Por Ir.’. João Anatalino
Um pouco de
História.
A
história da maçonaria é cheia de fatos controversos e no Brasil não ocorre de
forma diferente. Se ninguém sabe qual a sua origem, também não se pode dizer
qual foi a primeira Loja fundada no Brasil, por exemplo. Alguns dizem que foi o
Areópago de Itambé, uma sociedade política fundada pelo padre Arruda Câmara, no
Recife, em 1796. Outros dizem que a primeira Loja foi a Cavaleiros da Luz ,
fundada em Salvador, Bahia, em 1797. Documentada, porém, a primeira Loja
brasileira foi a Reunião, fundada no Rio de Janeiro em 1801. Isso quem disse
foi José Bonifácio de Andrada e Silva e só por isso é informação que merece
respeito.
Toda
essa celeuma é muito natural. Afinal de contas estamos falando de uma sociedade
secreta, e assim os segredos que envolvem a sua constituição e as suas
atividades não poderiam ser mesmo expostos de forma tão claras, como quaisquer
fatos históricos que envolvem outras organizações. Um historiador que quisesse
contar a verdadeira história da Igreja Católica, por exemplo, encontraria as
mesmas dificuldades. Teria que recorrer bastante a sua própria imaginação para
preencher os vazios que certamente encontraria na documentação levantada. Assim
é a história dessas organizações. Um cipoal de mitificações e mistificações,
naturais umas, nascidas das próprias auréolas de lenda que elas adquirem
naturalmente, artificiais outras, criadas justamente para disfarçar, sobre uma
capa de fantasia, aquilo que não se pode, abertamente, ser exposto.
Se
no Brasil a história da maçonaria é muito confusa, em Portugal não é diferente.
Ninguém sabe como a maçonaria aportou por lá. Como na Inglaterra, França,
Alemanha, Escócia e outros países onde a Arte Real se tornou instituto cultural
de grande importância, tudo é muito obscuro e aureolado de lendas. Há quem
sustente que a maçonaria chegou em terras portuguesas pela mãos do infante
Afonso Henriques, reconhecidamente um cavaleiro templário, que fundou o reino
de Portugal ajudado pelos seus irmãos daquela Ordem. Sendo a Ordem maçônica a
legítima herdeira das tradições daqueles cavaleiros, nada mais justo
reivindicar a nobreza dessa origem para os maçons portugueses. Mas assim como
não há nada que comprove uma legítima interação entre esses proscritos
cavaleiros cruzados e os maçons medievais, também, no caso português, tudo é
pura especulação. O que se sabe, de verdade, é que a maçonaria, tal como a
conhecemos hoje, chegou à Portugal entre 1725 e 1735, trazida pelos
comerciantes ingleses. Data de 1727 a memória do primeiro grupo de maçons
atuando em Lisboa.
Em
1738 foi emitida a Bula In Emminenti
Apostolatus Speculati, pelo Papa Clemente XII, condenando a maçonaria como
seita herética e inimiga da verdadeira religião, a católica. Os reis de
Portugal, católicos conservadores, logo aproveitaram a Bula papal para dar
livre curso á sua própria intolerância contra a Ordem, cuja fama de liberal e
contestadora da teoria do direito divino
dos reis era já bem conhecida. Assim promulgaram um decreto em 1743 colocando a
Ordem fora da lei e punindo com a pena de morte quem fosse encontrado
praticando maçonaria em Portugal. Uma feroz perseguição contra os maçons em
terras portuguesas começou. John Coustos, reconhecidamente o líder maçom de
maior importância em Portugal na época, foi preso e submetido às terríveis
torturas da Inquisição, dela só escapando com vida por interferência das
próprias autoridades inglesas, que na época, abrigava em seus quadros vários
membros da Ordem.
Em
1751 nova bula papal, desta vez emitida pelo papa Benedito XIV, deu reforço à
bula anterior e a maçonaria foi praticamente extinta em Portugal. Ela só viria
a ser revivida na década de 1760-70 durante o governo do Marquês de Pombal,
reconhecidamente um déspota esclarecido, adepto das ideias iluministas, e
segundo alguns, iniciado na maçonaria inglesa ( fato não comprovado
documentalmente). Todavia, é verdade que o Marques de Pombal não nutria muita
simpatia pela Igreja Católica, tendo inclusive banido de Portugal e de seus territórios
ultramarinos a Companhia de Jesus. De maneira que durante o seu governo a
maçonaria funcionou tranquilamente em Portugal. Mas essa tranquilidade durou
pouco. Morto o rei Dom José, subiu ao trono D. Maria I, católica fervorosa. Por
instigação da Igreja, ela depôs o o poderoso Marques de Pombal e formou um
governo eminentemente católico, colocando como seu Ministro de
Segurança(Intendente de Polícia), o sinistro
Pina Manique, um indivíduo que desenvolveu contra a maçonaria uma
sistemática perseguição, mandando prender praticamente todos os maçons de
Portugal. A perseguição atingiu seu auge em 1791-1792, quando as masmorras
ficaram lotadas com os irmãos da Ordem. Mas em 1797, chegou a Portugal um
grande contingente de tropas inglesas, para ajudar Portugal na guerra que o
país estava travando contra a França. Esses soldados, cujos comandantes eram,
em sua maioria, maçons, trouxeram de
novo a maçonaria para Portugal. As atividades maçônicas se desenvolveram
rapidamente e em 1806 deu-se a emissão da primeira constituição maçônica em
terras portuguesas.
E no Brasil?
Como
andava a maçonaria no Brasil nesses cruciais tempos históricos, em que as
mentes mais esclarecidas estavam todas impregnadas do ideal libertário que os
rebeldes americanos( a maioria reconhecidamente maçons) haviam proclamado, e os
revolucionários franceses, muitos deles também maçons, haviam espalhado pela
Europa? Dizem que já no romântico e decadente ambiente da Inconfidência Mineira
eram os ideais maçônicos o principal inspirador da ideologia dos inconfidentes.
Alguns autores maçons, munidos mais de imaginação do que de verdadeiras
informações históricas, sustentam que Tiradentes, Tomás Antonio Gonzaga,
Álvares Maciel, Alvarenga Peixoto e outros, inclusive o próprio Aleijadinho,
eram maçons. Dizem até que a maçonaria teria sido trazida ao Brasil pelo Doutor
José Álvares Maciel, que teria sido iniciado em Coimbra e frequentado Lojas em
Londres. Assim teria fundado Lojas em Ouro Preto, onde iniciou os ditos irmãos
inconfidentes e outras pessoas
importantes da colônia.[2]
Não
há nenhuma evidência histórica dessas afirmações. Aliás, dado o momento
histórico em que foram vividos os fatos da Inconfidência Mineira, é duvidoso
que alguma Loja maçônica estivesse funcionando no Brasil naquela época. Os
primeiros anos da década de 1790, como vimos, foram os tempos mais violentos da
repressão que as autoridades portuguesas moveram contra a maçonaria. O biênio
de 1792-93, aliás, anos em que o processo contra os inconfidentes foi concluído
( Tiradentes foi enforcado em 21 de abril de 1792), foi a época em que essa
repressão atingiu o auge.
Não
se levantou, até agora, nenhum registro de atividade maçônica nas Minas Gerais,
na época da Inconfidência, ou anos anteriores, e mesmo em décadas posteriores a
ela. E achamos mesmo difícil que isso tenha ocorrrido face á predominância da
religião católica naquelas terras e o medo que a terrivel milícia criada pelo
Conde de Assumar inspirava nos mineiros. Assim, pretender que alguns dos
inconfidentes fosse maçons regulares é, no mínino, mais uma das românticas
inspirações dos nossos imaginativos autores maçônicos.
O Aleijadinho era
maçom?
Essa
pergunta é interessante e pode ser respondida de duas formas: sim e não.
Primeiro,
como já foi informado no texto acima, não havia atividade maçônica regular em
Minas na época em que ele viveu. Aleijadinho nasceu em 1730 e morreu em 1814.
Profundamente católico e ligado à Igreja, dificilmente teria participado de um
movimento tão mal visto pelas autoridades eclesiásticas. Certamente, se
houvesse qualquer relação do grande artista barroco com algum movimento
maçônico regular, ele jamais teria sido tão cortejado e requisitado pela
comunidade eclesiástica de Minas para realizar os trabalhos que o tornaram
famoso. Assim, podemos dizer com um certo nível de certeza que Antônio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho, não era maçom regular, ou seja, não foi membro iniciado
de uma potência maçônica, tal como a conhecemos hoje. Aliás, nem ele, nem
Tiradentes, nem qualquer outro inconfidente, tanto quanto sabemos.
Isso
não impede, entretanto, que a Inconfidência Mineira não tenha sido realmente
influenciada por ideais maçônicos. Afinal, se formos analisar as ideias
maçônicas do século XVIII e do início do
século XIX, seria muito difícil negar que a maçonaria não seria apenas mais um
desdobramento do Iluminismo do que uma manifestação cultural independente, que
nasceu e se desenvolveu por si mesma. Maçonaria, como temos sustentado, é mais
uma ideia, uma prática de vida, do que uma instituição, propriamente dita. Ela
se fundamenta na ideia arquetípica de uma ordem social e política perfeita - um
Eden social - e na prática da fraternidade e do livre pensamento como
sustentáculo dessa ideia. Assim, maçom não é apenas aquele que se inicia numa
Loja regular e aprende a compartilhar com os irmãos uma cultura simbólica
comum. Maçom é todo aquele "pedreiro" moral que ajuda a construir o
edifício da ordem social perfeita.
Só
nesse sentido, aliás, podemos conceder à maçonaria antecedentes históricos tão
antigos e filiações espirituais tão nobres quanto são pretendidas pelos nossos românticos
e imaginativos historiadores.
Sabemos,
por exemplo, que a maçonaria, tal como a conhecemos hoje, não nasceu em 1717,
com a fusão das Lojas Londrinas, como pretendem os defensores da origem
britânica da Ordem. Nem que seu registro de nascimento seja o misterioso
Colégio de Arquitetura florentino, fundado em Milão por Leonardo da Vinci e
seus confrades arquitetos e artistas renascentistas, como pretendem os
defensores da linhagem italiana da maçonaria. Registros da existência de Lojas
que já praticavam ritos semelhantes aos que hoje se praticam na maçonaria
moderna existem para atestar uma existência muito mais antiga do que essas.[3]
Assim,
que o Aleijadinho possa ter sido maçom operativo, isso é bem provável. Afinal,
seu pai, Manuel Francisco Lisboa era, comprovadamente, mestre de obras. Vários
registros documentados o dão como pedreiro, carpinteiro, arquiteto e
entalhador.
Essa
profissão ele a transmitiu ao seu filho ilegítimo Antônio Francisco, que ele
teve com sua escrava Isabel. Afirma o principal biografo do Aleijadinho que seu
pai, Manuel Francisco, realizou muitas obras de verdadeiro arquiteto e ocupou,
por muitos anos, o cargo de “Juiz” dos ´”Ofícios Mecânicos” de Vila Rica,
alcançando relativa fortuna e projeção social.[4] Era também membro leigo da Irmandade da Ordem
de São José do Carmo, organização da qual, mais tarde, também o próprio
Aleijadinho seria, primeiro professor, e depois Juiz.
Ora,
o que era realmente esse Irmandade de São José do Carmo? Os registros históricos
indicam que se tratava de uma Irmandade fundada sob os auspícios da Igreja, mas
que tinha, nitidamente, o caráter de uma guilda, ou seja, uma espécie de
Corporação de Oficio, que cuidava dos interesses dos praticantes dos ofícios
ligados à construção civil, regulando as suas atividades e ensinando-as aos
aprendizes que se dedicavam á essa atividade.
Por
termo de posse lavrado em 9 de dezembro de 1787, o “pardo” Antônio Francisco Lisboa, escultor e mestre
de obras de cantaria, foi nomeado “Juiz” dessa Ordem de “irmãos” carpinteiros e
construtores de Vila Rica. [5] Segundo
Afonso Arinos, existiam no Brasil colonial, nas principais cidades, muitas
organizações desse tipo. Eram Ordens laico-religiosas, organizadas pela Igreja
e administradas pelos profissionais que as compunham.
Poder-se-ia
chamá-las de Lojas maçônicas operativas? Pelo que sabemos dessas antigas
antecessoras das Lojas modernas, podemos, ao menos por analogia, dizer que sim.
Nessas corporações há, inclusive, registros da participação de “irmãos” não
pertencentes aos quadros dos profissionais da construção civil. Na própria
Irmandade de São José, onde o Aleijadinho foi elevado a “Juiz” (Venerável
Mestre?), há registros de vários militares e outros tipos de profissionais
liberais, admitidos como “irmãos aceitos”. Indícios da prática de um ritual de
iniciação também são observáveis nesses documentos que se referem às atividades
dessas Irmandades.
O
ingresso de Antônio Francisco como membro dessa Irmandade registra o dia 4 de
agosto de 1772 como o da sua iniciação. Ele tinha um irmão padre, chamado Félix
Antonio Lisboa, que também era membro dessa Organização.
Assim,
à pergunta se Antônio Francisco Lisboa, conhecido como o Aleijadinho, teria
sido maçom, a resposta pode ser: sim. Maçom operativo, maçom por ideal, maçom
por virtude prática, certamente pode ter sido. Maçom regularmente iniciado,
membro de potência reconhecida, com certeza não foi.
Mas
para quem vive a verdadeira maçonaria isso muito pouco importa. A obra do
Aleijadinho, principalmente aquela que ele realizou após o seu ingresso na
Irmandade de São José, é fundamentalmente maçônica. É uma arte que, embora
mostre feições caracteristicamente católicas, pois o Aleijadinho nunca se
afastou das suas raízes religiosas, entretanto, reflete perfeitamente a
filosofia da Contra Reforma, pregada por Pio V no Concilio de Trento (1536).
Nesse Concílio, o referido Papa pregou uma mudança na arte sacra até então realizada
pelos artistas católicos, sustentando que ela deveria conduzir o povo para Deus
e não afastá-lo dele. Isso era o que os reformistas protestantes pregavam,
dizendo que a teologia católica só prometia dor para o gênero humano e refletia
essa ideologia de miséria na arte sacra, glorificando pessoas martirizadas,
representando-as em pleno martírio e não na glória que a revelação religiosa
concede aos seus iluminados. Destarte, fazia do próprio Cristo uma imagem de
martírio e dor, sem oferecer em troca uma visão do seu triunfo final. E os
protestantes iam conquistando adeptos justamente pela ideia que pregavam, da
possibilidade de uma redenção, da conquista de um gozo futuro como prêmio pela
dor presente.
Assim,
o Aleijadinho procurou retratar essa ideia em suas obras. O homem, por maior
que sejam seus sofrimentos em vida, se ele crê em Deus, triunfa. Essa foi a
experiência vivida por Jesus, esse foi o seu exemplo. Daí os seus Cristos de
madeira e pedra se apresentarem como imagens vivas da mutilação e da dor, mas
em suas expressões se percebe a mais excelsa alegria. Nas feições dilaceradas a
imagem do sofrimento, mas no brilho descomunal dos olhos, a transcendência da
vitória conquistada pelo espírito.
Possivelmente,
o Aleijadinho deve ter experimentado em sua própria vida um sentimento
semelhante. Seus aleijões, sua doença degenerativa e deformante não o teria
levado a se comparar a um Cristo vivo, vivendo uma experiência transformante e transformadora,
que ele retratou em suas obras? Não seria uma experiência semelhante àquela que
emula na prática maçônica? Não poucos biógrafos seus sustentam que sim, que ele
teria retratado nas feições sofridas de suas imagens o seu próprio rosto,
contraído pela dor, e nos membros que muitos críticos reputam como deformados,
os aleijões que a lepra tuberculóide
provocava nas suas mãos e pés.[6]
A Obra maçônica do
Aleijadinho
Já
foi sugerido que os profetas esculpidos pelo Aleijadinho para o Santuário de
Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, são uma metáfora à
Inconfidência Mineira, na qual cada um dos doze profetas representaria um dos
Inconfidentes. Nesse sentido, Isaias representaria Domingos de Abreu Vieira, e
os demais, na ordem, seriam Francisco de Paula Freire (Jeremias), José Alvares
Maciel (Abdias), Domingos Vidal Barbosa (Habacuc), Tomás Antonio
Gonzaga(Daniel), Tiradentes (Jonas), Alvarenga Peixoto (Oséias), Cláudio Manoel
da Costa (Joel), Francisco Antonio Lopes( Naum), Luiz Vaz de Toledo Piza (
Ezequiel), Salvador Carvalho de Amaral Gurgel ( Baruc) e Amós seria o se
próprio auto retrato. Essas deduções
foram extraídas das observações das frases latinas contidas nos pergaminhos que
cada profeta ostenta em suas mãos. Essas inscrições, embora refletindo motivos
bíblicos e baseadas em frases atribuídas a cada um dos oráculos, não reproduzem
os ditos originais contidas nos livros dos respectivos profetas, mas foram
claramente adaptadas para expressar uma idéia, que segundo a autora da tese,
seriam alusivas a motivos referentes à Inconfidência Mineira e à vida
particular de cada um dos conjurados. [7]
A Loja do Aleijadinho?
Com
um pouco de imaginação e informação sobre a vida do Aleijadinho se pode
construir boas e interessantes especulações. Aliás, isso é próprio da obra de
todo grande artista. Haja vista as especulações sobre a obra de Leonardo da
Vinci, Dante Alighieri, Shakespeare e outros. O nosso fantástico Antônio
Francisco Lisboa, entretanto, para o maçom especulativo, desperta ainda mais
interesse quando se buscam nele os sinais, senão de que ele tenha sido
realmente um irmão regular, que tenha sido pelo menos um maçom operativo,
ligado por teoria e prática, à cultura da maçonaria.
Nesse
sentido, basta observar com atenção as suas obras para enxergar nelas os sinais
da presença cultural da Arte Real. Nela encontraremos, por exemplo, a
representação de abóbadas celestes num estilo bem maçônico, assim como colunas,
romãs, garras, símbolos maçons como prumos, níveis, adros e outros artefatos
presentes na iconografia maçônica. Isso mostra o quanto ele tinha conhecimento,
senão da cultura simbólica da Arte Real, que pelo menos estava a par de
segredos arcanos detidos somente por Mestres iniciados nesse mister.
Porém,
o que mais chama a atenção nesse sentido é a disposição geográfica dos profetas
no átrio do santuário de Congonhas do Campo. Com um pouquinho de imaginação
poderemos encontrar nela uma certa semelhança entre a posição das estátuas com
as posições ocupadas numa Loja maçônica pelos seus oficiais. Senão vejamos.
Essa disposição pode ser detalhada do seguinte modo:
ORIENTE
Jonas Daniel Oséias Joel
(1º
diácono) (orador) (porta bandeira) (secretário)/
OCIDENTE
Baruc Ezequiel
(tesoureiro)
(mestre cerimônias)
Amós
Naum
(1º
Vigilante)
( 2º Vigilante)
Abdias Isaias Jeremias Habacuc
(2º
diácono) (cobridor interno)
(cobridor externo) ( harmonia)
A
posição do Trono do Venerável Mestre corresponde ao próprio santuário, já que o
Venerável é, no caso, o próprio Cristo.
Estas
é a disposição em que os profetas foram esculpidos, todos eles com seus pés em
posição de esquadro, como bem cabe a um maçom em Loja regular.
Eis
aí colocadas algumas interessantes relações entre a realidade histórica e o
mito Antonio Francisco Lisboa- conhecido pela alcunha de O Aleijadinho- , a
maior expressão da arte barroca brasileira de todos os tempos. Outras já foram
observadas por diversos autores e Irmãos em trabalhos de Loja, razão pela qual
seria cediço reproduzi-las aqui.
O
que fica é a pergunta: Era ele um Irmão da Arte Real? Com o que registramos
acima só podemos concluir que sim. Era ele maçom? Não sabemos, pois não há
qualquer registro histórico que o prove. Tudo está em distinguirmos aquilo que
entendemos como sendo um Irmão da Arte Real e um maçom regular. Para nós o
verdadeiro significado da maçonaria está no primeiro termo e não no segundo. Isso
porque não vemos a maçonaria como uma instituição secular, mas sim como ideia
que deve ser posta em prática. Nesse sentido, por tudo que esse magnífico
artista foi, pelo que fez, pelo que idealizou e refletiu na sua obra, não temos
nenhum constrangimento em considerá-lo um grande Irmão. E ao fazê-lo, sentimos
um imenso orgulho nisso.
[1]
[2]
Cf. Felício dos Santos- Memórias do Distrito Diamantino.
[3]Cf.
Jean Palou- Maçonaria Simbólica e Iniciática, Ed. Pensamento, 1986
[4]
Rodrigo José Ferreira Bretas- Traços Biográficos do (...) Aleijadinho.
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 15- Rio de Janeiro , 1951
[5]
Idem, op citado.
[6]
Hoje se sabe que a doença que o grande escultor mineiro contraiu era a porfíria
cutânea tardia, uma espécie de hanseníase nervosa, que corrói pele e membros
inferiores e superiores mas conserva intactos os órgãos internos, razão pela
qual o Aleijadinho viveu até a avançada idade de 84 anos.
[7]
Essa tese foi proposta pela professora Isolde Hans Venturelli, publicada no
calendário Phillips de 1982 e
reproduzida pela Revista Veja. Nesse caso, o Profeta Amós, seria o próprio
Aleijadinho, cujo discurso, como sabem os Irmãos, abre a Loja de Companheiro.
Por
João Anatalino
Fonte:
Recanto das Letras
0 Comentários