Rosário com a sua 150 Ave Maria, formou-se por analogia com os 150 salmos do ofício ritual católico.

Dessa forma amados Irmãos, ao aprofundarmos na história do conhecimento bíblico, podemos dizer que 3 (três) vezes ao ano, os Judeus saiam de Canaã e se dirigiam ao Centro Único em Jerusalém (Chamado de Monte de Sião) onde estavam os Tabernáculos.

Entende-se por Tabernáculo, a tenda que Moisés mandou fazer no deserto. Então disse o Senhor a Moisés: “Sobe a mim ao Monte, e fica lá; e dar-te-ei as Tábuas de Pedra e a Lei, e os Mandamentos que tenho escrito, para ensiná-los (Êxodo 24:12) e O Senhor continuou: "E farão um santuário para mim, e eu habitarei no meio deles. “Façam tudo como eu lhe mostrar, conforme o modelo do Tabernáculo e de cada utensílio” (Êxodo 25:8,9).

Figura 1. Modelo do Tabernáculo que Moisés mandou construir



Assim feito, os Judeus caminhavam lado a lado de outros peregrinos em uma Santa União de fé e de amor para a glória do Senhor. Os peregrinos caminhavam no deserto para oferecer sacrifícios, rever seus Irmãos, fazer suas ofertas e eles caminhavam e cantavam louvores a DEUS.

Figura 2 – Figura dos peregrinos caminhando no deserto e cantando louvores a Deus.

Os peregrinos iam cantando o Salmo 133 para se alegrarem entre si, ter coragem e não desistir, e eles tinham dependência e temor a Deus, pois sabiam que o Nosso Deus iria guardá-los e protegê-los nas caminhadas, ou seja, durante toda a viagem.

Então, o Salmo 133 cantado fala de União.

Estudiosos da Bíblia sagrada dizem que não há relatos, mas há indícios que este Salmo foi composto depois que o Rei Davi assumiu o Governo de todo o Israel para comemorar a Unida Nação de Israel.

Dessa forma, antes de adentrarmos no Salmo 133, vejamos um breve relato bíblico que não podemos deixar sem citar. O profeta Samuel, último dos Juízes, designou Saul, como o primeiro Rei de Israel.

Logo após de Saul, Davi foi o segundo Rei de Israel, o homem escolhido por Deus para liderar seu povo.

David é descrito como um homem de valor, chamando  atenção de Saul por sua habilidade como músico, era um harpista, posteriormente com as batalhas contra os Filisteus e ficou reconhecido como um grande guerreiro.

Nesse contexto, ingressamos na interpretação do Salmo 133 que era cantado pelos peregrinos.

1º VERSO DO SALMO: Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. São Irmãos, os Judeus de todas as Tribos; e viver em União significa a união política, pois eles tinham agora apenas um Rei, e não Juízes espalhados que faziam o que queriam; era uma União que não havia naquela era e especialmente a união espiritual. 

Havia outros Deuses, mas eles não se importavam, pois nesse momento só havia culto e adoração a um só Deus, por isso Davi expressava: Como é BOM e SUAVE ou AGRADÁVEL é VIVEREM UNIDOS OS IRMÃOS; Davi se alegra ao expressar essa passagem, por que bom e suave, significa o relacionamento entre todos os Irmãos.

Se consultarmos a bíblia, lemos em Gênesis que o Nosso Deus já havia dito desde o começo de todas as coisas, que não era bom o homem viver sozinho “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele” (Gênesis 2:18). Então queridos Irmãos, os seres humanos foram criados para experimentar a vida comunitária.

Ao contextualizarmos a vida em União, podemos inferir que Davi escolheu 2 figuras (o Óleo e os Montes) para expressar essa união e faz duas comparações:

A 1ª (figura) Comparação: O óleo que é derramado na cabeça do Sacerdote. Nesse momento Davi faz uma analogia já com o verso 2 e diz: “é como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes”.

Voltando às escrituras, meus amados Irmãos: O Senhor Deus disse a Moisés: “escolha as especiarias mais cheirosas para fazer o azeite sagrado, seguindo a arte dos perfumistas” e “esse azeite será para ungir a Minha Presença, a Arca da Aliança”, “assim você consagrará todas essas coisas, e elas ficarão completamente Santas”, e percebam que lindo meus amados Irmãos:

O Senhor disse ainda: “e qualquer pessoa que tocar nelas sofrerá por causa do poder da Sua Santidade” e “você ungirá também Arão e os filhos dele e os separará para me servirem como Sacerdotes” e “diga ao povo de Israel o seguinte: “esse azeite de ungir deverá ser usado para sempre no meu serviço religioso”.

O óleo citado “é como o óleo precioso” era um perfume raríssimo à base de Mirra e Oliva,  usado para ungir os Reis e os Sacerdotes. Ninguém poderia fazer esse óleo a não serem os sacerdotes. Esse óleo era derramado em abundância e exalava perfume no Tabernáculo. O Óleo derramava na cabeça; descendo pelo rosto de Arão; passava pela sua barba; descia sobre a gola de suas vestes; e chegava à orla de sua túnica na parte inferior.

 Figura 3 – Simbologia do Óleo derramado na cabeça de Arão

O óleo passava por toda sua roupa. Davi dizia também: Que a União é semelhante a esse óleo, e só era ou é usado na Unção do Sacerdote em cerimônia pública. Para Davi, o óleo representava a Unidade: Arão era o representante de Deus diante do povo e do povo diante de Deus, por isso: União do povo de Deus.

A 2ª (figura) comparação de União se encontra sobre a União dos Montes no verso 3: É como o orvalho de Hermon que desce sobre os Montes de Sião.

Meus Irmãos, O Monte Hermon é uma montanha mais alta no NORTE de Jerusalém e pode ser visto a Km de distância. Atualmente fica na fronteira Líbano-Síria, com 2.814 metros de altitude, o seu pico está quase sempre coberto de neve, enquanto as terras ao redor queimam pelo sol de verão. 

No pé da Montanha de Hermon, tem muitos lagos, o sol bate, evapora e forma o orvalho quando a névoa cai pelos Montes.

 Figura 4 – Monte de Hermon

Por fim, sobrou-nos a falar sobre o Monte Sião que era o nome da Fortaleza na cidade de Jerusalém. Sião passou a significar a cidade onde a Fortaleza se encontrava.

Sião meus Irmãos, está a Kilômetro de distância de Hermon, Sião fica ao SUL de Jerusalém e Hermon ao NORTE.  

Então questionamos: Como o Orvalho cai nos Montes de Sião?  O orvalho era trazido pelos ventos, e caia nos Montes de Sião, unindo as duas Montanhas (Hermon e Sião). Então, no mesmo Orvalho aparece a ideia da Unidade pelas duas Montanhas.

O orvalho aponta para as condições também de frutificação. A terra molhada pelo orvalho era preparada para abundar a vida. Assim Davi dizia: As duas figuras apontam para Deus que conceda a união tanto no Óleo e no Orvalho derramado de cima para baixo por onde ele passa, buscando a BENÇÃO DE DEUS.

O resultado dessa UNIÃO, está no final do verso 3.

Davi diz: ALI (nos Montes de Sião) o Senhor ordenou a bênção e a vida para sempre.  Ali, nos Montes de Sião, em Jerusalém, estava o Tabernáculo que é a Igreja de Deus no Antigo Testamento.

Por fim meus amados Irmãos, onde há divisão, separação; inimizade e a discórdia, o Espírito Santo de Deus entristece e não corre o Óleo e o Orvalho não desce.

Que o ALI de Deus, seja em cada Oficina, em nossos trabalhos em nossas lojas Maçônicas.

Que o GADU derrame sobre nós o Óleo precioso e o Orvalho de Hermon, e as suas bênçãos seja para todos nós unidos de baixo de uma só cabeça: JESUS CRISTO.

SALMO 133
(Um dos salmos de Romagem)

Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.

É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, e que desceu sobre a gola de suas vestes;

Como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordenou a bênção e a vida para sempre.


Após essa explanação na essência do Salmo 133 meus Irmãos, seu entendimento será muito melhor e mais fácil a sua compreensão.
Um TFA.

Ir MM Charleston Sperandio de Souza.
CIM nº 304.753
ARLS Fraternidade Guanduense N° 1.396.
Baixo Guandu/ES.
E-mail. charleston.sperandio@yahoo.com.br






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1 Comentários

  1. Análise perfeita!!! O Irmao Ilustra de forma simples e didática um mantra de grande significado!! Parabéns!!! #AulaMaxima👏🏻👏🏻👏🏻

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