Por Ir.'. Rui Bandeira
Denomina-se de Cadeira de
Salomão a cadeira onde toma assento o Venerável Mestre da Loja quando a dirige
em sessão ritual.
Em si, não tem nada de
especial. É uma peça de mobiliário como outra qualquer. É como qualquer outra
cadeira. Porventura (mas não necessariamente) um pouco mais elaborada, com
apoio de braços, com maior riqueza na decoração, com mais cuidado nos acabamentos.
Ou não...
Como quase tudo em maçonaria,
a Cadeira de Salomão tem um valor essencialmente simbólico. Integra,
conjuntamente, com o malhete de Venerável e a Espada Flamejante (esta apenas
nos ritos que a usam), o conjunto de artefatos que simbolizam o Poder numa Loja
maçónica. Ninguém, senão o Venerável Mestre, usa o malhete respetivo. Ninguém,
senão ele, utiliza a Espada Flamejante. Só ele se senta na Cadeira de Salomão.
A Cadeira de Salomão
destina-se, pois, tal como os outros dois artefatos referidos, a ser
exclusivamente utilizada pelo detentor do Poder na Loja. Assim sendo,
importante e significativo é o nome que lhe é atribuído. Não se lhe chama a
Cadeira de César ou o Trono de Alexandre. Sendo um atributo do Poder, não se
distingue pelo Poder. Antes se lhe atribui o nome do personagem que personifica
a Sabedoria, a Prudência, a Justa Sageza. Ao fazê-lo, está-se a indiciar que,
em Maçonaria, o Poder, sempre transitório, afinal ilusório, sobretudo mais
responsabilidade que imperiosidade, só faz sentido, só é aceite, e portanto só
é efetivo e eficaz se exercido com a Sabedoria e a Prudência que se atribui ao
rei bíblico.
Quem se senta naquela cadeira
dispõe, no momento, do poder de dirigir, de decidir, de escolher o que e como
se fará na Loja. Mas, em maçonaria, se é regra de ouro que não se contraria a
decisão do Venerável Mestre, porque tal compromisso se assumiu repetidamente,
também é regra de platina que, sendo-se livre, não se é nunca obrigado a fazer
aquilo com que se não concorda. O Poder do Venerável Mestre é indisputado. Mas,
para ser seguido, tem de merecer a concordância daqueles a quem é dirigido. E
esta só se obtém se as decisões tomadas forem justas, forem ponderadas, forem
prudentes. O Poder em maçonaria vale o valor intrínseco de cada decisão. Nem
mais, nem menos.
A Cadeira de Salomão é pois o
lugar destinado ao exercício do Poder em Loja, com Sabedoria e Prudência.
Sempre com a noção de que não é dono de qualquer Poder, que só se detém (e
transitoriamente) o Poder que os nossos Irmãos em nós delegaram, confiando em
que bem o exerceríamos.
Não está escrito em nenhum
lado, não há nenhuma razão aparente para que assim tenha de ser. Mas quase
todos os que se sentaram na Cadeira de Salomão sentem que esta os transformou.
Para melhor. Não porque esta Cadeira tenha algo de especial ou qualquer mágico
poder. Porque a responsabilidade do ofício, o receber-se a confiança dos nossos
Irmãos para os dirigirmos, para tomar as decisões que considerarmos melhores,
pela melhor forma possível, por vezes após pronúncia dos Mestres da Loja em
reunião formal, outras após ter ouvido conselho de uns quantos, outras ainda em
solitária assunção do ónus, transforma quem assumiu essa responsabilidade. A
confiança que no Venerável Mestre é depositada pelos demais é por este paga com
o máximo de responsabilidade. Muito depressa se aprende que o Poder nada vale
comparado com o Dever que o acompanha. Que aquele só tem sentido e só é útil e
é meritório se for tributário deste.
A primeira vez que um
Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão não lhe permite distinguir se é
confortável ou não. Não é apta a que sinta que se encontra num plano superior
ou central ou especial em relação aos demais. A primeira vez que um Venerável
Mestre se senta na Cadeira de Salomão vê todos os rostos virados para ele.
Aguardando a sua palavra. Correspondendo a ela, se ela for adequada. Calmamente
aguardando por correção, se e quando a palavra escolhida não for adequada. A
primeira vez que um Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão fá-lo
instantaneamente compreender que está ali sentado... sem rede!
E depois faz o seu trabalho. E
normalmente faz o seu trabalho como deve ser feito, como viu outros antes dele
fazê-lo e como muitos outros depois dele o farão. E então compreende que não
precisa de rede para nada. Que o interesse é precisamente não ter rede...
Quem se senta na Cadeira de
Salomão aprende a fazer a tarefa mais complicada que existe: dirigir iguais!
Fonte: A Partir Pedra
4 Comentários
Justo e Perfeito!!!
ResponderExcluirJusto e Perfeito!!!
ResponderExcluirSó dar para sentir o poder da Cadeira do Rei Salomão quem é ou já foi um MI
ResponderExcluirMuito pertinente e acertado...
ResponderExcluirBom ter o Ir.´. Geraldo no O Malhete oferecendo suas aptidões.
Dou fé;