*Por Barbosa Nunes
Altair
Camargo, farmacêutico, bioquímico e médico, natural de Catalão, formado pela
Universidade Federal de Goiás, contemporâneo de minha companheira Vera Lúcia
Brandão Barbosa, filho de Rosa e Altamir, encontra-se em plena atividade diária
no quadro do setor de saúde pública. Estudioso e sensível às coisas do coração,
como poeta e produtor de cronologias, homenagens ao cantor Roberto Carlos,
lembranças dos boleros e produções literárias, desde estudante e participante
de rodas culturais em eventos da classe médica. Castro Alves é o seu favorito.
Afirma gostar de poesias rimadas e na música cresceu ouvindo Roberto Carlos,
conhecendo bem sua carreira e acompanha seu trabalho desde os tempos da Jovem
Guarda. Leia mais
O
tema é o Dia do Médico, um dos mais importantes profissionais de nossa
sociedade, com função nobre ligada à manutenção e restauração da saúde,
profissional que utiliza o saber específico, técnicas e abordagens que lhe
permite promover a saúde e o bem estar físico, mental e social dos indivíduos.
18
de outubro, data escolhida por ser o dia consagrado a Lucas, santo padroeiro dos
médicos, que morreu com 84 anos, tendo servido o Senhor com perseverança. O
“amado médico”, segundo o apóstolo Paulo.
Quem
foi o médico Lucas? Estudou medicina na Antióquia (Síria), onde pela primeira
vez os seguidores de Cristo foram chamados de Cristãos. Pagão, converteu-se à
fé cristã. Sem esposa nem filhos, começou a estudar medicina em sua cidade
natal, buscando aperfeiçoamento em Alexandria, Atenas e Pérgamo. Nesta última
cidade consultou e curou São Paulo, que a partir de então se tornou seu grande
amigo e, mais tarde, difundiram os ensinamentos de Jesus para os gentios.
A
tradição de ter Lucas como patrono dos médicos é bem antiga. Em 1463, a
Universidade de Pádua passou a iniciar o ano letivo em 18 de outubro, em
homenagem a São Lucas, proclamado patrono do Colégio dos Filósofos e dos
Médicos.
A
vida de São Lucas, como médico e como evangelista, foi tema de um romance
histórico muito difundido, intitulado “Médico de homens e de almas”, da
escritora inglesa Taylor Caldwell que detalha a história de São Lucas, cuja
maior missão foi a de dedicar ao serviço da saúde, utilizando suas habilidades
para curar pessoas.
Homenageio
todos os médicos, nossos “anjos da guarda”, com a poesia intitulada “Dia do
Médico”, em que Altair Camargo enfoca, traduz e revela sonhos, dificuldades e
até decepções, mas obstinadamente traz no seu poema o médico recolhido à sua meditação:
“Neste Dia do Médico não
quero elogios pelas dores que amenizei, não quero cumprimentos pelos males que
curei. E nem quero felicitações pelas lágrimas que ajudei a secar. Não quero
homenagens pelas vidas que salvei, não quero palmas pelas aflições que aliviei
e nem quero sorrisos pelas perdas que ajudei a consolar.
Embora os médicos sejam
também uns artistas, talvez atores, deixem os aplausos para os dançarinos,
músicos e cantores, pois neste dia quero me sentir sem culpas. Quero me sentir
como um suave perfume no ar, quero me sentir como um passarinho livre a voar,
quero neste dia, principalmente, pedir muitas desculpas.
Peço desculpas por ser
muito limitado, por não ter soluções mágicas para algum adoentado que me
procura, confiando cegamente nos cuidados meus, peço desculpas por não ter os
poderes que esperam de mim. Por não conseguir debelar tudo que é ruim e por não
ser onipotente, onisciente e onipresente como Deus.
Peço desculpas por ter que
educar e sustentar os meus filhos, por ter vários empregos e viver saltando
obstáculos e empecilhos. Tendo que me locomover correndo em várias direções.
Por ter que pagar impostos, por ter que me atualizar, por ter que me vestir,
por ter que me alimentar e em consequência, peço desculpas por ter que cobrar
pelas minhas ações.
Peço desculpas pelos grandes
problemas sociais do Brasil. Pela fome, pela miséria, pela desnutrição, pelo
salário vil, pelas epidemias e pelas catástrofes que não consigo resolvê-las.
Por ter que trabalhar sem as mínimas condições técnicas e de segurança. Por ter
ajudado a eleger políticos insensíveis que promovem gastança. Em benefício
próprio, nos deixam a “ver estrelas”.
Peço desculpas pelo meu
cansaço e mau humor após uma noite de plantão, por não estar sempre sorridente
e simpático ou solfejando uma canção. E me esforçando muito para ser
verdadeiro, peço desculpas por ser apenas um ser humano, e que neste dia 18 de
outubro eu não me engano ao me declarar, humildemente, ser apenas UM MÉDICO
BRASILEIRO”.
*Barbosa Nunes é Grão-Mestre Geral Adjunto do
Grande Oriente do Brasil
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