Por Kennyo Smail
Pra
começar, esse negócio de chinelo é coisa relativamente nova, apenas para os
candidatos não pegarem um resfriado, machucarem o pé ou mesmo se sujarem em
demasia. Preocupações que não existiam anteriormente, mas passaram a fazer
parte da sociedade. Afinal de contas, pé com chinelo não é pé descalço!
Os
rituais e livros são extremamente omissos quanto ao motivo do descalçamento,
muitas vezes informando apenas que se trata de uma questão de respeito. Há
ainda os “achistas” de plantão, para viajarem em teorias tendenciosas e sem
embasamento como Jesus lavando os pés de um discípulo, ou que o caminho do
candidato é ao Oriente e no Oriente (Japão) as pessoas tiram os calçados para
entrar em casa. Se neles falta pesquisa, sobra imaginação. Não me assustará se
uns desses quiserem um dia lavar o pé do candidato no Mar de Bronze!
Para
demonstrarmos a antiguidade e a importância do costume do descalçamento,
podemos recorrer a vários povos e épocas. Entre os exemplos, há no livro
“Êxodos”, 3:5, quando Deus fala com Moisés por meio de uma “sarça ardente”:
“não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu
estás é terra santa.” Outro exemplo interessante, dum personagem muitas vezes
ligado à Maçonaria, é uma instrução de Pitágoras aos seus discípulos: “Ofereça
sacrifício e adoração descalço” e “Devemos nos sacrificar e entrar nos templos
sem sapatos”.
Tal
costume, existente entre judeus e gregos, também é observado entre muçulmanos,
hinduístas, e várias religiões orientais, o que comprova seu caráter universal.
Tão antigo e presente em tão diferentes povos e culturas, é impossível e
desnecessário determinar seu início e origem. Parece fruto de um senso comum,
assim como a própria existência de um Ser Superior. Trata-se de um óbvio
reflexo do simbolismo dos templos: um local sagrado é um local puro, portanto,
livre do que é sujo. Dessa forma, o pé descalço simboliza o respeito e a
deferência da pessoa para com aquele lugar, seu reconhecimento de que aquele
solo é realmente sagrado.
Mas,
como sempre, alguns ritualistas fizeram o favor de desconsiderar a história e o
motivo de existir do rito de descalçamento, tornando os rituais, no mínimo,
incoerentes: os candidatos descalçam o pé para pisarem num lugar puro, mas
colocam sandália para não sujarem o pé. Uma verdadeira distorção do símbolo e
de sua simbologia. Será que é preguiça de limpar a Loja? Espero
que não.
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1 Comentários
Concordo mas também gosto da explicação que contém em Rute 4 1:10.
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