Por
Kennyo Ismail
O
triponto está presente nas abreviações contidas em diplomas, pranchas, manuais
e rituais do REAA e na assinatura de todo maçom brasileiro que se preze. Mas
qual é a origem desse costume e seu real significado?
Muitos
se arriscam em chutar seu significado: os três graus simbólicos; o Esquadro e
Compasso e o Livro da Lei; as Colunas Jônica, Dórica e Coríntia; o Venerável e
seus dois Vigilantes; o triângulo superior da Árvore da Vida; as pirâmides de
Quéops, Quefren e Miquerinos; o Enxofre, o Mercúrio e o Sal; Pai, Filho e
Espírito Santo; ou mesmo Prótons, Elétrons e Nêutrons; etc, etc, etc. Daí, em
cima do suposto significado, “deduzem” a origem: Grécia Antiga, Cabala, Egito
Antigo, alquimistas, Igreja e até na Física.
Temos
que concordar que o tema colabora para o quase infinito número de
interpretações, muitas sem pé nem cabeça, afinal de contas, o número 03 pode
ser encontrado em todas as culturas, épocas e religiões. Aliás, pode-se
encontrar nessas qualquer número entre 01 e 09, basta um pouco de criatividade!
Os números acima de 09 não são tão populares exatamente por dar mais trabalho
encontrá-los.
Mas
não é possível que continuemos a utilizar o triponto nas abreviações e até
mesmo em nossas assinaturas sem saber a real origem e significado do mesmo.
Então, vamos ao que interessa:
O
triponto não está presente na Maçonaria Universal, e sim apenas nos Ritos de
origem francesa. Sua forte presença no Brasil deve-se à supremacia do REAA no
país. Conforme Ragon, em sua obra “Ortodoxia Maçônica”, o triponto começou a
ser oficialmente usado nas abreviações a partir de 12/08/1774, através de
determinação do Grande Oriente da França. Chapuis evidencia que o uso já era
adotado por algumas Lojas francesas anteriormente, como na Loja “A
Sinceridade”, de Besançon, em ata de 1764.
O
costume de abreviar as palavras surgiu com os gregos e foi extensamente
explorado pelos romanos através das “anotações tironianas” que, aliás, criaram
a regra de duplicar a letra inicial quando da abreviação de termo no plural,
regra ainda existente na abreviação maçônica.
Esse sistema de abreviação do latim sobreviveu de tal forma na Europa
pós-romana que, para se ter uma ideia do uso e abuso das abreviaturas na França,
em 1304 o Rei Felipe IV, o Belo, publicou lei proibindo abreviações nas atas
jurídicas.
Se
sempre adotadas em atas e sinalizadas por traços, barras ou reticências, é
claro que nas atas maçônicas as abreviações não ficariam de fora e ganhariam um
sinal correspondente com a instituição: uma variação das reticências, lembrando
o símbolo geométrico mais importante para a Maçonaria, o Triângulo. Não demorou
para que, pelo costume da escrita e exclusividade do uso, o triponto
ultrapassasse sua utilidade caligráfica e alcançasse a assinatura dos Irmãos.
Por
que os maçons ingleses e americanos não utilizam o triponto? Simplesmente
porque a língua inglesa não é uma língua neolatina, românica. Ocorrem
abreviações, porém respeitando outras regras e sem o uso de sinais.
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