Falo
hoje de uma Loja Maçônica que nasceu inspirada e lutando em movimentos sociais
para eliminar a sujeição do domínio português. Loja Maçônica Seis de Março de
1817, fundada em 6 de outubro de 1821, pelo médico e primeiro Venerável,
Vicente Ferreira dos Guimarães Peixoto. A denominação homenageia líderes e
mártires da Revolução Pernambucana de 1817.
Por
estes 194 anos, movimentos os mais diversos de ordem política, social, cultural
e beneficente, foram encampados com muita coragem e determinismo, para chegar
ao atual Venerável Mestre, José Alves da Silva Filho, que a conduz em caminhar
altivo, debatido, união total e consciência cívica. Seus integrantes, em
vigilância e atuação permanente são defensores dos princípios democráticos e de
liberdade.
A
convite de José Alves e André Magalhães, representando os demais componentes,
fui levado, junto com minha companheira Vera Lucia Brandão Barbosa à Recife,
permanecendo nesta encantadora e histórica cidade, durante os dias 26, 27 e 28
de abril. Acolhidos com os braços abertos da família maçônica pernambucana e
cuidado especial de José Alves, André Magalhães, Cristiano Loureiro e Gilson
Lins, privilegiado com as homenagens do Grande Oriente de Pernambuco, que tem
como Eminente Grão-Mestre Estadual, Daury Ximenes, Supremo Conselho da Ordem
DeMolay para o Brasil, Loja Maçônica “Joaquim Nabuco” e Fraternidade Feminina
Nova Roma, presidida por Maria de Lourdes Paulino de Souza.
Em
jantar no dia 26 de abril, comemorativo aos 30 anos de fundação do “Capítulo
Recife” e 15 anos do “Bethel 05”, das Filhas de Jó, com presença dos
Apejotistas de Afogados da Ingazeira, liderados pelo diretor executivo estadual
e Grão-Mestre Estadual eleito, José Rodrigues, fui distinguido com título e
diploma de Membro Honorário do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para o Brasil.
Documentos assinados pelo Grande Mestre Nacional e Grande Secretário Geral,
respectivamente, Rodrigo Cesar Cardoso e Fábio Alexandre Gomes, em momento que
contou com presenças de mais de 300 convidados.
Em
visita que fizemos à sede do bem instalado Grande Oriente de Pernambuco, fomos
calorosamente recebidos pelo Grão-Mestre Estadual, Daury Ximenes, sua esposa
Neide Ximenes e a presidente da Fraternidade Feminina Estadual, Maria do Carmo
Wanderley, que se encontravam em reunião de trabalho. Delas recebemos
publicações sobre a história, manifestações da cultura regional, roteiro de
gastronomia, artesanato, manifestações religiosas ligadas aos diversos credos,
rota do Rio São Francisco e arte em Pernambuco. Pernambuco que inicia a sua
história antes do descobrimento do Brasil, quando seu litoral era povoado pelos
índios Tabajaras.
Na
noite do dia 27 de abril, no templo superlotado da Loja “Seis de Março de
1817”, foi realizada sessão magna para outorga da Comenda do Mérito D Pedro I,
maior homenagem que um maçom pode receber, após completar 50 anos de atividade
ininterrupta, a Rolmes Medeiros de Carvalho. Encontrava-se acompanhado de
familiares e de sua esposa Iraci, em um momento emocionante e de demonstração
da história de um dedicado maçom, que assim se expressou em parte do fascículo
intitulado “Meio século de atividade maçônica” entregue aos presentes: “Hoje a
maçonaria está me agraciando com esta Comenda. Recebo-a orgulhosamente, por ter
honrado todas as determinações as quais jurei. Estes acontecimentos estarão sob
minha guarda material e espiritual e serão eternamente por mim conduzidos”.
No
mesmo evento solene, tornei-me Benfeitor do Grande Oriente de Pernambuco, em
título conferido pelo Grão-Mestre Estadual Daury Ximenes. Com emoção redobrada,
após proferir palestra, recebi o “Prêmio de Amor ao Trabalho”, justificado
“pelos relevantes serviços prestados em sua trajetória maçônica, policial,
jornalística, literária e política, às quais contribuíram para a formação de
uma sociedade brasileira mais consciente de seus direitos e deveres”. Fui ainda
condecorado com a medalha “Amor ao Próximo”, comemorativa aos 100 anos da Loja.
A
saudação do deputado federal maçônico André Magalhães, do Venerável Mestre José
Alves, do Grão-Mestre Estadual Daury Ximenes, palavras da representante da
Fraternidade Feminina Nova Roma, Patrícia Magalhães e o carinho da Fraternidade
Feminina Cruzeiro do Sul Ana Neri, de Caruaru, entronizaram eternamente nos
sentimentos de Vera Lúcia e meu, com marca inapagável, nossos profundos
agradecimentos.
Pernambuco,
de João Cabral de Melo Neto, Joaquim Nabuco, Manoel Bandeira, Luiz Gonzaga,
Alceu Valença, Dominguinhos, político de fibra como Miguel Arraes e os recém
falecidos, a esperança do Brasil, Eduardo Campos e o autor, dramaturgo,
romancista, ensaísta e poeta, escritor de obras como Auto da Compadecida e O
Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, Ariano
Suassuna, proeminente defensor da cultura do Nordeste, membro da Academia
Brasileira de Letras, fazem parte de uma extensa lista de pernambucanos
presentes na história do Brasil.
Todos
os momentos da passagem pela Loja “Seis de Março de 1817”, que me conduziu a
Recife, são relevantes em minha vida maçônica. Gratificado fiquei também por
encontrar nossos artigos colecionados por Cristiano Loureiro e expostos no
mural da Loja. Concluo este, agradecendo pelas caminhadas que me propiciaram
conhecer alguns pontos históricos, entre eles o “muro”, contra o qual o frei
Joaquim do Amor Divino Caneca foi fuzilado, vizinho do Forte das Cinco Pontas,
local marcado por seu busto e uma placa. Frei Caneca, mártir pernambucano, com
íntimas ligações com a maçonaria, citado como membro da Ordem está na história
representando a luta pela democratização e pela liberdade durante a Revolução
Pernambucana de 1817.
Agradeço
à família maçônica da Loja Seis de Março de 1817, por nos ter levado ao
Instituto Brennand, que recomendo a quem for àquela capital, não perder a
oportunidade e reservar um dia para percorrer esta instituição cultural fundada
em 2002, pelo colecionador e empresário pernambucano Ricardo Brennand. Sediado
em um complexo arquitetônico em estilo medieval, composto por três prédios:
Museu Castelo São João, Pinacoteca, Galeria e a Capela Nossa Senhora das
Graças, circundados por um vasto parque.
Possui
uma coleção permanente de objetos histórico-artísticos de diversas
procedências, abrangendo o período que vai da Baixa Idade Média ao século XXI,
com forte ênfase na documentação histórica e iconográfica relacionada ao
período colonial e ao Brasil Holandês, incluindo a maior coleção do mundo de
pinturas de Frans Post, com 20 obras.
O
instituto também abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, com
mais de 3 000 peças, a maior parte proveniente da Europa e da Ásia, produzidas
entre os séculos XIV e XXI. A biblioteca do instituto possui mais de 60 mil
volumes, datados do século XVI em diante, destacando-se as coleções brasilianas
e obras raras.
Obrigado
irmãos pernambucanos. Com vocês, canto o seu hino.
“Salve
ó terra, dos altos coqueiros. De beleza, soberba, estendal. Nova Roma de bravos
guerreiros. Pernambuco imortal, imortal”.
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