*Por Barbosa Nunes
Estou
um pouco “macambúzio”. Meditativo, taciturno, sorumbático, e pensativo, passa
pelo meu íntimo, neste momento de madrugada, sexta-feira, 8 de agosto, aqui em
Brasília, quando produzo o artigo para este sábado, um sentimento muito forte
de saudade da terra querida, dos tempos que se foram e dos pedaços que ficaram
pelos caminhos. Vem-me à mente Olavo Bilac: “Ama, com fé e orgulho a terra em
que nasceste. Vê que vida há no chão! Vê que vida há nos ninhos, que se
balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que grande extensão de matas, onde
impera, fecunda e luminosa a eterna primavera!”. Leia mais
Guardados
em todos os corações dos fraternos e gentis amigos e amigas de todos os
sábados, como no meu também, estão nossos tempos. Às vezes muito distantes, mas
presentes em nossas recordações, fazendo andanças, lembrando a mãe terra que
nos recebeu com vida. Saudade da terra querida é retorno às lembranças dos bons
tempos, às vezes nem tanto, mas vividos em raiz familiar. É muito bom voltar a
eles, mas voltar devagarzinho, para usufruir daqueles bons momentos.
Registro
aqui a minha satisfação em sempre estar caminhando pela minha terra querida,
Itauçu, Goiás, através dos capítulos, já superando 90, intitulados “Lembranças
de minha terra”, autoria do conterrâneo Rui França Barbosa, uma enciclopédia,
pois tudo sabe de nossa terra, inclusive dos milhares de aniversariantes.
Textos que são estradas de recordações, propiciando para muitos, que o nosso
tempo não seja levado para o baú do esquecimento. Rui, irmão de Renato França
Barbosa, amigo identificado em muitos sonhos e boas iniciativas em favor do
solo amado. Terra hoje muito divulgada nas redes sociais, através de grupos de
cultura, fé e enaltecimento do passado e do presente da “Cidade da Pedra
Grande”.
Com
este sentimento de esperança, levando poemas de amor à terra que recebeu todos
os amigos nos seus primeiros dias de vida e que haverá de nos receber
materialmente, quando dela nos despedirmos, ofereço esta página, como
demonstração emocionante de saudade, de todos nós, da terra onde nascemos,
vivemos e caminhamos, na composição de Curty Putman, versão de Geraldo
Figueiredo, intitulada “Os verdes campos da minha terra”, sempre cantada por
Agnaldo Timóteo.
“Se
algum dia à minha terra eu voltar, quero encontrar as mesmas coisas que deixei.
Quando o trem parar na estação, eu sentirei o coração, a alegria de chegar. De
rever a terra em que nasci, e correr como criança, nos verdes campos do lugar.
Quero
encontrar a sorrir para mim, o meu amor na estação a me esperar, pegarei
novamente a sua mão, e seguiremos com emoção, pros verdes campos do lugar. E
reviver os momentos de alegria, com meu amor a passear, nos verdes campos do
meu lar”.
Estamos
cantando nossa infância, nossa juventude, nossa vida, por mais longe que
estejamos, ou mais distantes em nossas recordações. Reforço o tema de hoje, com
Roberto Carlos em sua poesia, voltando à sua terra natal, “Meu pequeno
Cachoeiro”.
“Eu
passo a vida recordando, de tudo que aí deixei. Cachoeiro, Cachoeiro, vim ao
Rio de Janeiro, pra voltar e não voltei. Mas te confesso na saudade, as dores
que arranjei para mim, pois todo o pranto destas mágoas, ainda irei juntar, as
águas do teu Itapemirim.
Meu
pequeno Cachoeiro, vivo só pensando em ti. Ai que saudade dessas terras, entre
as serras, doce terra onde eu nasci.
Recordo
a casa onde eu morava, o muro alto, o laranjal. Meu flamboyant na primavera,
que bonito que ele era, dando sombra no quintal.
A
minha escola, a minha rua, os meus primeiros madrigais, ai como o pensamento
voa, ao lembrar a terra boa, coisas que não voltam mais. Vivo pensando só em
ti, ai que saudade dessas terras, entre as serras, doce terra onde eu nasci”.
Goiás
e Belmonte são perfeitos na composição de sucesso grandioso, especialmente nas
vozes de Chitãozinho e Xororó, “Saudades de minha terra”. Dedilham com emoção,
a saudade do homem do campo quando vem sofrer na cidade grande. Não suportando,
retorna ao seu interior querido cantando com muita alegria. Lamentavelmente,
muitos não conseguem, permanecendo num mundo estranho, na selva de pedra que os
deprimirão para sempre.
“De
que me adianta viver na cidade, Se a felicidade não me acompanhar, Adeus,
paulistinha do meu coração, Lá pro meu sertão, eu quero voltar, Ver a
madrugada, quando a passarada, Fazendo alvorada, começa a cantar, Com
satisfação, arreio o burrão, Cortando estradão, saio a galopar, E vou escutando
o gado berrando, Sabiá cantando no jequitibá.
Por
Nossa Senhora, Meu sertão querido, Vivo arrependido por ter deixado, Esta nova
vida aqui na cidade, De tanta saudade, eu tenho chorado, Aqui tem alguém, diz
que me quer bem
Mas
não me convém, eu tenho pensado, eu fico com pena, mas esta morena, não sabe o
sistema que eu fui criado, To aqui cantando, de longe escutando, Alguém está
chorando, Com rádio ligado.
Que
saudade imensa do, Campo e do mato, Do manso regato que Corta as Campinas, Aos
domingos ia passear de canoa, Nas lindas lagoas de águas cristalinas, Que doce
lembrança, Daquelas festanças, Onde tinham danças e lindas meninas, Eu vivo
hoje em dia sem Ter alegria, O mundo judia, mas também ensina, Estou
contrariado, mas não derrotado, Eu sou bem guiado pelas mãos divinas.
Pra
minha mãezinha já telegrafei, E já me cansei de tanto sofrer, Nesta madrugada
estarei de partida, Pra terra querida que me viu nascer, Já ouço sonhando o
galo cantando, O nhambu piando no escurecer, A lua prateada clareando as
estradas, A relva molhada desde o anoitecer
Eu
preciso ir pra ver tudo ali, foi lá que nasci, lá quero morrer”.
(*Barbosa
Nunes, advogado, ex-radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado,
professor e maçom do Grande Oriente do Brasil)
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