A COMUNIDADE ESSÊNIA
Há
utopias sonhadas e utopias tentadas. Umas assumem feições políticas, outras se
mantém no terreno da religião. Algumas são apenas sonhos de filósofos, que
jamais saem do papel. Nesse rol alinhamos as Utopias renascentistas de Thomas
Morus e Cidade Mágica do Sol, de Tommaso Campannela.
A
Maçonaria é uma utopia filosófica e seus cultores, não raras vezes, tem
influenciado na vida prática dos povos. Seu envolvimento com a política é muito
mais estreito do que com a religião, embora muitas vezes seja confundida com
uma, justamente pelo fato de incorporar em seus catecismos diversos motivos
temáticos e litúrgicos inspirados por seitas religiosas, algumas inclusive,
anteriores ao Cristianismo.
Uma
das seitas que muito influenciaram a Maçonaria, em sua face espiritualista, foi
a seita dos essênios, cuja organização, estrutura, doutrina e prática de vida a
coloca na categoria de uma utopia politico/religiosa.
Os
essênios constituíam uma comunidade místico-religiosa formada por iniciados nos
mistérios da religião hebraica. Seus membros acreditavam ser detentores do
verdadeiro conhecimento sagrado, aquela sabedoria que Deus comunicara aos
primeiros homens e que desaparecera da terra após o dilúvio. Muitos escritores
de orientação espiritualista os fazem herdeiros dos atlantes, atribuindo-lhes
diversos conhecimentos iniciáticos, que a eles teriam sido repassados por
mestres egípcios.
Duas
das tradições legadas pelos essênios á História do pensamento místico,
tradições estas que são aproveitadas no simbolismo maçônico de vários graus
superiores, são a idéia do Homem Universal e o mistério ligado ao verdadeiro
significado do Nome de Deus. Tanto a mística do Filho de Deus que se faz Filho
do Homem para redimir a humanidade pecadora, quanto o poder que se encerra no
Inefável Nome de Deus foram tradições desenvolvidas pela doutrina essênia e
repassadas á tradição da Cabala. Pela Cabala elas entraram na Maçonaria e tornaram-se simbolismos utilizados para
veicular ensinamentos morais no catecismo das Lojas de Perfeição e Capitulares,
e nos graus filosóficos das Lojas do Kadosh.[1]
QUEM ERAM OS
ESSÊNIOS
Entre
os judeus, os essênios podem ser considerados uma espécie de sociedade secreta,
de caráter religioso, cujos membros discordavam da orientação imprimida á sua
religião. Formando uma verdadeira Fraternidade, eles se afastaram do convívio
social e desenvolveram uma espécie muito particular de comunidade, que na
verdade, tinha um objetivo bem definido: preparar uma nova sociedade de eleitos
de Deus, que seria a herdeira da Nova Aliança, quando o Messias viesse ao
mundo.
Nesse
sentido, eles desenvolveram um complexo sistema religioso de cerimônias de
iniciação, semelhante ao das seitas iniciáticas do antigo Egito e da Grécia
Clássica. Exigiam juramentos solenes de obrigações fraternas e um estrito
silêncio sobre suas práticas, crenças e tradições, ao mesmo tempo que
inculcavam na cabeça de seus adeptos uma filosofia de vida que muito se aproximava
das seitas ascéticas da época, particularmente os cristãos.
As
pesquisas mais recentes sobre os documentos essênios encontrados em Qumrân,
localidade próxima ao Mar Morto, em 1948, revelaram que suas doutrinas tinham
uma grande semelhança com aquelas pregadas por Jesus, o que levou muito autores
a considerá-los como inspiradores dos cristãos.
A
idéia que se fazia dos essênios, a partir de informações extraídas de
escritores antigos, como Philo de Alexandria, por exemplo, que já no século I
da era cristã confessava a influência que deles teria recebido, era a de que
eles constituíam uma comunidade de magos, grandes conhecedores de segredos da
natureza, detentores de uma sabedoria muitas vezes milenária, oriunda, talvez,
de uma civilização desaparecida.
Por
força de tais informações, os essênios sempre foram envolvidos por uma aura de
misticismo e mistério. Porém, com as descoberta dos pergaminhos do Mar Morto,
uma nova luz foi lançada sobre essa interessante comunidade, que sobreviveu por
mais de dois séculos em condições políticas muito adversas, graças á prática de
um tipo muito peculiar de Irmandade.
SÍNTESE HISTÓRICA
A
comunidade essênia foi fundada por um personagem misterioso, referido na sua
literatura ora como Mestre Perfeito, ora como Mestre Verdadeiro. Não se sabe
quem foi realmente esse personagem singular, mas acredita-se que tenha sido um
sacerdote levita, que revoltado com a corrupção do clero israelita da época,
(início do século II a. C.), retirou-se para a clandestinidade, arrastando com
ele um vasto contingente de seguidores, insatisfeitos com os rumos que a
religião vinha tomando em Israel.
Uma
ligeira síntese histórica ajuda a fazer uma idéia daqueles tempos. No século II
a C., Israel fazia parte do chamado mundo helênico, pois desde o século IV a C.
a Palestina tinha sido incorporada ao império persa, o qual por sua vez, fora
conquistado por Alexandre Magno entre 326 e 323 a C.
Após
a morte de Alexandre, seu império foi dividido entre seus generais. A parte
correspondente á Síria e Palestina ficou com Antioco, que estabeleceu a sede de
seu governo na Síria. Por volta do início do século II a C. reinava na Síria um
de seus descendentes, chamado Antioco Epifanes.
O
historiador Flávio Josefo nos dá uma idéia do ambiente que reinava em Israel
naquela época. Naquele tempo Israel era governado por uma casta sacerdotal, que
além de orientar os rumos da sua política, também era responsável pela
manutenção da pureza da religião de Israel. Mas essa casta só se preocupava em
manter seus privilégios, submetendo-se ás pressões e influências estrangeiras,
permitindo a opressão politica e econômica do povo e tolerando que sua religião
fosse contaminada pela idolatria dos cultos gregos e egípcios, que os exércitos
de Alexandre haviam espalhado por todo o Oriente.[2]
Os
israelitas sempre foram muito ciosos a respeito de sua religião. Muitos
preferiam morrer a adorar ídolos estrangeiros ou violar os preceitos da Torá.
Essa situação, que existiu durante toda a época da dominação helênica, e se
prolongou durante a ocupação romana, não raramente ensejava motivos para a
eclosão de sangrentas revoltas.
Durante
a época de Jesus, essa situação não se modificara, como se pode perceber no seu
magistério. Jesus fazia ferrenha oposição á classe sacerdotal da sua época,
conforme se lê nos Evangelhos. Essa classe, composta pelos escribas, fariseus e
saduceus, interpretava a lei em seu próprio beneficio e lançava sobre os ombros
do povo cargas insuportáveis, “que nem com um dedo queriam levantar”, como ele
dizia.
Na
verdade, os escribas e fariseus que “se sentavam” na cadeira de Moisés e
lançavam “cargas insuportáveis” sobre os ombros do povo, faziam parte de uma
classe que, desde a conquista helênica, preferira se aliar aos dominadores ao
invés de defender suas próprias crenças e tradições. Com isso não concordavam
os “puristas”, os ortodoxos, os cultores da idéia de uma religião isenta de
qualquer influência pagã. Esses
“puristas” julgavam ser o culto á deuses estrangeiros, a maior das ofensas que
se podia fazer a Jeová. Entre esses grupos de puristas, estavam os zelotes e os
essênios.
O MESTRE VERDADEIRO
Um
desses homens “puros” foi, sem dúvida, o chamado Mestre Verdadeiro, que fundou
a comunidade essênia. No inicio do século II a C., o sacerdócio era exercido
pela família de Matatias, um rabino da tribo de Levi, famoso por suas posições
de defesa intransigente da lei mosaica. O rei sírio Antioco Epifanes, desejando
quebrar a resistência israelita, quis implantar em Israel o culto a Zeus
Olímpico. Com essa intenção, invadiu o santuário do Templo de Salomão em
Jerusalém, colocando no altar do Santo dos Santos uma estátua daquele deus. Os
israelitas não suportaram a violação do mais sagrado dos seus locais, e
comandados por Judas, o filho mais velho do sacerdote Matatias, iniciaram a
rebelião que ficou conhecida como a Revolta dos Macabeus.[3]
Foi
durante a Revolta dos Macabeus que um grupo de israelitas ortodoxos fugiu de
Israel e se instalou na chamada “Terra de Damasco”. Liderados pelo chamado
Mestre Verdadeiro (talvez o próprio Matatias, ou ainda um dos filhos), sua
intenção era praticar a verdadeira religião de Israel, na sua pureza
primitiva.[4]
O
Mestre Verdadeiro, além de líder de invulgar talento, revelou-se profeta,
legislador e poeta de excelente qualidade, a se julgar pelos hinos que compôs.
Durante
todo o período de dominação helênica, o núcleo de reação judaica se concentrou
em dois grupos: Os essênios e os zelotes. Quanto aos zelotes, o interesse para
este estudo é secundário, tendo em vista que eles permaneceram principalmente
no terreno militar. Foram eles, inclusive, que forneceram os combatentes que,
nos anos 67-70 d.C., sustentaram uma guerra sem quartel contra as tropas
romanas.
Já
os essênios, conforme se percebe na literatura recuperada através dos
pergaminhos do Mar Morto, pregavam uma resistência ora política, ora
espiritual. Essa resistência estava sempre conexa com a idéia de um herói, um
Messias, que libertaria Israel do domínio estrangeiro e renovaria a Aliança
daquele povo com Deus.
Chamando-se
a si mesmos de “convertidos, penitentes, pobres, justos, santos, eleitos, etc”,
os essênios diziam que o seu grupo era a verdadeira Israel, aquela nação cujo
modelo Deus teria transmitido a Abraão como grupo e realizado através de Moisés
como nação. Acreditavam que por ocasião da fuga dos israelitas do Egito, Deus
teria transmitido a Moisés a verdadeira sabedoria, a qual ele teria depositado
na Arca da Aliança, segredos esse que Moisés não revelou no Pentateuco, mas
transmitiu oralmente aos sacerdotes mais antigos da tribo de Levi.[5] Esse era
um dos segredos que os essênios julgavam-se depositários, e por conta dessa
sabedoria eram capazes de realizar muitos prodígios, inclusive curas milagrosas
e intervenções nos poderes da natureza.[6]
Acreditando
que a maioria dos ensinamentos bíblicos havia sido escrito em código, eles
desenvolveram uma interessante forma de interpretação do Livro Sagrado, que
certamente deve ter servido de inspiração para os rabinos que desenvolveram a
grande tradição da Cabala.
A ORGANIZAÇÃO DOS
ESSÊNIOS
Os
essênios fundaram uma verdadeira Fraternidade, com características de sociedade
secreta. Para se tornar membro dela era preciso que o neófito fosse portador de
três atributos básicos: ser israelita, inteligente e disciplinado. Exigia-se do
candidato um juramento para com a Irmandade e para consigo mesmo, no qual ele
se comprometia a submeter-se á disciplina da Ordem e a perseguir os objetivos
pelos quais se tornara membro dela.[7] Em principio, o iniciado deveria viver
na comunidade durante um ano antes de tornar-se membro efetivo. Após esse
período, ele se tornava um “numeroso ou sectário pleno”, ocasião em que deveria
juntar seus bens aos da comunidade.[8]
O
objetivo da comunidade era não só preservar a pureza dos fundamentos da
religião israelita, mas principalmente preparar um Messias, um líder que fosse
capaz de libertar o povo de Israel da influência estrangeira e reconstituir
depois, o reino de Deus sobre a terra. Toda sua organização e o conjunto da sua
doutrina eram dirigidos para esse objetivo.
Não
só o Messias deveria ser preparado, porém. Quando o seu reino fosse instalado,
ele iria necessitar de “quadros” para governar. Assim, toda a rígida disciplina
da Fraternidade era orientada também para a produção de “juízes, guerreiros e
administradores”, enfim, todo o “staff” necessário para a administração da nova
sociedade que seria fundada com a sua vinda.
Na
infância, e até os 20 anos, o iniciado era instruído no Livro da Meditação e
nos Preceitos da Aliança; a partir dos 20 anos, passava a viver na Comunidade
dos Irmãos e podia casar-se. A partir dos 25 anos poderia ocupar cargo na
Congregação; com 30, ser juiz e liderar grupos. Todo esse processo era
realizado mediante uma análise de mérito, onde se avaliava a “inteligência e
perfeição de conduta” do iniciado, pois como previam as Regras da Irmandade,
todos os homens estavam sendo treinados para formar a elite que governaria o
reino que seria instalado pelo Messias.
Em
função desse objetivo, os essênios desenvolveram uma organização eclesiástica,
uma organização militar e uma organização judiciária. Os juízes seriam em
número de dez, eleitos periodicamente entre os Irmãos com idade entre 25 e 60
anos; após os 60 deixariam a função; um sacerdote com idade mínima de 30 anos e
máxima de 60, “detentor de todos os segredos dos homens e conhecedor de todas
as línguas faladas na terra”, seria o juiz supremo da congregação judiciária.
Quanto
á ordem militar, entre 25 e 30 anos, o irmão poderia ocupar funções de
intendente; entre 30 e 45 podia-se ser cavaleiro, entre 45 e 50 oficial de
campo, e entre 50 e 60, comandante de campo. Havia também um Conselho Superior
da Comunidade, do qual participavam “os homens de renome”. Esses homens eram
escolhidos por suas virtudes, seu desempenho nas funções administrativas ou
militares, ou dotes sacerdotais.
Esse
Conselho constituia uma espécie de Parlamento, que por sua vez era controlado
por um Colégio composto de doze irmãos e três sacerdotes, “perfeitos em tudo o
que é revelado em toda a lei, para praticar a justiça, a verdade, o direito, a
caridade afetuosa e a modéstia de conduta, uns em relação aos outros, guardar a
fé sobre a terra, com uma disposição firme e um espírito constrito, para expiar
a iniquidade entre aqueles que praticam o direito e sofrem a angustia da
provação e para se conduzir com todos na medida da verdade e da norma no
tempo”[9]
A DOUTRINA DOS
ESSÊNIOS
Os essênios eram ascetas que desprezavam os
prazeres dos sentidos e a acumulação de bens. O tesouro comum só devia ser
utilizado para prover as necessidades mais estritas. Um essênio, ao entrar para
a comunidade, devia votar “ódio eterno aos homens da fossa por seu espírito de
entesouramento. Ele deixará para a Irmandade seus bens e a renda do trabalho de
suas mãos, tal como um escravo em relação ao seu amo, e tal como um pobre diante
do que lhe tem domínio. Mas ele será um homem pleno de zelo para com o preceito
e cujo tempo é destinado ao dia da vingança”.[10]
Dessa
forma, todo membro, ao ingressar na Ordem, tinha que entregar a ela todos seus
bens. Esse regime de comunhão foi observado também pelos primeiros cristãos,
como se observa nos Atos dos Apóstolos, e o desprezo pelos bens materiais
constituía um dos pontos mais altos da doutrina ensinada por Jesus. [11]
Acima
de tudo, porém, os membros da seita deviam observar e estudar a lei mosaica. A
lei devia ser cultuada, pois a comunidade era, mais que tudo, “a casa da lei”.
Isso explica também o fato de Jesus, não obstante ser considerado pelos judeus
como um reformador da lei mosaica, sempre concitou seus discípulos a segui-la.
E no conceito de observação á lei, estava o respeito aos rituais e celebrações
estabelecidas pela religião, bem como os cuidados com a higiene corporal.
Para
os essênios, a Gnose divina que Jeová revelara á Moisés não fora exposta nos
cinco livros do Pentateuco. Era uma sabedoria secreta que consistia no
conhecimento do Nome Verdadeiro de Deus, na prática do direito justo, e no
aprendizado dos comportamentos necessários para se atingir a perfeição.
Os
essênios acreditavam que no homem coexistiam dois espíritos. Um presidia o bem
o outro presidia o mal. O presidente do bem era o Príncipe da Luz e o do mal o
Príncipe das Trevas, chamado Belial ou Satã. Nesse sentido, o mundo seria um
campo de batalha dividido entre esses dois princípios.[12]
Para
eles, o mal não podia ser vencido simplesmente pela ação humana. Era necessária
a intervenção divina, o que ocorreria quando o Messias começasse seu
ministério. Escolher entre o bem e o mal não era uma opção humana. Deus elegia
seus escolhidos, mas mesmo os escolhidos podiam ser desviados para o mal. Para
os não escolhidos não havia possibilidade de opção para o bem. Os escolhidos
eram aqueles que Deus reuniu na “Congregação”, ou “Casa da Verdade”. Esses eram
os ”Filhos da Luz”. Essa era uma diferença entre os ensinamentos essênios e
cristãos, pois Jesus, ao contrário dos essênios, advogava um livre arbítrio
para os homens, no sentindo de que estes podiam escolher entre o bem e o mal.
Para os essênios essa escolha era feita por Deus.
Por
outro lado, todos aqueles que aderiram á cultura estrangeira, desprezando a
Aliança, eram “filhos das trevas”.
O COMBATE ENTRE O
BEM E O MAL
A
idéia de um combate entre trevas e luz, na verdade, não é originária dos
essênios. Foi tomada de empréstimo aos antigos egípcios, que já viam no
psicodrama de Osíris e Seth uma luta entre esses dois princípios. Mais tarde os
persas desenvolveram essa mesma idéia, identificando o Deus Marduc como o deus
da luz e Arimã como deus das trevas.
Entre
os povos antigos sempre se acreditou que tudo que existe no universo é produto
da reação interativa entre dois princípios contrários, que podem ser o espírito
e a matéria, o bem e o mal, a verdade e a mentira, a luz e as trevas, etc. Na
história da humanidade, uns assumem o papel de um deus do bem outros do deus do
mal. Segundo essa concepção, tudo, na sociedade humana, é produzido pela reação
á ação que um dos lados provoca no outro. Essa idéia, bastante antiga também
aparece em tempos modernos, fundamentando o materialismo dialético desenvolvido
por Karl Marx, que faz na luta entre o capital e o trabalho o motor da
História. [13]
No
caso dos essênios, eles assumiram o papel dos filhos da luz e retiraram-se para
as terras de Damasco para não serem corrompidos pelos filhos das trevas, e ali,
separados do mal, preparar uma reação contra a ação deles. Os filhos da luz,
quando ocorresse o triunfo, seriam vingados de todos os males que os filhos das
trevas lhes havia infringido. E mesmos aqueles que estivessem mortos ressuscitariam
para participar do conflito final entre os defensores dos dois princípios,
ocasião em que o mal, por fim, seria vencido.[14]
O MESSIANISMO
Uma
das mais interessantes concepções essênias foi a alegoria do Homem do Céu e o
Homem da Terra. Delas derivou-se outra figura que ficou conectada á pessoa de
Jesus Cristo, com o enigmático título de Filho do Homem.
A
figura do Homem do Céu, como bem lembra Schonfield, é de inspiração persa. Ele
representa a figura do deus Mitra, que por sua vez é uma projeção de
Aura-Mazda, o Deus reconhecido como sendo o principio da luz. Esse deus,
segundo as tradições persas, assume forma humana e habita entre os homens. É
interessante verificar que os persas tinham em Mitra uma espécie de mediador, ou
salvador da humanidade, papel esse que Jesus viria a assumir entre os cristãos.
O
Mitraísmo, tal como as religiões do Egito, Pérsia e Mesopotânea, era uma
religião solar. O sol era sempre representado como aquele que permite a vida na
terra. Mitra era o representante solar, cujo nascimento se comemorava no dia 25
de dezembro. Nesse dia se pagava tributo ao sol, pelo sacrifício de um
cordeiro, cujo sangue redimia aqueles que nele se lavavam.
As
analogias existentes entre o Mitraísmo e o Cristianismo são notórias. Os
próprios líderes da Igreja cristã ficaram estarrecidos com tais semelhanças,
pois eles achavam que sua crença era original e os mistraístas as copiavam, por
inspiração do demônio. Tanto que proibiram qualquer referência ao Mitraísmo nos
trabalhos desenvolvidos pelos escritores cristãos. São Justino, no século II,
acusa os praticantes dos mistérios de Mitra de “imitar propositadamente os
ritos cristãos’ por inspiração do demônio, e Tertúlio, o patriarca da Igreja,
na mesma época, denuncia os praticantes desse culto, dizendo que “o demônio, através do mistério de seus
ídolos, imita até a parte principal dos mistérios divinos. Mitra marca com seu
sinal a fronte de seus soldados; ele celebra a oblação do pão; oferece uma
imagem da ressurreição, apresentando ao mesmo tempo a coroa e a espada (...)”
[15]
O MESSIAS, UM DEUS
SOLAR
A
religião solar dos persas exerceu profunda influência no espírito místico dos
essênios. Na tradição judaica, o mundo também havia sido criado a partir do
surgimento da luz.[16] O sol era o símbolo da vida, o evento a partir do qual
Deus criara os seres viventes. Flávio Josefo diz que os essênios “não faziam
nada, nem pronunciavam qualquer palavra antes do nascimento do sol. A ele
ofereciam determinadas orações, que somente os iniciados sabiam, e que se
presumiam ser muito antigas. Essas orações imploravam pelo nascimento do
sol”.[17]
Daí
o desenvolvimento da idéia, presente em alguns escritos essênios, de que o
Messias era um “ Ser de Luz”, vindo do sol para libertar o mundo do mal,
representado pelas trevas. Esse “libertador” era o Homem do céu, identificado
mais tarde como o Adão-Luz dos gnósticos mandeanos e o Metátron das lendas
rabínicas.[18]
De
acordo com essênios, o mal só poderia ser vencido pela intervenção divina,
através de um enviado de Deus á terra. [19] Esse mensageiro era o Messias.
Entre os judeus sempre houve polêmica sobre o que seria esse personagem. Para
alguns, ele seria um sacerdote que estabeleceria dogmas definitivos a respeito
da religião. Para outros, ele seria um rei que libertaria o povo de Israel de
todas as opressões, estabelecendo um reino eterno de liberdade , harmonia e
ordem.
Na
visão dos essênios esse personagem se dividia em três atributos, e não se
chegou a um consenso entre os historiadores, se eles pensavam em três
personagens diferentes ou apenas um, que integrasse todas essas facetas. O
“Escrito de Damasco” fala de um Messias Rei, (Messias leigo), um Messias
Profeta e um Messias Sacerdote. Para os fariseus, seita a qual pertencia a
maioria das autoridades israelenses, o Messias seria um rei que viria precedido
por um Messias Sacerdote.
JESUS E JOÃO
BATISTA
Para
os essênios, entretanto, apenas o Messias Sacerdote seria o verdadeiro enviado
de Deus, pois assim lhes teria ensinado o profeta Malaquias. A fórmula repetia
a história de Moisés, que teria sido o sacerdote, e Josué, que teria sido o
guerreiro. Mais tarde essa fórmula foi apropriada pelos doutrinadores cristãos
que viram em Jesus o Messias que continha em si ambos os atributos, de
guerreiro e sacerdote, enquanto João Batista seria o profeta.
Não
é sem razão, portanto, que muitos historiadores, e uma expressiva maioria de
escritores de orientação espiritualista acreditam que tanto Jesus Cristo quanto
João Batista eram essênios. A própria crônica da vida de ambos parece confirmar
essa tese. João Batista era um asceta que vivia rigorosamente de acordo com as
regras daquela Irmandade; sua pregação ocorreu na mesma região geográfica em
que a comunidade de Qumrâm se desenvolveu e suas visões se assemelham
sobremaneira ás visões essênias.
Quanto
a Jesus, é certo que pregava uma doutrina que muito se aproximava daquela
veiculada por eles. Acresça-se a isso a fama de “milagreiro” que sempre
acompanhou a sua saga. Essa fama também era associada aos essênios, cujos
conhecimentos de medicina eram considerados fantásticos.
Há
muitas outras aproximações que podem ser feitas acerca do fenômeno Jesus e a
seita dos essênios. Laperrousaz cita, entre outras, o fato de Jesus ser levado
pelo demônio a um deserto para ali ser tentado. Esse deserto tem sido
identificado como a solidão que os essênios impuseram a si mesmo. Da mesma
forma, o deserto onde Jesus teria sido levado é situado no local onde os
Pergaminhos do Mar Morto foram encontrados. [20]
Também
o fato de Jesus ter recrutado seus primeiros discípulos na região próxima a
Qumrâm provoca muita especulação. Jean Daniélou, citado por Laperrousaz, releva
ainda o fato de Jesus celebrar a ceia na véspera da Páscoa, o que mostra que
ele seguia o calendário essênio e não o calendário judeu tradicional.[21]
Para
muitos autores, os Pergaminhos do Mar Morto demonstram, de maneira
insofismável, que os fundadores do Cristianismo eram, de fato, oriundos da
seita dos essênios. Isso explicaria a presença de algumas lacunas do Novo
Testamento, bem como certas questões enigmáticas a respeito da vida, da
doutrina e do magistério de Jesus, que nunca foram explicadas a contento pelos
exegetas dos evangelhos canônicos.
Explicaria
também a origem do gnosticismo, doutrinas que impregnaram de tal forma o
primitivo cristianismo, levando a Igreja de Roma a promover uma verdadeira
cruzada contra esses chamados “heréticos” da nova religião.
“Levando-nos
a conhecer o meio imediato em que surgiu o Cristianismo”, escreve Danielou, “as
descobertas de Qumrâm resolvem um número considerável de problemas que a
exegese não chegava a solucionar: a origem de João Batista, a data da Páscoa, a
origem da hierarquia, o vocabulário de João, a origem do gnosticismo. É
provável que a utilização do conjunto de documentos, as comparações que geram,
aumentem ainda de forma expressiva o número dos enigmas resolvidos. Por
conseguinte, pode-se dizer que essa descoberta é a mais sensacional já
feita”.[22]
A INFLUÊNCIA DOS
ESSÊNIOS
Diversos
centros comunitários dos essênios se desenvolveram a partir do século II a.C.
Algumas tradições se referem á aldeia de Nazaré, onde Jesus foi criado, como
sendo um centro dessa comunidade. Sabe-se que entre eles desenvolveu-se também
a prática mística, bastante antiga, aliás, de usar roupas brancas e não cortar
os cabelos. Acreditava-se, com base em antigas tradições, que nos cabelos
estava a essência do elo que liga Deus aos homens. Esses homens consagrados a
Deus eram chamados de “nazarenos”. Sansão é descrito na Bíblia como sendo um
desses homens, e Jesus teria sido criado numa aldeia de “nazarenos”.
Os
essênios eram também conhecidos pelos seus conhecimentos de medicina. No Egito,
a sua comunidade era conhecida como “Os Terapeutas”. Acreditava-se que possuíam
conhecimentos que se assemelhavam a poderes mágicos. Tais conhecimentos
provinham de fontes muito antigas, provenientes talvez, de uma civilização
extinta. Eram também mestres na escrita criptográfica e no uso do simbolismo
para transmitir seus conhecimentos. O uso de pseudônimos aparece frequentemente
em sua literatura. Títulos como “Mestre Verdadeiro”, “Mestre da Justiça”,
“Sacerdote da Iniquidade”, “Leão da Ira”, “Tempo da Promessa”, etc, eram
expressões por ele desenvolvidas para mascarar pessoas e fatos, evitando assim
a repressão das autoridades seculares. Escreviam palavras invertendo a ordem
das letras, misturavam alfabetos de diferentes línguas, inventavam eles mesmos
alfabetos.
OS ESSÊNIOS E A
MAÇONARIA
Não
somente os primeiros cristãos devem grande de sua doutrina aos essênios. Também
muitas das seitas gnósticas se inspiraram em sua doutrina, as quais, em maior
ou menor parcela, tiveram influência no desenvolvimento das tradições
maçônicas, principalmente nos chamados graus Rosa-Cruzes, onde se desenvolveu a
lenda de Ormus.[23]
É
fácil perceber a relação que a doutrina professada por aqueles místicos judeus
tem com a Maçonaria, em sua face espiritualista. Os Obreiros da Arte Real
também acreditam na construção de uma sociedade justa e perfeita, fundamentada
no mérito e no trabalho árduo, aliado á disciplina e no respeito ás tradições.
Essa sociedade um dia já existiu e pode ser recuperada. Os essênios acreditavam
nisso, e por isso julgavam-se guardiões dessa sabedoria perdida, que só poderia
ser repassada aos seus iniciados.
A
analogia é evidente. A própria organização do currículo maçônico guarda certa
identificação com o sistema adotado por aqueles ascetas. Através de um sistema
de ensinamentos morais o catecismo maçônico forma, simbolicamente, uma plêiade
de guerreiros, juízes, sacerdotes e outros próceres, destinados á edificar, defender
e conservar o que de melhor existe na cultura da humanidade.[24]
Os
essênios acreditavam que eram detentores de segredos iniciáticos de grande
relevância, tal como os maçons. Não é que a Maçonaria, enquanto sociedade
formalmente instituída, seja guardiã de segredos dessa ordem. Aliás, nem
acreditamos que tais segredos existam no repertório da cultura humana
existente, seja do presente, seja do passado. O que há são leis naturais que a
razão humana ainda não logrou entender e por isso as cataloga no conceito de
sobrenatural. Entender o processo pelo qual essas leis são formadas e como
atuam, constitui a verdadeira sabedoria.
Na
verdade, no cerne dessa ideia está um processo pedagógico de ensinamento. É que
a fórmula pela qual esse conhecimento de nível superior, que permite ao homem
entender o processo pelo qual a natureza trabalha e as sociedades são
construídas e mantidas, só pode ser deduzida através de um método que seja
capaz de integrar uma iniciação, uma ritualística e uma prática de vida. Essa
foi a formidável intuição dos essênios e a sua grande realização. Eles eram os
guardiões da tradição hebraica, na sua forma mais pura. Não é suficiente pensar
uma filosofia. É preciso vivê-la para que ela não se torne apenas uma distração
mental. As mesmas verdades que eles intuíram já haviam passado antes pela
sensibilidade dos sacerdotes de Heliópolis, que a desenvolveram no conceito, ao
mesmo tempo religioso e sociológico da Maat, e pelos iniciados nos mistérios
antigos, persas e greco-romanos, que os utilizavam como forma de educação
superior de suas elites.
ALEGORIAS MAÇÔNICAS
INSPIRADAS PELOS ESSÊNIOS
É
originária dos essênios, como já nos referimos, a idéia de que é preciso a
formação de um Homem Universal, reflexo terrestre do Homem do Céu, perfeito em
conhecimento e obras, pleno de virtude e em harmonia com Deus, pois que ele é o
herdeiro da Nova Aliança. Não é por acaso, portanto, que nos graus superiores
da Maçonaria, correspondentes ás Lojas de Perfeição e Lojas Capitulares, se
insistirá tanto na alegoria da Arca da Aliança, na prática da verdadeira
justiça, no exercício das virtudes que fazem um homem justo e perfeito em todos
os sentidos.
Outra
tradição cultivada na Maçonaria, que tem nos essênios a sua fonte, é aquela que
se relaciona com a Procura da Palavra Perdida. Essa Palavra Perdida não é outra
coisa senão o Verdadeiro Nome de Deus e o seu significado sagrado, que os
essênios reverenciavam como sendo o “ Segredo dos Segredos”. [25]
O
reencontro com essa sabedoria perdida teria o condão de conferir ao seu
possuidor a totalidade do conhecimento do universo e faria dele um ser superior.
Essa crença animou a especulação dos cabalistas durante séculos e os maçons a
adotaram como alegoria para simbolizar a aquisição da Gnose, que é a meta
última e definitiva dos praticantes da verdadeira Arte Real. Por isso é que a
influência desses antigos irmãos, “Filhos da Luz”, não pode ser desprezada em
qualquer estudo que se faça sobre a cultura maçônica.
______________
NOTAS
[1]
Capítulos(Lojas de Aperfeiçoamento) e Kadosh (Lojas de Ensino Sagrado), são
títulos designativos das reuniões maçônicas dos graus mais avançados, dos graus
14 ao 33 do Rito Escocês.
[2]
Flávio Josefo- Antiguidades dos Judeus- Livro II, Kleger Publications- Londres,
1976
[3]
Cf. Primeiro Livro dos Macabeus,A tribo de Levi, desde os tempos do patriarca
Jacó, havia sido estabelecida como guardiã das tradições religiosas do povo de
Israel.
[4]
A “Terra de Damasco” é o local conhecido como Qmran, próximo ao Mar Morto, onde
existem muitas cavernas, as quais os essênios transformaram em moradias.
[5]
Conforme se lê em Êxodo, 10:26, Deus manda Moisés colocar na Arca “o testemunho
que Eu lhe der.”
[6]
Como os milagres realizados por Jesus, relatados nos Evangelhos. Essa seria uma
prova de que Jesus, se não era egresso da colônia essênia, pelos menos era
partidário de sua doutrina e conhecia os seus segredos.
[7]
Tradição também adotada na Maçonaria.
[8]
Costume adotado pelos primeiros cristãos e pelas Ordens iniciáticas medievais,
especialmente os Templários.
[9]
Regras XXII- E.M. Laperoussaz- Os
Pergaminhos do Mar Morto
[10]
Idem, Regra XXIV- Foi observado também
nas Regras redigidas por São Bernardo de Clairvaux para a constituição dos
Cavaleiros Templários.
[11]
Flávio Josefo, escrevendo acerca dos essênios, diz que eles desprezavam as
riquezas, e que a comunidade de bens que observavam era realmente admirável.”
Os essênios”,. diz aquele autor, “ mantem entre eles uma lei, segundo a qual,
todos os novos membros admitidos á seita fazem, por si mesmos, confisco de seus
haveres em favor da Ordem; resultando daí, que em parte alguma se verá ali,
seja a miséria abjeta, seja a desordenada abastança. As posses do individuo se juntam ao existente cabedal
comum e eles todos , como verdadeiros irmãos, se beneficiam, por igual, do
patrimônio coletivo.”
[12]
Ideias que também foram esposadas pelos maniqueístas e pelos cátaros.
[13]
Karl Marx acreditava que era a forma pela qual os homens ganhavam a vida que
determinava o seu modo de pensar. Assim, as transformações na ordem material
determinavam as transformações de ordem ideológica. Como as transformações
materiais dependiam da forma como as sociedades se organizavam para produzir, a
cultura da humanidade dependia das técnicas de produção. Essa é a razão de a
Maçonaria, no ritual de um de seus graus filosóficos, evocar as teses
marxistas, como objeto de estudo.
[14]
Essa crença foi magistralmente desenvolvida pelo autor do Apocalipse. Nesse
estranho e enigmático livro, escrito á maneira essênia, o autor desenvolve a
alegoria da luta entre os filhos da luz contra os filhos das trevas,
identificando os primeiros com os cristãos fiéis e os segundos com seus
perseguidores. Veja-se que a Maçonaria do Rito Escocês muito se vale do
simbolismo do Apocalipse para desenvolver alguns dos seus mais importantes
graus filosóficos. A tradição maçônica
muito se utiliza do simbolismo contido na luta entre a luz e trevas. O próprio
maçom muitas vezes, é chamado de" filho da luz".
[15]
Hugh Schonfield- A Odisséia dos Essênios, pg. 178
[16]
“Disse Deus: faça-se a luz; e fez-se a luz. E viu Deus que a luz era boa; e dividiu
a luz das trevas. E chamou á luz dia, e as trevas noite; e da tarde e da manhã,
fez-se o dia primeiro.” Gênesis, 1:3
[17]
Flávio Josefo- Antiguidades dos Judeus, pg 243
[18]
Um dos mais importantes graus da Maçonaria do Rito Escocês (o 28º) é dedicado
ao Mitraísmo. Esse é mais um vínculo
entre as tradições maçônicas e os essênios, que conservaram e desenvolveram
essas tradições, por si sós, denotativas de um profundo conteúdo espiritualista
[19]
A tradição messiânica em Israel, no entanto, é fundamentalmente, uma idéia dos
fariseus. É bom não esquecer que os fariseus formavam uma casta sacerdotal,
puritana e fundamentalista, que chamavam a si mesmos de perushins, que quer
dizer “distinguido”. Formavam uma espécie de Confraria religiosa, semelhante a
uma sociedade de pessoas selecionadas entre a elite judaica, que socorriam uns
aos outros, praticando ainda a filantropia, promovendo a educação religiosa do
povo e exercendo o poder político através do Sinédrio, uma espécie de Senado,
cujos membros eram eleito entre eles e os Saduceus, outra Confraria semelhante
á dos fariseus. Os fariseus assemelhavam-se, em muito á moderna Maçonaria. E da
mesma forma, sendo uma sociedade de homens, não conseguiu evitar que a
corrupção se instalasse em seu meio, como se nota nos Evangelhos cristãos.
[20]Regras
XXII- E.M. Laperoussaz- Os Pergaminhos
do Mar Morto.
[21]
Idem, pg. 56
[22]
E.M. Laperrousaz- Os Manuscritos do Mar Morto, pg. 176 a 180
[23]
Referência aos graus filosóficos, ligados principalmente á tradição templária.
[24]
Daí os títulos adotados nos altos graus da Maçonaria, tais como Cavaleiro do
Sol, Grande Comendador do Templo, Grande Inspetor Inquisidor, Sublime Príncipe
do Real Segredo, etc.
[25)
Note-se que Jesus jamais pronunciou o nome de Deus, e proibiu, inclusive, seus
discípulos, de fazê-lo. Designava-o sempre por “Pai”. Entre os essênios, o
Inefável Nome de Deus era uma tradição do mais alto valor iniciático.
Por
Irmão João Anatalino
FONTE: RECANTO DAS LETRAS
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