SOCIETAS ROSICRUCIANA

Por Kennyo Ismail

Todo maçom brasileiro já ouviu falar sobre Rosa-Cruz. Muitos são os maçons que, paralelamente à Maçonaria, fazem parte de alguma Ordem Rosa-Cruz, a maioria deles da AMORC. No entanto, essa relação Maçonaria – Rosacrucianismo não necessariamente tem que ser paralela, visto que há uma Ordem Rosacruz Maçônica. Ou melhor, a primeira Ordem Rosacruz, a mais antiga, é maçônica, apesar de praticamente desconhecida pelos maçons brasileiros (e rosacruzes também).
O Rosacrucianismo é tradicionalmente conhecido como tendo sido desenvolvido na Alemanha por Christian Rosenkreuz, que teria vivido no século XV e que supostamente promulgou as doutrinas rosacrucianas básicas. Essas doutrinas compõem a literatura rosacruciana original, publicada pela primeira vez na Europa no início do século XVII. Fama Fraternitatis e Confessio Fraternitatis são os dois principais textos do rosacrucianismo, publicados anonimamente em 1610 e 1615, respectivamente, na Alemanha.

Fama Fraternitatis descreve o surgimento e história de Christian Rosenkreutz, um personagem lendário, ou talvez alegórico. Buscando por conhecimento, o Frater C.R.C.[1] realiza uma viagem ao Oriente Médio, encontrando-se com sábios e místicos (possivelmente mestres sufis e zoroastristas), aprendendo ensinamentos esotéricos e desenvolvendo poderes de cura. Ao retornar para a Europa, suas descobertas são rejeitadas por religiosos e acadêmicos, fundando então uma fraternidade restrita chamada Rosa Cruz, na qual os membros eram chamados de rosacrucianos. O livro também descreve o trabalho desenvolvido por seus discípulos e a descoberta do túmulo oculto de Rosenkreutz. Confessio Fraternitatis aprofunda nos ensinamentos Rosa Cruzes e propõe um plano de reforma mundial com a criação de uma comunidade invisível chamada “Spiritus Sancti” com a qual a Ordem pode crescer secretamente.

Os primeiros membros historicamente conhecidos cujos esforços pioneiros transformaram o conhecimento Rosacruz em um sistema de estudo foram maçons escoceses, por meio da Societas Rosicruciana. A literatura ocultista indica que os maçons-rosacruzes permaneceram sozinhos, únicos nessa via de uma Ordem Rosacruz por, pelo menos, 88 anos. Somente depois disso, muitas outras Ordens com base nas tradições Rosacruzes foram surgindo pelo mundo.

A Societas Rosicruciana, também conhecida como a Rosa Cruz Maçônica, surgiu inicialmente na Escócia, em 1800, com o nome de Societas Rosicruciana in Scotia. Foi levada para a Inglaterra entre 1865 e 1867 por Robert Wentworth Little, um maçom, que havia sido iniciado na Societas Rosicruciana in Scotia. Na Intlaterra, adotou o nome de Societas Rosicruciana in Anglia – SRIA. Muitos ocultistas famosos do século XIX eram membros da SRIA: John Yarker, Paschal Bervely Randolph, Arthur Edward Waite, William Wynn Westcott, Eliphas Levi, Theodor Reuss, Frederick Hockley e William Carpenter, além de muitos outros. E foi por intermédio da SRIA que a Societas Rosicruciana in Canada teve sua origem.

Já nos EUA, a Societas Rosicruciana surgiu, em 1880, sob os auspícios da Societas Rosicruciana in Scotia. Inicialmente chamada de Societas Rosicruciana Republicae Americae, logo teve seu nome mudado para Societas Rosicruciana in Civitatibus Foederatis – SRICF. Sua sede atual está em Washington, DC. A Societas nos EUA mantém laços estreitos com as Societas da Escócia, Inglaterra e Canadá, e promove o crescimento e fortalecimento da causa rosacruciana maçônica em outros países, como no Brasil.


[1] Frater é o termo referente a Irmão em Latim. CRC é a abreviação de Christian Rosenkreutz, cuja primeira aparição foi em “Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz”, publicado em Strasbourg, em 1616. – 

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