Por Barbosa Nunes
28
de novembro, sexta feira, ano de 2014, trouxe uma notícia que causou comoção e
as mais diversas reações e manifestações em todo o mundo, especialmente no
Brasil, como assunto mais comentado com muita emoção nos últimos tempos. Dele
teremos sempre a recordação do bom humor, simplicidade, pureza e inocência, nos
vários personagens que interpretou em sua longa vida de comediante infantil.
Crianças
que se tornaram adultos, tendo filhos e netos, todos nós recebemos através de
uma produção sem nenhuma sofisticação ou padrão especial, destituída de luxo, mensagens
puras e posso dizer, “santas”, pois encarnavam a alma da criança, criança que é
verdade, alegria e amor. Meus netos Paulo Henrique e Vinícius, muito tristes
com a notícia me disseram: ”O Chaves, vovô, nunca vai morrer.”
Famílias
reunidas, o que está sendo difícil no mundo de hoje, quase todos os dias riam
com aquele menino que trazia um mundo fantasioso, porem sem palavrões,
imoralidade, gestos obscenos, que são usados corriqueiramente nas disputas de
audiência pelos canais de televisão.
Um
menino que representa a família sem casa, sem teto, morando em um barril. Entre
momentos de “brigas” eles se entendiam e chegavam a mais de 100 países. Grande
prestígio e reconhecimento a um dos escritores mais respeitados do mundo:
Roberto Gomez Bolaños. Ator, comediante, escritor, dramaturgo, compositor e
diretor de televisão mexicana.Com naturalidade conquistou o título de programa
número 1 da televisão humorística. Começou sua carreira cultural após formar-se
em engenharia elétrica na Universidade Nacional do México, nunca exercendo a
profissão.
Iniciou
a escrever em 1950 e foi apelidado de “Chespirito”, pelo diretor de cinema
Agustin Delgado, forma diminutiva e castelhanizada do vocábulo inglês
“Shakespear”, que o considerava um pequeno William Shakespeare, capaz de
escrever histórias tão significativas e versáteis quanto o autor inglês.
Em
1970 surgiu o “Chapolin Colorado”, um herói atrapalhado que as crianças adoram.
Um ano depois nasceu “Chaves”. Personagem que se tornou figura mundial, maior
sucesso de Roberto Bolaños.
Frases
que passaram a fazer parte constantemente das expressões de crianças e adultos,
quando sinteticamente desejavam dar uma resposta a algum assunto, de forma
descontraída, como: “Ninguém tem paciência comigo”, ‘Foi sem querer, querendo”,
“Isso, isso, isso!”, “Não contavam com minha astúcia”, “Eu prefiro morrer que
perder a vida”, “Pipipipipipi”, “Ai que burro, dá zero pra ele!”, “Aí pego e
zas, depois zas!”, “Tá bom, mas não se irrite”, “E agora quem poderá me
defender?”.
Seus
companheiros que formavam o grupo que morava na mesma vila que Chaves, muito
queridos também, eram Quico, Dona Florinda, Seu Madruga, Nhonho, Bruxa do 71,
Senhor Barriga, Professor Girafales e Chiquinha. Crianças e adultos riam às
gargalhadas quando ouviam: “Vamos tesouro, não se misture com essa gentalha!”,
“Gentalha, gentalha, gentalha!”, “É tudo culpa do professor linguiça!”, “A
vingança nunca é plena, mata a alma e envenena.”
O
nome do personagem é referência ao vocábulo “chavo”, assim chamado por todos os
moradores da vila em que morava, gíria que no México significa
"menino", "garoto" ou "moleque".
Roberto
Bolaños teve seis filhos do primeiro casamento e após 27 anos convivendo com
Florinda Meza, atriz que interpretava a maioria dos personagens femininos,
inclusive o mais conhecido, “Dona Florinda”.Com ela se casou em 2004, não tendo
nenhum filho desta união.
Era
filho da secretária bilíngue Elsa Bolaños Cacho e do pintor, cartunista e
ilustrador Francisco Gomez Linares e sobrinho de Gustavo Diaz Ordaz Bolaños,
ex-presidente mexicano.
Após
a morte de Roberto Bolaños, várias declarações de carinho e tristeza surgiram,
dentre elas as de Edgar Vivar, que interpretava os personagens “Seu Barriga” e
“Nhonho”,e Maria Antonieta de Las Nieves, a “Chiquinha”: "Roberto, não se
vá. Permanece em meu coração e em todos os corações de tantos a quem nos fez
feliz. Adeus, Chavito, até sempre". "Obrigada por ter feito tanta
gente feliz e pelos maravilhosos momentos que dividimos no grupo."
Ah!
Meu querido Chaves, se todos nós fossemos como você, construindo a nossa
sociedade como a vila em que você viveu, não teríamos corrupção, imoralidade,
violência, guerras, falsidade e tantos outros valores negativos que levam a
terra, “que foi prometida”, para um desequilíbrio impensável. Consequências
funestas na qualidade de nossas vidas, sobretudo agora, que a água já está
faltando em muitos locais do nosso país e a projeção é que diminuirá ano para
ano. Consequência do bicho-homem, que como animal racional é o instrumento
desta destruição. Vi estes dias uma frase que dizia mais ou menos assim: “Seja
humano, mas haja como os animais irracionais que preservam a natureza”.
Bolanõs
deu nesta encarnação aquilo que realmente teve, aprendeu e experimentou.
Ofereceu seu amor completo para milhões de pessoas. Priorizou as crianças.
Compartilhou o amor, produzindo seus programas amando a si próprio com respeito
a ele mesmo e teve as crianças sempre em combinação de maravilhas. Contribuiu
com a verdadeira finalidade da educação, como processo de descobrimento da
individualidade da criança, direcionando-a sempre para o desenvolvimento e
ensinando-lhe o modo de dividir com os outros. Sempre irradiou para o mundo
inteiro a paz, o bem, a alegria, amizade, fraternidade, enfim, “Chaves” foi um
personagem do bem, diferentemente de outros que se tornam modelos para
desonestidade, imoralidade e mensagens de destruição familiar pelas televisões.
Muitos
vão dizer que Roberto Gomez Bolanõs fez fortuna, montando uma estrutura
valiosíssima na comunicação. É verdade, mas nunca o “Chaves” deu lição de
desonestidade, por exemplo, como homens famosos públicos e políticos de nosso
país, que acumularam fortunas aqui e no exterior, dilapidando o patrimônio público
e reduzindo à assistência para nossas crianças. Estão agora caminhando para as
grades, condenados pela justiça, pelo povo e por Deus. Um deles que se submeteu
a humilhante “delação premiada” ,disse que o fez para acalmar a sua alma em
depressão, pois se encontrava em um envolvimento do qual não tinha condição de
sair e estava “enojado”. A “delação premiada” me fez voltar para minha família.
Bolanõs
disse poucos dias antes de sua partida para o mundo espiritual, tendo “Dona
Florinda” ao lado do seu leito, uma frase que milhares de brasileiros não tem
dignidade de pronunciá-la, pois eles não amam nossa pátria:
“Todo
mi amor para Brasil”.
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