(*) Por José Maurício Guimarães
Nos últimos dias concentrei
minha atenção em dois fatos que me incomodam, particularmente pela minha
condição de maçom:
1) O Projeto de Lei
3722/12 que altera o Estatuto do Desarmamento;
2) A catástrofe
decorrente do rompimento das barragens de Fundão e Santarém, no dia 5 de
novembro, na unidade industrial de Germano, entre os distritos de Mariana e
Ouro Preto, cerca de 100 km de Belo Horizonte, provocando uma onda de lama que
devastou distritos próximos e atingiu as águas do Rio Doce.
O mais preocupante para mim,
entretanto, foi a reação de maçons que se posicionaram contra minha iniciativa.
Escrevo artigos na internet e
para revistas maçônicas há mais de 10 anos, sobre os temas mais polêmicos, e
tenho mantido um diálogo elevado com os que me honram com suas leituras.
Escrevo para mais de 11.000 maçons em todos o Brasil e exterior e tenho um
retorno de mais de 18% sobre os temas abordados, alguns corroborando minhas
opiniões, outros discordando de algum ponto; outros acrescentando ideias e
sugerindo projetos.
Mas, desta vez, quando mexi no
ninho das cobras (o interesse econômico), uma ilustre plêiade fraterna
voltou-se contra mim (não contra minhas ideias, pois eles não têm o gabarito
necessário para combater ideias, mas somente o poder da força para tentarem
intimidar). Recebi ameaças explícitas, ameaças veladas e ameaças anônimas, por
todos os meios tentando me desestabilizar nas funções que exerço dentro da
Instituição maçônica a que pertenço e sirvo com denodo e desprendimento. Não
foi uma totalidade (creio que 1% dos que se intimidaram ou se remoeram de
inveja e ódio contra minha bem sucedida aceitação nos meios maçônicos). Mesmo
assim, 0,25% num universo de 11.000 representa 20 ou 27 pessoas que estão
comigo atravessado na garganta. Esses continuarão engasgados e sem saberem por
onde me pegar; salvo se uma bala perdida me acertar, e neste caso tenho amigos
e familiares que saberão de que arma partiu a bala assassina.
Até mesmo os menos letrados
tornaram-se, de repente, exímios escritores em textos covardes e desleais,
provando assim que outra pessoa instruída nas letras escreveu tais textos.
E-mails falsos e artimanhas de todos os tipos partindo de uma Organização que
deveria, antes de mais nada, zelar pela busca da Verdade.
Eles estão temerosos de quê? A
quem serve essa gente? Quem é o sinhozinho de engenho que os alimenta?
Pensam que meu interesse,
quando apareço na internet, é angariar simpatias para me candidatar a algum
cargo na Ordem ou no mundo profano? Enganam-se ou, como diria um velho amigo
meu: estão "enganadamente redondos". Eu não estou na Maçonaria par
"vir a ser" alguma coisa, pois eu já sou alguma coisa: em minha
carreira profissional gozo do respeito dos meus ex-alunos que fazem questão de
ostentar meu nome em seus currículos e teses universitárias; da mesma
forma meus colegas de trabalho e amigos que me reconhecem como cidadão honrado,
homem casado e pai de família, sem vícios ou distorções de conduta. Isso é
suficientes para que eu passe desta para a outra vida com a consciência
tranquila e feliz.
Estou na Maçonaria para
aprender mais, e para compartilhar aquilo que de graça recebo pela bondade do
Grande Arquiteto do Universo.
Não preciso dizer quais foram
os textos onde apontei minhas dúvidas sobre o estatuto do
desarmamento/armamento e o rompimento das barragens. Vocês devem ter lido
todos.
Prometo aos lacaios do poder
que não vou repisar no assunto, mas continuarem batalhando para mostrar onde
estão os entraves que emperram nossa Maçonaria e motivando a maioria silenciosa
a questionar tudo o que se faz contra a Liberdade, a Igualdade e a
Fraternidade. Só os que têm telhados de vidro têm motivos para se incomodarem
ou tomarem para si o que escrevo.
Dito isso, acho oportuno
transcrever partes do texto de LUIZ FLÁVIO GOMES que, para quem não sabe,
é renomado jurista brasileiro, fundador da primeira rede de ensino
telepresencial da América Latina.Coeditor do Portal Atualidades do Direito.
Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidad
Complutense de Madrid. Mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo. Professor de Direito Penal e Processo Penal em
vários cursos de pós-graduação, dentre eles a Facultad de Derecho de la
Universidad Austral (Buenos Aires, Argentina) e UNISUL, de Santa Catarina.
Luiz Flávio Gomes é professor
honorário da Faculdade de Direito da Universidade Católica de Santa María, em
Arequipa, no Peru. Foi Promotor de justiça em São Paulo de 1980 a 1983, Juiz de
Direito de 1983 a 1998 e advogado de 1999 a 2001. Individual expert
observer do X Congresso da ONU, realizado em Viena de 10 a 17 de abril
de 2000. Membro e consultor da delegação brasileira no décimo período de
sessões da Comissão de Prevenção do Crime e Justiça Penal da ONU, realizado em
Viena de 8 a 12 de maio de 2001. Secretário geral do Instituto Panamericano de
Política Criminal (IPAN).
Leiam o que ele diz (por
precaução, e para que eu não sofra novas retaliações, coloquei entre colchetes [...] os
nomes que Luiz Flávio Gomes cita abertamente.
"Nas democracias corruptas (escandalosamente “compradas” pelos
endinheirados) a sociedade não é governada pelas maiorias que saem das urnas
(muita gente não tem a mínima ideia disso), sim, pelo dinheiro das grandes
empresas (e/ou dos grandes empresários), que são (no final) os “governantes”
reais do país. A questão de fundo, na verdade, nem é o dinheiro em si, sim, os
interesses, normalmente escusos (quando não escatológicos), que ele representa.
Os exemplos dessa nefasta anomalia política (que é a democracia corrupta) se
multiplicam, no nosso país, infinitamente. Para citar apenas mais dois deles,
basta prestar atenção no que está ocorrendo hoje (26/11/14) na Câmara dos
Deputados, com as discussões do novo Código da Mineração assim como
do PL 3722/12, [...]que revoga o Estatuto do Desarmamento (Lei
10.826/03). Em ambos as comissões que estão discutindo tais assuntos foram
majoritariamente “compradas” (financiadas) pelos respectivos segmentos
empresarias (que doam dinheiro para as campanhas eleitorais e depois cobram o
retorno no momento da aprovação de projetos dos seus interesses). Mais
corrupção da democracia que isso é impossível imaginar."
E prossegue Luiz Flávio Gomes:
"Mesmo com as receitas momentaneamente em queda, as empresas
mineradoras e de metalurgia "doaram" na campanha deste ano (2014) R$
47,7 milhões e ajudaram eleger 166 dos 513 deputados federais e 14 dos 27
senadores (Valor 22, 23 e 24/11/14). Está em pauta o novo Código da Mineração.
Não é por acaso que sete dos dez deputados eleitos que mais receberam verbas do
setor ocupam assento (onde?) na comissão especial da Câmara que discute o novo
código. Que isenção têm esses deputados [...] para discutirem o novo Código da
Mineração? Lutar por interesses setoriais é do jogo democrático (muitos possuem
lobby para isso). O problema não é o pedido das empresas, sim, a falta de
isenção do parlamentar para discutir assunto do interesse de quem o
"financiou" [...]
"Passa-se a mesma coisa com o Estatuto do Desarmamento, que
está na pauta de discussão da Câmara dos Deputados (com audiência pública
marcada para 26/11/14). As empresas do setor ajudaram a eleger vários deputados
e senadores (a famosa "bancada da bala"), [...] composta por quem?
Majoritariamente (10 em 19) pelos integrantes da referida bancada. Repita-se:
que isenção têm esses parlamentares para discutir um assunto que envolve
diretamente seus "financiadores"? Mais um deplorável exemplo de "doação"
que é, na verdade, investimento. Quem monopoliza a área de armas e munições?
Taurus e CBC, justamente as que doaram (em 2014 – 57% e 43% respectivamente) R$
1.730.000 para financiar campanhas de 30 candidatos (deputados federais,
estaduais, senadores e governadores) de vários partidos. Mais de 70% dos
candidatos foram eleitos (14 deputados federais e 7 estaduais). PMDB e DEM
receberam 50% das doações. RS e SP ficaram com 50% das "prendas".
"O que os financiadores da bancada da bala estão pretendendo?
Incrementar os seus negócios (afinal, fizeram investimentos para isso). Que tal
se mais categorias puderem receber porte de armas? Num país que é campeão
mundial em mortes violentas (números absolutos, 70% por meio de arma de fogo),
não é difícil “vender” o produto da disseminação geral das armas de fogo. O PL
3722 revoga o Estatuto do Desarmamento, que impõe várias restrições à
fabricação e comércio das armas de fogo no país (foi o consenso a que se chegou
depois do referendo de 2005). Com isso, pretende-se que os cidadãos andem
armados nas ruas com mais liberdade. É tudo o que muita gente está querendo!
Ocorre que o Brasil hoje, pelos números que apresenta, já é um caos em termos
de violência. Estão agora pretendendo o abismo, porque o problema terrível das
armas de fogo não são armas (elas não disparam sozinhas), sim, os seus
portadores (em geral despreparados para o seu uso)."
FONTE:(http://institutoavantebrasil.com.br/democracias-corruptas-como-os-endinheirados-compram-os-parlamentares/)[DEMOCRACIAS
CORRUPTAS: COMO OS ENDINHEIRADOS “COMPRAM” OS PARLAMENTARES, 26 de novembro de
2014 ]
(*)O Irmão José Maurício Guimarães é Venerável Mestre e fundador da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati, Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais.
(*)O Irmão José Maurício Guimarães é Venerável Mestre e fundador da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Coronati, Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais.
RECEBA NOSSA NEWSLETTER
DOAÇÃO
2 Comentários
Sou Maçom sou a favor de porte de armas para cidadãos honestos. Elano
ResponderExcluirTambém sou maçom e sou completamente a favor do porte de armas. Meu direito pessoal à autodefesa é inalienável. O direito da sociedade de se autodefender contra ditaduras é o que legitima e consolida a verdadeira liberdade dos povos. O governo deve temer o povo e não o povo ao governo.
ResponderExcluir