Filipe
IV – O Belo, que mandou Jaccques De Molay à fogueira, para ser queimado vivo, é
apresentado à Maçonaria e aos jovens, que compõem os Capítulos De Molay, como
um verdadeiro representante de Satã na terra, sem um estudo mais aprofundado
sobre o assunto.
O
presente trabalho não tem como escopo absolver Filipe IV, mas analisar, sem
“paixonites desvairadas”, os motivos que culminaram com a execução do último
(oficialmente conhecido) Grão-Mestre Templário, com a finalidade de instruir
muitos maçons e jovens De Molay que, pelo grau de cultura não tão vastos que
possuem, e pala falta de maiores informações, acreditam, sem a devida pesquisa
e orientação, em tudo que ouvem falar.
Filipe
IV – O Belo, nasceu em 1268 e faleceu (talvez assassinado), em circunstâncias
estranhas em 1314. Era filho de Filipe III, a quem sucedeu no Trono da França
em 1825. Pertencia à Dinastia Carpetíngia, fundada por Hugo Capeto, e que durou
de 997 a 1328 (quase três séculos e meio).
Ambicioso,
inteligente e decidido, é considerado pela História como um dos maiores
soberanos da fase de transição do Feudalismo para o Estado Nacional em seu
país.
No
plano interno, impôs sérias restrições ao poder da grande nobreza, e tornou
mais complexa a estrutura administrativa do reino, especialmente nos setores
financeiro e judiciário. Ampliou os domínios reais, conseguindo-os
especialmente através da anexação dos feudos eclesiásticos.
Tornou-se
senhor da Champagne e da Navarra por meio de seu casamento com Joana de Navarra
(reino cristão situado na Espanha). Em 1294, declarou guerra ao rei inglês
Eduardo I, que detinha possessões em territórios da França. Envolveu-se num
difícil conflito com os Países Baixos (mais ou menos a Holanda atual), tendo
sofrido séria derrota em Epèros d’Or (1302); dois anos mais tarde alcançou a
vitória de Mons-em-Pévèle, que compensou o insucesso anterior e permitiu-lhe
tomar posse das castelanias de Lille, Douai e Béthume.
Teve,
porém de reconhecer a independência de Flandes.
A
mais séria questão internacional de que participou Filipe – O Belo, foi sem
dúvida, a que manteve com a Santa Sé, a partir de 1301. Inúmeras causas deram origem
ao atrito, destacando-se o fato de ter, o soberano francês, taxado bens da
igreja, em represália ao hábito do Papa, de dispor livremente dos domínios
religiosos na França, sem reconhecer a autoridade temporal do rei sobre os
mesmos.
Em
1303, Filipe é excomungado pelo Papa Bonifácio VIII. Transformado em protetor
da Igreja da França, o monarca cristaliza em torno de si, o sentimento nacional
nascente. Convoca, pela primeira vez na História da França, os Estados Gerais.
Ignorando a excomunhão, manda prender Bonifácio VIII, que vem a morrer.
Consegue então, eleger um Papa francês, Clemente V, o qual transfere a sede do
Papado para Avignon (território francês), dando origem a um período de sujeição
da Igreja, aos interesses da monarquia francesa.
Os
últimos anos do governo de Filipe IV foram atingidos por sérios problemas
internos, advindos, principalmente, da crise que assolou o Estado. Isto porque
o monarca não consegue resolver o impasse da obtenção de recursos, para fazer
face às novas despesas que sua política de centralização administrativa gerava.
Mesmo assim, ao morrer, dois terços do território francês achavam-se sob
controle direto da coroa e a monarquia gozava de grande prestígio e autoridade.
Este
é o perfil histórico de Filipe IV – O Belo, e da França em sua época. Vamos
analisar agora, a história real da Ordem do Templo, durante tal período.
ORDEM
DOS CAVALEIROS DO TEMPLO
Essa
organização religiosa-militar voltou da Palestina, após a perda definitiva das
possessões da cristandade no Oriente. Sem uma função definida, pois ela não
tinha mais peregrinos para proteger e Jerusalém era apenas um sonho do passado.
Os
Cavaleiros voltaram para o Ocidente, derrotados nas batalhas, mas não voltaram
com o orgulho quebrado. Seus soldados, mistura de monges e guerreiros, foram
responsabilizados pelas derrotas. A aristocracia e as realezas, que exerciam o
comando da Ordem, não podiam admitir que tinham errado. Tinham que
responsabilizar alguém.
Os
próprios membros do clero, enciumados pelo prestígio e privilégios da Ordem,
também contribuíram para divulgar notas desabonadoras, entre elas a terrível
acusação de heresias, que era julgada pelos Tribunais das Vehmes, os terríveis
Tribunais do Santo Ofício.
As
outras Ordens de Cavalaria tiveram mais sagacidade no retorno. Os
Hospitalários, logo se compromissaram com novas missões, que os mantiveram
ocupados e afastados dos comentários. Os Cavaleiros Teutônicos partiram para
conquistar nova terra e criar uma nova nação, na parte mais ao norte da Europa.
Os Templários permaneceram na Europa, donos de uma imensa fortuna e de um
gigantesco império econômico-militar.
Filipe
IV, Rei da França, um verdadeiro estadista, frio e de muita visão, sabedor dos
perigos que corria a monarquia por parte da alta nobreza, proprietária dos
feudos (Jaccques Burgundus De Molay pertencia à alta nobreza), percebeu que o
poderio dos Templários e o dos Hospitalários poderiam ter, se unidos.
Representariam eles, se unidos, o maior exército da cristandade, unido,
disciplinado, não composto de mercenários, e dotados de um ideal e de uma
fidelidade sem par, aliados a uma fortuna incalculável.
Insinuou
Filipe, que ele mesmo poderia ser o Grão-Mestre da nova Ordem. Afirmou,
entretanto, tentando aparentar humildade, que aceitaria um outro Grão-Mestre,
desde que… Indicado por ele.
Jaccques
De Molay, em resposta, disse simplesmente: “NÃO!” Não aceitava a união das
Ordens. Não renunciaria ao cargo de Grão-Mestre dos Templários; não aceitava
Filipe como Grão-Mestre, nem um preposto seu. Neste momento, a aliança e a
amizade entre o rei a Ordem se rompeu. Filipe passou a teme-la e a odiá-la,
assim como a De Molay.
O
ódio de Filipe pelos Templários, não se manifestou abertamente, de início. As
atitudes foram discretas. Começou com a remoção do Tesouro Real do Templo, que
foi transferido para o Palácio do Louvre. Continuou com a campanha surda,
rasteira e venenosa contra os Templários, contando com a submissão total de
Clemente V, o papa francês, com o papado instalado em Avignon.
Esta
campanha pregava, que a Ordem seria a responsável pelas épocas de fome, pois os
Templários, como senhores feudais que ram, especulariam com os cereais. Os
Templários pensariam mais em aumentar os seus tesouros do que libertar a Terra
Santa, comprometendo seu desempenho militar. O comportamento seria indigno da
Cavalaria, sendo mesmo criada uma expressão: “Blasfemar como um Templário”; de
blasfemos a hereges a distância foi curta.
Abertamente,
Filipe continuou a prestigiar a Ordem e a De Molay. Convidou-o a ser padrinho
de sua filha Isabel, futura rainha da Inglaterra. De Molay aceitou pressionado,
pois a Ordem proibia tal tipo de envolvimento por parte dos Cavaleiros.
Afirmava o Rei, para todos, que De Molay e seus guerreiros, eram os
sustentáculos do reino. Acumulou Jaccques De Molay de favores.
Num
gesto muito hábil, alegando querer acabar com os boatos que denegriam o bom
nome da Ordem, propôs a De Molay à abertura de um inquérito, com a finalidade
de!Restaurar a honra e o interesse da Ordem “. Ingenuamente, como ele próprio
afirmou mais tarde, De Molay aceitou a idéia”.
Em
outubro de 1307, Filipe, beijou De Molay com respeito. No dia seguinte, mandou
prender todos os Templários da França, sob a acusação de heresia.
Era
uma sexta-feira 13 (talvez aí esteja a superstição do azar da sexta-feira 13).
Jaccques
Burgundus De Molay, juntamente com 140 Cavaleiros Templários, foram presos pelo
Cavaleiro Guilherme de Nogaret. De Molay, permaneceu preso e submetido a
torturas para confessar heresias, por sete anos, sendo finalmente queimado
vivo, na Ilha dos Judeus, em frente à Catedral de Notre Dame, junto com três
outros dignitários da Ordem: O Visitador-Geral, O Preceptor da Normandia,
Godofredo de Charnay e o Comendador de Aquitânia.
Em
1312, o Papa Clemente V, através de uma Bula Papal, extingue, oficialmente, a Ordem
dos Cavaleiros Templários, tal data, somada a uma outra data, passou a se a
Bateria de determinado Gr do REAAque associou De Molay a um personagem
bíblico-maçônico, como as palavras de passe do referido Gr, copiados,
futuramente, por outros ritos.
Há
de se convir, que em tal época, Filipe – O Belo, estava preocupado com a
integridade e segurança da monarquia francesa, duramente ameaçada pelos fortes
senhores feudais, que compunham á alta nobreza francesa. No Séc. XI, a maior
parte das terras da França, Alemanha, Inglaterra e grandes extensões da Espanha
e da Itália, achavam-se divididas em feudos, mas no alvorecer do Séc. XIII, o
arcabouço do feudalismo já se encontrava seriamente abalado; dois séculos mais
tarde, com a Revolução Comercial, as Grandes Navegações, as grandes invenções,
e com o fortalecimento da burguesia, o sistema vai se extinguir em toda a
Europa.
Filipe
viveu intensamente esta época de alto risco para sua coroa e para a segurança
da monarquia francesa, e em são consciência, não iria admitir ser deposto do
trono, por representantes da alta nobreza, da qual De Molay fazia parte, que
detinha a produção de alimentos e gerava riquezas que garantiam exércitos
poderosos. Qualquer um que estivesse no lugar dele teria procedido da mesma forma
em defesa de sua coroa e monarquia. Para os moldes da época, procedeu
legalmente correto e garantiu a posse pela coroa francesa, de mais de dois
terços do território francês. Filipe e a França, no contexto da época, eram uma
só pessoa. O Rei era ao mesmo tempo, a França.
A
luta pelo Poder, vem da Idade da Caverna; nossos antepassados lutavam com seus
iguais por uma caverna melhor e mais segura. A luta, até os dias atuais, sempre
foi violenta, sem respeitar regras específicas. É, a dura lei do mais forte.
Exemplos: Tiradentes, os maçons José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima (Padre
Roma), Miguel Joaquim de Almeida (Padre Miguelinho), Domingos José Martins,
mártires da Revolução Pernambucana de 1817, foram considerados inimigos da
Coroa Portuguesa; Frei Caneca e Paes de Andrade lideres da Confederação do
Equador (1824), inimigos do I Império. Foram executados, sem que D. Pedro I,
também maçom e 2º Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil (que mandou fechar),
nada fizesse para evitar tais execuções, pois estava em jogo a coroa imperial.
Em
um passado nem tão distante, tivemos o Cap. Lamarca, que foi executado por ser
altamente perigoso aos interesses daqueles que detinham o poder na época, sem
podermos esquecer, que à luz da História, Jesus foi perseguido e crucificado
(há controvérsias), porque representava oposição ao Poder de Roma.
Na
Maçonaria do Brasil, a qual conheço relativamente bem, não existem execuções
físicas pela posse do poder, mas existem as “guerras frias”, através de
Tratados e Reconhecimentos Locais e Internacionais, por parte daqueles que
estão na posse do poder. Tudo fazem para manter tal posse, se possível, até à
morte, partindo tais dirigentes, contra qualquer um que possa representar
oposição a seus desmandos. Para neutralizarem os opositores, usam técnicas
refinadas do “disse-que-me-disse”, através de acusações sórdidas e infundadas,
chegando, não raras vezes a atacar a integridade moral dos opositores com
acusações anônimas e infundadas. Acho, que à maioria dos maçons já viu, várias
vezes, este filme.
Com
quem estava a razão? Com Filipe ou com Jaccques De Molay? Os dois defendiam
seus interesses próprios, cada um ao seu modo.
OBS:
Catalogado nos “Arquivos do Coré – Um Banquete de Maçonaria” – CD N° 001.
FONTE: MS MAÇOM
POR XIMENES
1 Comentários
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir