A MAIS PURA VERDADE SOBRE A DESONESTIDADE

*Por Barbosa Nunes
Faço neste artigo uma análise não literária e técnica, mas um convite para reflexão sobre a desonestidade. O tema é enfocado por Dan Ariely, escritor best seller, do New York Times, no livro “A mais pura verdade sobre a DESONESTIDADE”, Editora Campos. Análise desafiadora aos nossos entendimentos sobre a desonestidade. Leva-nos a um olhar mais honesto sobre nós mesmos, com os seguintes questionamentos: “Será que a possibilidade de sermos pegos afeta nossa disposição para fraudar?”, “Como empresas e empresários constroem a estrada para a desonestidade?”.

Com verdade afirma o autor, “A maioria das pessoas se considera honesta, mas o comportamento antiético está por toda parte”. Aborda com pesquisas a questão da desonestidade. Em vários momentos descreve e mostra “por que a desonestidade é tão interessante”, “por que estamos enganando a nós mesmos”, afirmando que somos contadores de histórias e mostra como contraímos o germe da desonestidade.
Dan Ariely é americano, nascido em Nova Iorque, professor de Psicologia e Economia Comportamental, com Phd em Psicologia Cognitiva e em Administração. Destacado em muitas publicações como o The New York Times, The Wall Street Journal, The Washington Post e outras. O seu livro busca primeiro descobrir quais são as forças que realmente levam as pessoas a enganar e, em seguida, aplicar melhor compreensão para reduzir a desonestidade.
Pergunto: O que é preciso mais que uma repreensão ou recriminação às paixões humanas? O que é preciso e necessário para mobilizar a natureza humana? Controlar pela força se necessário, as piores manifestações e as mais perigosos consequências das paixões.  Isto é incumbência do Estado. Mas, como ocorre no Brasil, neste momento é impossível alcançar este propósito, pois o celeiro dos interesses, das vantagens e privilégios pessoais estão no próprio Estado.
Dr. Mehmet Oz, da Universidade de Columbia, diz que Dan Ariely “nos mostra de modo engenhoso e muito agradável como as pessoas equilibram a honestidade para criar uma realidade, a partir da realidade cega do desejo”. A.J Jacobs, autor de “Um ano bíblico”, diz, “Todo mundo que mente deveria ler este livro. E aqueles que afirmam não mentir, são mentirosos. Assim, também deveriam ler esse livro. Trata-se de uma obra fascinante e divertida, que fará de você uma pessoa melhor”.
“O autor explica os mistérios do por que fazemos o que fazemos, com histórias saborosas e experiências reveladoras, tornando a exploração de nosso lado oculto irresistivelmente divertida”, conforme diz o editor da revista Wired, Chris Andreson.
Conta como pequena piada, o seguinte fato: “Jimmy tem 8 anos e volta para casa da escola com uma anotação do professor, que diz: Jimmy roubou um lápis do aluno sentado ao lado. O pai de Jimmy fica furioso e faz de tudo para dar uma lição no garoto e fazê-lo entender como ficou chateado e decepcionado, deixando-o de castigo em casa por duas semanas. Espere sua mãe voltar para a casa, diz em tom de ameaça para o menino e conclui: Além do mais, Jimmy, se você precisava de um lápis, por que não me disse? Você sabe muito bem que posso trazer dezenas de lápis do trabalho!
Se sorrimos maliciosamente dessa piada, é porque reconhecemos a complexidade da desonestidade humana inerente a todos nós. Percebemos que roubar um lápis de um colega de classe é definitivamente motivo de punição, mas estamos dispostos a pegar muitos lápis do trabalho, sem pensar duas vezes”.
Infelizmente é o que acontece no Brasil. Ladrões de galinhas são condenados, não possuem advogados para defendê-los e aqueles que estão a um passo distante do dinheiro, o utilizam em seu favor, fazendo fortunas e quando identificados, possuem os recursos desonestos para as melhores defesas.
Urge, é necessário, já passou da hora de assumir uma abordagem diferente para reconquistar nossa saude ética. Entendamos que a desonestidade pode ser transmitida de pessoa para pessoa, via contágio social.
Aqui já abordamos em um artigo, a “Teoria das Janelas Quebradas”, especialmente importante para os que estão sob a luz dos refletores, políticos, servidores públicos, celebridades, empresários e outros. As janelas de um prédio são quebradas até que o próprio prédio esteja destruído, mas tudo inicia com a primeira janela quebrada.
Concluo este artigo com uma história acontecida nos corredores do legislativo dos Estados Unidos, envolvendo comitês de ação política, PAC, parecidíssima com o que está acontecendo no Brasil, contada por Dan Ariely.
“Cerca de 30 anos atrás, grupos foram implementados como forma de os membros do Congresso levantarem dinheiro para o partido e colegas do legislativo, usado durante as difíceis batalhas eleitorais. O dinheiro vinha principalmente de lobistas, empresas e grupos de interesse especial. Como você pode imaginar, os membros do Congresso adquiriram o hábito de usar os fundos do PAC (Comitês de Ação Política), para uma gama de atividades não relacionadas com as eleições (desde babás, contas em bares, viagens para esquiar no Colorado e assim por diante). Além disso, grande parte dos milhões de dólares levantados pelos PACs foram destinados a políticos concorrendo em eleições e o resto normalmente destinado a diversas regalias, angariação de fundos, despesas gerais, assessores, outras despesas, transformando em diversão, a captação de fundos.
Os congressistas estavam indo para clubes de strip-tease, detonando milhares de dólares em festas, comportando-se como se o dinheiro fosse deles”.

Convidando-o para ler este livro, muito atraente, ficará provado para o amigo de todos os sábados, que por contágio, como se fosse um jogo de dominó, a corrupção de bilhões de dólares na Petrobrás e outros tantos escândalos, motiva o imediato a também ser corrupto. Da mesma forma todos os integrantes da escada, do maior para o menor, até chegar ao ladrão de bicicleta no bairro mais distante. Essas influências desonestas e negativas não ficam contidas só em altas cúpulas, pois se eles quebram as regras, influenciam e criam condições para que o comportamento antiético de qualquer um possa ser absorvido, com a desonestidade transmitida de pessoa para pessoa via contágio social. Neste quadro, a continuar no Brasil, difícil se torna ser honesto.

*Barbosa Nunes é Grão-Mestre Geral Adjunto do Grande Oriente do Brasil

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1 Comentários

  1. Como Maçonaria na ARTE DO PENSAR COLETIVO, ou seja, em bem comum, portanto, em dever de cidadão do mundo, esclareço.

    A DESONESTIDADE é uma qualidade de nosso primário comportamento mutante de muitos impulsos instintivos de vaidades, paixões, orgulhos, etc. Dispostos em espertezas diversas aos maus costumes, se é de muito pouco pensar destruidor, desumano, antissocial. Fato, que transforma as nossas Sagradas Oficinas empresas públicas, privadas, escolas, etc., de estudos e trabalhos de aprendizagens e práticas em verdadeiros campos de guerras, no vale tudo competitivo e obviamente desumano em que tudo se faz por dinheiro e por direitos.
    Nos primórdios o homem era de muito pouco pensar, resultante de seu muito primário comportamento mutante, assim necessitava ser pago para fazer um certo trabalho. Isso tornou-se tradição e virou um direito por lei, do trabalhador, de tudo que se faz é por dinheiro.

    Assim, não se trabalha observando o fato, de que o trabalho é de aprendizagem e prática, Isso é muito maléfico social, pois, o instante em que mais se pensa, é quando está trabalhando. A empresa é uma escola técnica desrespeitada, em que tudo nela se faz por direito e obrigação.

    Desse modo o homem se mantém até os tempos atuais de muita gente, em trabalho de muito pouco pensar, que é de muito pouca gente insegura e muito mais em competição do que em criatividade, o que naturalmente desvirtua o ambiente de trabalho.

    Pensando no contexto acima, fica claro que a causa maior de nossos imensos problemas de comportamentos antissociais, se deve ao fato de que nossas tradicionais instruções serem ainda da era de muito pouca gente, inadequadas.

    A HONESTIDADE, opostamente é a qualidade de nosso primário comportamento mutante de muitos impulsos instintivos de vaidades, paixões, orgulhos, etc. Dispostos em civilidades aos bons costumes, no pouco pensar individual em esquadro de cobertura de comportamental base individual e baixa coluna social pensante em proteção e beleza, como construtor da casa térrea que reúne muito pouca gente, no compor da antiga cidade horizontal de racional urbanismo de pouca gente.

    Neta antiga e primária cidade horizontal que caracteriza a nossa atuante cultura primária se formava o homem profano e também o Maçom como companheiro partidário de pouca gente, caracterizado pelo atuante primário comportamento mutante de impulsos instintivos de vaidades, orgulhos, paixões, etc. Porém, civilizado, desbastado, nivelado em base individual e baixa coluna social pensante em proteção e beleza, como comportamento cortês, muito em falta na atualidade de muita gente em superlotação, porque a cidade extravasou no oferecer da vida desumana, em que se perde muito tempo em trânsitos engarrafados, filas, e tudo o mais no muito pouco pensar.

    Grande TFA.

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