Por Ir.'. João Anatalino
“Depois disso um homem da família de Levi,
partiu e tomou por esposa uma mulher de sua estirpe, a qual concebeu, e deu à
luz um filho (...)“Êxodo, 1;1,2.
Quatrocentos anos
Israel viveu como escravo,
No vale do Nilo
sofrendo angústia e muita dor.
Mas seu coração foi
sempre fiel e muito bravo,
E não se afastou
dos bons caminhos do Senhor.
Todo esse tempo
eles mantiveram a esperança,
Que o Senhor Deus
do seu povo se lembrasse,
E cumprisse a
promessa de lhes dar a liderança,
Que daquela abjeta
e vil servidão os libertasse.
Pois foi então que
do útero da levita Iochabel,
A mulher de Anrin,
pai de Miriam e de Aarão,
Deus fez nascer um
líder para o povo de Israel.
Assim foi Moisés −
maçom de muitos talentos,
Que além de
libertar o seu povo da escravidão
A ele deu também
uma pátria e Mandamentos.
A IRMANDADE DE
ISRAEL
A tradição maçônica sugere que a antiga
Israel, nos moldes em que Moisés a organizou, constituía uma verdadeira
irmandade, a qual legou á moderna maçonaria a maior parte dos seus fundamentos
históricos e filosóficos, além de fornecer o essencial do simbolismo que nela existe.
Essa é uma verdade inconteste, porquanto não se pode negar que a essência dos
ensinamentos maçônicos, principalmente nos chamados graus superiores, está toda
centrada em motivos bíblicos, tratados, em sua maioria, de forma simbólica e
alegórica, como convém á tradição maçônica.
Em nossa opinião, o proto estado de Israel,
que perdurou por cerca de dois séculos antes de se tornar um verdadeiro reino,
pode ser considerado como uma espécie de vivência maçônica bastante peculiar.
Tanto é que o rito do Arco Real se refere à Loja presidida por Moisés no Monte
Horeb como sendo a primeira Loja maçônica do mundo.
Por isso, a idéia que os cronistas bíblicos
nos passam, quando se referem á Israel bíblica dos tempos de Moisés, e até os
dias de Samuel, quando se tornou efetivamente um reino, é a de que os hebreus
viviam num espírito de Loja, ou seja, eles constituíam uma comunidade ligada
pelo sangue e por elementos culturais próprios, distintos e fortemente marcados
por um elevado sentimento de corporativismo, marca registrada das sociedades
desse tipo.
·
A noção de Loja, aqui é referida
como sendo uma congregação de pessoas reunidas para um determinado fim. Essa
intuição não é nossa. Ela tem sido utilizada de forma geral por todas as
vertentes maçônicas, que vêem na Loja uma congregação de Irmãos, reunidos em
determinado local, comumente chamado de Templo, para cuidar dos interesses do
grupo. Essa noção, embora tenha sido copiada diretamente da prática exercida
pelos antigos pedreiros medievais, tem, não obstante, sua inspiração mais
antiga nos primeiros tempos de organização do povo de Israel, quando este ainda
vagava pelo deserto, recém saído do Egito após ter ali vivido como escravo
durante mais de quatrocentos anos. Essa noção nos vem do fato de que nesse
período os israelitas se organizavam em acampamentos, distribuídos entre as
doze tribos que formavam aquele povo, vivendo sob a autoridade de líderes por
eles escolhidos, orientados por mestres supostamente indicados pelo próprio
Deus de Israel. As regras de convivência eram claramente inspiradas no espírito
de Irmandade, como se pode verificar na legislação contida nos cinco livros da
Torá, compêndio histórico-jurídico que se supõe tenha sido redigido por Moisés
para regular a vida do povo de Israel.
·
Essas referências são encontradas
em todos os cinco livros do Pentateuco, porém são mais explícitas no
Deuteronônio, livro chamado de Segunda Lei, que além de reafirmar todos os
mandamentos e prescrições contidos no Êxodo e no Levítico, contém ainda uma
série de outras prescrições que foram incorporadas á legislação da antiga nação
de Israel. Essa é, em nossa análise, a razão pela qual os maçons adotaram
tantos símbolos e referências à cultura israelita e também o motivo de os
encontrarmos disseminados por todos os graus do moderno catecismo maçônico.
Essas inferências não se devem apenas a admissão de judeus na Ordem, como de
ordinário acreditam alguns autores, mas porque a própria cultura maçônica
desenvolveu-se a partir do núcleo israelita e busca recompor, no simbolismo e
no objetivo contido na idéia de fraternidade praticada pela maçonaria moderna,
os mesmos sentimentos que motivaram a fundação da antiga nação de Israel. Dessa
forma, podemos dizer que se existe um arquétipo inspirador para a Arte Real
hoje praticada, esse é a Israel bíblica. (Extraído do livro O Tesouro Arcano-
Madras, 2013-no prelo)
A INFLUÊNCIA
EGÍPCIA DE MOISÉS
Essas especulações são fundadas em antigos
textos que sugerem que Moisés, antes de fundar a Irmandade de Israel, foi
príncipe do Egito e membro da Sublime Ordem dos Irmãos de Heliópolis. A
condição de nobreza de Moisés é informada na própria Bíblia, que registra sua
adoção por parte de Bíthia, a irmã do Faraó. Assim, Moisés teria sido criado na
família real, e ostentava o título de príncipe, pois era sobrinho adotivo do
Faraó. Já a informação de que ele teria sido sacerdote na Sublime Ordem dos
Irmãos de Heliópolis é uma especulação nossa, mas que encontra um forte
alicerce de sustentação no fato de que Moisés, como também seu irmão Aarão,
eram detentores de muitos conhecimentos arcanos, os quais não eram próprios da
tradição do povo de Israel, mas sim da rica cultura simbólica desenvolvida
pelos hierofantes egípcios.
·
Como as habilidades de
prestidigitador, que Moisés exibiu perante o faraó, fazendo seu cajado
transformar-se em serpente, ou no famoso episódio da Serpente de Bronze, que é
claramente iniciático e tem um profundo significado simbólico. Aarão também
demonstrou estar na posse desses segredos arcanos ao fabricar o Bezerro de
Ouro. Aliás, somente uma pessoa com tais habilidades teria o poder de
“fabricar” um deus. A esse respeito, não é demais lembrar que o Bezerro de
Ouro, fabricado por Aarão, nada mais era do que uma réplica do deus egípcio
Apis, e que evidentemente devia ser uma deidade adorada por Aarão quando este
exercia suas funções sacerdotais no Egito. Não poderia ele ter esculpido um
ídolo dessa categoria se não tivesse habilidades adquridas anteriormente.
Aliás, essas habilidades, exibidas tanto por Moisés quanto por Aarão, jamais
seriam encontradas em um hebreu, pois ele não poderia adquiri-las em virtude da
própria proibição dessas práticas, já existentes na cultura israelita anterior
á sua vivência no Egito. A aversão dos israelitas pela prática da magia e
semelhantes artes já era patente nos tempos de Abraão.
Mas
a Irmandade de Heliópolis, como se sabe, era recipiendária de antigos segredos
arcanos, que se referiam principalmente ás artes da agricultura, arquitetura,
metalurgia e medicina. Esses conhecimentos estavam conectados á religião, pois
a crença comum era a de que eles tinham sido transmitidos pelo Deus Osíris á
humanidade.
Nessa
Irmandade, que congregava os grandes sábios e as principais personalidades do
estado egípcio, supõe-se que Moisés e seu irmão Aarão exerceram altas
dignidades. Isso deve ter ocorrido antes de os egípcios descobrirem que Moisés
era, na verdade, descendente de pais hebreus, e do próprio Moisés ter ciência
desse fato, pois que essa descoberta por certo deve ter feito uma verdadeira
revolução na sua cabeça, contrastando as crenças do seu povo com aquelas que
professava como sacerdote da religião egípcia.
·
Os hebreus, seus irmãos de
sangue, cultuavam um único Deus, cujo nome podia ser escrito de diferentes
formas, mas a pronúncia do verdadeiro nome lhes era proibida, razão pela qual
eles o chamavam por vários nomes alternativos. Os historiadores Maneton e
Apion, que viveram no terceiro século a C e primeiro século depois de Cristo,
respectiva- mente, foram os primeiros autores a publicar tais informações a
respeito dessa vida desconhecida de Moisés. Quanto aos nomes de Deus, é sabido
que Senhor, Adonai, Jeová, Elohin, Abba, etc. são nomes alternativos que os
hebreus usavam para se referir a Ele, evitando dessa forma, pronunciar seu
verdadeiro nome, que era grafado com as letras IHVH, mas jamais pronunciado em
sua forma verbal. Por isso, inclusive, a proibição formal constante do
Decálogo, que no segundo mandamento concita Israel a não “pronunciar o nome do
Senhor em vão”.(Extraído do livro O Tesouro Arcano- Madras, 2013, no prelo).
Mas
se os hebreus tinham uma visão essencialmente espiritual de Deus, os egípcios,
ao contrário, como todas as nações antigas, não distinguiam a política da
religião. O soberano era uma extensão da divindade local. Na época em se supõe
Moisés tenha vivido, Tebas era a capital do Egito e o deus daquela cidade,
Amon-Rá, a principal divindade do país. Os santuários de Luxor e Carnac, em
Tebas, dominavam a vida religiosa e política da nação, mas o santuário de
Heliópolis, no alto Egito, o mais tradicional do país, não havia perdido sua
influência nem abdicara de pretensão de conduzir a vida espiritual dos
egípcios. Essa conjuntura era motivo de constantes conflitos entre o poder
político, exercido pelo faraó, e o religioso, exercido pelos sacerdotes daqueles
santuários.
O
deus de Tebas era aquele que os egípcios chamavam de Amon-Rá. Amon- Rá era
considerado o rei dos deuses, e tinha sua principal representação no sol, o
astro-rei, “aquele que morre á tarde e renasce pela manhã”. A crença do povo
egípcio era a de que nessa capacidade que o sol possuía, de sumir e reaparecer
de novo todos os dias, estava a explicação do grande mistério da morte e do
nascimento da vida na terra. Todas as coisas morriam quando as trevas as
envolvia, e tudo renascia quando a luz voltava. Assim, as trevas (reino de
Seth) era o período em que o indivíduo atravessava a Tuat, a terra dos mortos,
e a luz era o reino de Amon-Rá, onde se processava a ressurreição das almas,
que em vida tinham vivido de acordo com as leis da Maat, a deusa da Justiça.
Osíris era o deus que conduzia a alma do defunto por esse território de trevas
e Amon-Rá era cultuado como sendo o “poder que dá a vida”, o poder oculto na
luz do sol.
·
Essa crença era adotada, de uma
maneira geral, pelos egípcios e eles a praticavam em forma de ritos e
sacrifícios em homenagem ao Deus Sol. Daí se dizer que a religião egípcia era
uma religião solar, pois tinha no astro-rei a sua divindade suprema. Além disso,
a religião egípcia tinha, com relação aos astros de primeira grandeza e extrema
luminosidade, uma autêntica atitude de veneração. Acreditava-se que seus
grandes reis se tornavam estrelas de primeira ordem, irradiando luz e virtude
sobre o país, orientando-o em todos os setores da vida. Em razão disso, os
templos egípcios eram todos orientados em direção a estrela Spica, ou Sírius, a
estrela mais brilhante no céu do hemifério norte, como uma homenagem á luz,
fonte de toda vida e guardiã de todos os mistérios.
·
Essa tradição ainda hoje é
evocada na maçonaria, pois em todos os templos maçônicos o sol é sempre
figurado como representação da majestade do Grande Arquiteto do Universo, sendo
a sua luz que é comunicada através da estrela flamejante. O sol representa a
luz por excelência. Daí, inclusive, o simbolismo da estrela flamígera, símbolo
que evoca esse poder que vem da luz, ou seja, do sol, a Potência Máxima que se
coloca no Oriente e é representado, no templo maçônico, pelo seu Venerável
Mestre.
ESPECULAÇÕES
INSTIGANTES
Uma
antiga tradição, coletada pelo historiador Apion (provavelmente na obra de
Maneton) se refere a um sacerdote chamado Osarseph, que se tornou governador de
uma província egípcia, onde a maioria dos habitantes era de origem estrangeira.
Isso teria acontecido logo depois da expulsão dos hicsos, povo semita que
dominou o Egito durante mais de dois séculos, povo esse que seria aparentado
com os hebreus. Apion diz, inclusive, que esse povo, os hicsos, conhecidos como
povos pastores, após ter sido expulso do Egito, emigrou para a Palestina, tendo
fundado a cidade de Jerusalém. Assim, é lícito supor que a província acima
referida, governada pelo sacerdote Osarseph, pode ter sido Gósen, a terra onde
a Bíblia diz que os hebreus habitavam. Esse sacerdote teria vivido na época do
faraó Amenhotep IV, e aos vinte anos foi investido no alto cargo de sacerdote
em Heliópolis.
·
O nome de Moisés não aparece em
nenhum documento egípcio, mas o vizir Osarseph é citado em estelas e inscrições
da época como sendo um importante dignatário, que além de exercer funções
sacerdotais, também foi governador e mestre arquiteto da casa real, tendo
construído grandes monumentos no país. A suposição que aqui se faz é a de que
Osarseph e Moisés podem ser a mesma pessoa. Nesse caso o faraó Akhenaton
(Amenhotep IV) teria feito de Moisés o Sumo Sacerdote da nova religião que ele
quis implantar no Egito. Podemos inferir também que ele lhe deu o governo da
terra de Gósen, onde habitavam os hebreus, seus conterrâneos. Dessa forma,
Moisés teve condição de organizar os trabalhadores hebreus numa espécie de Confraria,
que teria sido responsável por grandes obras de arquitetura no país. Segundo a
Bíblia, os hebreus ergueram as cidades de Tendas, Fiton e Ransés. As duas primeiras
eram cidades armazéns e a última uma cidade santuário que depois foi dedicada
ao faraó Ransés II, que subiu ao trono em 1290 a C, cerca de 35 anos após a
fuga de Moisés do Egito.
·
Gósen é identificada como a
antiga Avaris, capital dos hicsos, povo semita que dominou o Egito entre os
séculos XVIII a XV a C. As fontes que nos levam a essa especulação constam dos
relatos feitos por Apion e também por Maneton. No entanto, Maneton se refere a
essa organização de pedreiros como sendo composta por hebreus e egípcios
expulsos das cidades pelo fato de serem leprosos (o que justifica o fato de
Moisés se preocupar tanto com a lepra entre os hebreus e até ter prescrito
muitas regras a respeito do tratamento dessa doença.
·
Apion, entretanto, diz que esses
leprosos tinham sido postos a trabalhar nas pedreiras para que não
contaminassem a população sadia. Lá eles teriam se organizado e escolhido como
seu líder um sacerdote de Heliópolis chamado Osarseph, o qual lhes deu uma
organização corporativa, que repudiou os deuses do país e adotou costumes
completamente diferentes dos vigentes entre os egípcios. Esses costumes eram
muito semelhantes aos que Moisés prescreveu para os hebreus, razão pela qual se
sugere aqui que a história de Moisés, conforme contada no Êxodo, talvez tenha
origem nesses eventos. (Extraído do livro O Tesouro Arcano- Madras, 2013- no
prelo).
OS HEBREUS E SUA
FAMA DE PEDREIROS
A
Bíblia informa que os hebreus viveram como cativos durante quatrocentos anos no
Egito. Foram libertados por Moisés, depois que Deus castigou os egípcios com
dez horríveis pragas, que sobre o país se abateu de forma miraculosa. A nossa
opinião é que as chamadas dez pragas do Egito são, como a grande maioria dos
eventos narrados no Êxodo, simbolismos que ocultam ensinamentos esotéricos e
não fatos históricos que realmente ocorreram tais como foram descritos.
Essa
opinião deriva do fato de a Bíblia constituir-se num grande repertório de
simbolismos e conhecimentos arcanos, que precisam ser efetivamente
decodificados para assumir o seu real significado. Em outro ensaio exporemos o
nosso entendimento a respeito desses singulares contos que envolvem as Dez
Pragas do Egito, os Dez Mandamentos, a Dez Séfiras da Árvore da Vida, e outros
simbolismos semelhantes. Eles são, em nossa opinião, alegorias alicerçadas no
mesmo arquétipo. Por ora só apontaremos que existe uma relação simbólica entre
esses três elementos da tradição hebraica e que eles estão conectados com
conhecimentos arcanos de grande importância, transmitidos pela ciência da
Cabala.
Todavia,
a Bíblia não informa a data em que os hebreus imigraram da Palestina para o
Vale do Nilo, mas o calendário hebraico registra que esse Êxodo ocorreu em
2.448 a C. ano que corresponde, no calendário cristão, ao de 1453 a. C. Assim,
se os hebreus viveram no Egito durante 430 anos, é lícito supor que eles para
lá devem ter imigrado depois de 1800 a. C. Essa data foi inferida pela
informação contida em Reis, 6;1. Ali se diz que o Êxodo teria ocorrido 480
antes do início da construção do Templo de Jerusalém. Como essa construção
começou por volta de 1112/1113 a.C., chegamos, por dedução, às datas acima
mencionadas.
Por
outro lado, se tomarmos por base os trabalhos de Apion e Maneton é possível
calcular que essa imigração tenha ocorrido entre 1780 e 1580 a C, numa época em
que o Egito estava sendo governado pelos hicsos, povo semita que se supõe ser
da mesma origem que os hebreus.
Apion,
segundo nos informa Flávio Josefo (Contra Apião, Livro I, Cap. 26, 28) nos
informa que os hicsos imigraram para o
Vale do Nilo e conquistaram o Egito sem luta, mas por terem religião e cultura
diferente dos egipcios, acabaram “destruindo cidades e "os templos dos
deuses", provocando grande matança e devastação no país”.
Informa
também que seus “reis pastores” governaram o Egito por cerca de duzentos anos,
estabelecendo sua capital no Delta do Nilo, na cidade de Aváris. Mas por volta
de 1580 a C. um faraó de nome Amósis, comandou uma campanha militar contra
Avaris e expulsou os hicsos de volta para a Palestina. Lá eles fundaram
Jerusalém. Essas informações, todavia, são refutadas por Flávio Josefo, que
acusa Apion de farsante e falsificador da história hebraica, pois que tira dela
o seu caráter heroico, transcendental, conforme narrado na Bíblia. (Flávio
Josefo, Contra Apião, Vol. I, pág. 73-105 § 14-6; pág. 223-232 § 25-6).
Todavia,
esse antigo historiador também informa que um grande grupo de 80 mil leprosos e
doentes, após a partida dos hicsos, teria recebido permissão para se
estabelecer em Aváris. Esses leprosos, eram, em sua maioria, descendentes dos
hicsos, e mais tarde se rebelaram e chamaram de volta os "reis
pastores", que voltariam para destruir cidades e aldeias e “cometer
sacrilégio contra os deuses egípcios”. Por fim, teriam sido derrotados e
expulsos do país. Esses últimos, segundo infere Apion, seriam os hebreus do
Êxodo.
A
versão de Apion, embora contestada por Flávio Josefo e oposta ao que escreveram
os cronistas bíblicos, parece estar mais de acordo com a verdade histórica.
Afinal, não se encontrou ainda na vasta historiografia egípcia desenterrada
pelos historiadores e arqueólogos, qualquer menção á passagem do povo hebreu
pelo Egito na época mencionada pela Bíblia, nem dos prodígios ali narrados.
Tudo leva a crer que os sucessos referidos nas crônicas bíblicas se referem a
memórias de fatos ocorridos no Egito na época dos hicsos, envolvendo os
ancestrais dos hebreus, que ali viveram e se envolveram nos conturbados
acontecimentos que se seguiram á expulsão daquele povo, particularmente a
famosa revolução monoteísta provocada pelo faraó Akhenaton.
É
dessa forma que sustentamos a nossa especulação com respeito ás origens da
tradição maçônica sustentada na experiência israelita e a idéia de que Moisés teria
sido o verdadeiro fundador dessa tradição. Essas inferências podem ser
recenseadas em todos os rituais maçônicos e estão insertas em praticamente
todos os ensinamentos dos diversos graus. Por isso a nossa assertiva de que
Moisés teria sido o primeiro maçom de fato.
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