O CEU E O INFERNO DA PRESIDENTA

Por Barbosa Nunes
Sou assíduo telespectador do programa “Sr. Brasil”, comandado por Rolando Boldrin,  ator, cantor, poeta, contador de histórias e um dos mais agradáveis e simpáticos apresentadores da televisão brasileira, entrando em nossas casas como se dela fosse membro.
Para um de seus programas ele buscou no nordeste brasileiro, o cantador e cordelista, Maviael Melo, famoso e com vários discos gravados, que declamou a poesia “Campanha Eleitoral”, de sua autoria, lançada no Festival de Literatura de Cordel de João Pessoa, na Paraíba. Neste momento, lembrei-me da presidenta Dilma que afirmou na sua campanha eleitoral que não haveria aumento no valor da energia, alta de impostos, elevação de juros e outras dores no bolso dos brasileiros. Seria feito pelo seu adversário, agora surpreende pela diferença entre aquilo que foi prometido e o que está sendo feito.

A Revista Veja, edição 2.409, de 21 de janeiro do ano em curso, traz em inteligente capa as duas situações. Em uma metade, intitulada “Promessa”, as afirmativas: “Não vai haver tarifaço”, “Não vou aumentar os juros”, “Não mudo direitos trabalhistas” e “A educação será prioridade”. Invertendo a página, a “Realidade”: Vai aumentar as tarifas em 30%, Deixou subir os juros, Apertou o seguro desemprego e cortou verbas para a educação.

Na campanha era o “Céu”, agora despencando na aprovação popular, uma das mais altas na história dos presidentes da República, o “Inferno”. A inteligência e a criatividade de Maviael Melo produziu o poema “Campanha Eleitoral”, que nele enquadra neste momento, a presidenta da República.

Apresento-lhes o texto integral, convidando-os para uma leitura sequenciada e atenciosa e de viva voz na internet, em apresentação no programa de Rolando Boldrin.

“Um senador do estado passou dessa pra melhor ou pra outra bem pior. Vou relatar o passado, chegando o pobre coitado na porta do firmamento São Pedro disse: um momento tenha calma, cidadão! Faça aqui sua opção e assine o requerimento.
Pois aqui tem governia, tudo está no seu lugar e você vai optar onde quer passar o dia,
depois com democracia me dará sua resposta fazendo a sua proposta de ir pra o céu ou pro inferno, viver de túnica, de terno... do jeito que você gosta!
E então o senador assinou a papelada, descendo por uma escada entrou num elevador
e desceu com o assessor pra o inferno conhecer, para depois escolher onde queria morar e qual seria o lugar que escolheria viver.
E no inferno ele viu o campo todo gramado, verdinho bem arrumado, como um que tem no Brasil. Um homem grande e gentil disse-lhe: eu sou o cão muito prazer meu irmão! Aqui você é quem manda e deu ordens pra que a banda tocasse outro baião.
Encaminhou a visita para uma mesa repleta, uma assessoria completa num alpendre em palafita, uma assistente bonita, cerveja, wisque e salgados. Dinheiro pros carteados, charutos bons e cubanos, foi relembrando dos anos e dos acordos fechados.
Encontrou com os amigos dos tempos áureos de glórias, relembrando as histórias que já haviam esquecido, wisques envelhecidos não paravam de chegar, parecia um marajá jogando cartas e fumando, mas já estava chegando a hora dele voltar.
E então no elevador ele tornou a subir para então se decidir e finalmente propor, mas no céu o senador vê um cenário de paz, com um sereno assaz, anjinhos tocando lira. São Pedro disse: confira, escolha e não volte atrás.
Era um silêncio danado, sem wisque e sem cerveja, no máximo uma cereja e ele já agoniado disse assim ressabiado, já tomei minha decisão, quero ir morar com o cão, pois lá me sinto melhor, não que aqui seja pior é questão de opinião.
São Pedro disse, pois bem, pode ir pro elevador que logo meu assessor fará o que lhe convém. O senador disse amém já pensando no sucesso que seria o seu regresso para o quinto do inferno, lá também seria eterno e a tudo teria acesso.
E assim que ele desceu numa imensa alegria, sentiu logo uma agonia algo estranho percebeu, atrás desapareceu a porta do elevador e o pobre do senador só via fogo e tortura,
deu-lhe logo uma amargura, era um cenário de horror.
Nisso ia passando o cão, deu-lhe uma chibatada, sorrindo em gargalhada remexendo um caldeirão e empurrou-lhe um ferrão, deixando a testa ferida e ele puto da vida disse: Rapaz sou eu o senador! Se esqueceu? Cadê aquela acolhida?
Eu peguei o bonde errado, ou o cabra se atrapalhou e para cá me mandou, deve ter se enganado, meu lugar é no gramado jogando golfe e fumando, eu nada estou lhe cobrando foi você que ofereceu!!!!!!!!!!! E o wisque? Se esqueceu? Só posso estar delirando.
E o diabo a sorrir disse-lhe: Seja bem vindo, e o que estás me pedindo eu não vou poder cumprir, quando estivestes aqui naquela ocasião, não era outra coisa não, também não me leve a mal, foi campanha eleitoral e eu ganhei a eleição”.


*Barbosa Nunes é Grão-Mestre Geral Adjunto do Grande Oriente do Brasil

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4 Comentários

  1. Uma parábola que nos traz uma profunda reflexao

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  2. Cada um interprete como quizer, mas vou torçer pelo cão, pra ele ganhar mais eleição e o restinho levar.

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  3. Muito bom esse cara. E vindo do Rolando Boldrin nao tem coisa melhor. Já ouvi várias vezes. Parabens

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  4. Sensacional! O brasileiro é realmente um ser criativo, más esse aí ultrapassou os limites, é um poeta com maestria.

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