Drogas: a sociedade precisa de atos de coragem

*Por Barbosa Nunes
GMGA Barbosa Nunes
O pronunciamento do papa Francisco, feito no dia 24 de julho Último, no Hospital São Francisco de Assis, no Rio de Janeiro, quando de inauguração do Polo de Atendimento para Dependentes Químicos, trouxe a mim a oportunidade de rememorar os passos iniciais do envolvimento do Grande Oriente do Estado de Goiás e posteriormente Grande Oriente do Brasil, com o trabalho de prevenção ao uso de drogas. A ideia nascida em 1996, por sugestão e necessidade da Loja Maçônica “Acácia Cristalinense”, que na época trouxe ao Grão-Mestre Estadual José Ricardo Roquette, a solicitação, como pedido de socorro, para que a instituição aderisse àquele clamor, em função do grande número de jovens que estavam adentrando ao uso.
Na sequência, em deslocamento para a Loja “Aurora de Caiapônia”, fomos convidados para estruturar a iniciativa, quando logo após frequentamos cursos com o saudoso farmacêutico e toxicologista Jamil Issy e com Maria Sônia França, do Grupo Amor Exigente. Assim, em outubro de 1997, era lançado no Palácio Nasseri Gabriel, de Goiânia, o Programa “Maçonaria a Favor da Vida – Contra as Drogas”, posteriormente nacionalizado pelo Grande Oriente do Brasil. Leia mais

Tive a honra de produzir a revista orientativa e ser o seu coordenador estadual e nacional, desde aquela época até a presente data, tendo a revista sido aprovada pelo Conselho Estadual de Entorpecentes de Goiás, publicada em várias edições, com milhares de unidades por todo o país. Continuamos disponibilizando a pesquisa sem ônus aos nossos amigos que nos prestigiam todos os sábados, com a leitura deste, bastando informar o endereço de postagem.
Elencamos o uso de drogas, um entendimento inicial, como funciona a dependência, o
relacionamento familiar, o ambiente social e o uso de drogas, a comunidade e as drogas – família e escola, as principais drogas, com histórico, efeitos e consequências de seu uso, drogas e AIDS, como evitar o problema, espaço de perguntas e respostas.
O interesse pela prática da prevenção primária é pequeno, seja dos meios público, privado e familiar, pois a prevenção primária é buscar o jovem antes que a droga nele chegue. Mas nós vivemos em uma sociedade culturalmente incentivadora ao uso de drogas, pois esses poderes e a própria família permitem por patrocínios e comemorações, o uso da pior das drogas, mais ofensiva, caminho para maconha, cocaína, crack e outras, que é o álcool, lamentável e tragicamente sendo consumido como sinônimo de alegria, festejos familiares e ao redor até de festas religiosas. 
Saudoso Jamil Issy, se aqui estivesse, Maria Sônia França, do Grupo Amor Exigente, ambos fervorosos católicos, aplaudem e veem no pronunciamento deste Papa do povo, dos pobres e dos injustiçados, uma grande luz e esperança com relação ao sofrimento de jovens usuários e em recuperação, o que atinge com muita dor suas famílias e seus futuros.
O Grande Oriente do Brasil via “Maçonaria a Favor da Vida – Contra as Drogas”, manifesta-se e sintonizado está com o Papa Francisco, na esperança de que possamos juntos, compreender, adquirir consciência e mudar os nossos comportamentos perante o uso de drogas.
Convido-o a meditar sobre o pronunciamento de Francisco, que a seguir é transcrito:
“Hoje, neste lugar de luta contra a dependência química, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês – vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também o meu.
Abraçar. Precisamos todos de aprender a abraçar quem passa necessidade, como São Francisco. Há tantas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a dependência química. Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os “mercadores de morte” que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor.
Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão a quem vive em dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é possível se você o quiser. Queridos amigos, queria dizer a cada um de vocês, mas, sobretudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a coragem de empreender o mesmo caminho de vocês: Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês. Olhem para frente com confiança; a travessia é longa e cansativa, mas olhem para frente, existe “um futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias”. A vocês todos quero repetir: Não deixem que lhes roubem a esperança! Mas digo também: Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!
No Evangelho, lemos a parábola do Bom Samaritano, que fala de um homem atacado por assaltantes e deixado quase morto ao lado da estrada. As pessoas passam, olham, mas não param; indiferentes seguem o seu caminho: não é problema delas! Somente um samaritano, um desconhecido, olha, para, levanta-o, estende-lhe a mão e cuida dele”.
“Maçonaria a Favor da Vida” chama a todos para humildemente, recebermos a pergunta e dar a nossa resposta. A culpa é do jovem ou da estrutura onde vive e é formado, da sociedade que integra? O que está ou anda à roda do adolescente? Em que esfera vive o jovem de hoje? Em que meio, em que corpo social, quais as relações, as oportunidades, as perspectivas? Em que ambiente social e familiar vivem nossos filhos?
Responda e se contextualize diante do problema.
* Barbosa Nunes é Grão-Mestre Geral  Adjunto do Grande Oriente do Brasil

Postar um comentário

1 Comentários

  1. Também acho que a droga, está se alastrando com muita rapidez e por causa disso, a maçonaria tem a difícil mais não impossível missão de recuperar os que ja são usuários e também evitar que outros sigam o mesmo caminho. Acho que, será preciso promover campanhas contra a droga, realizando encontros pelo menos duas vezes por ano e estarmos sempre atentos para com os dependentes químicos. Todas lojas trilhando este caminho em prol do usuário, acredito que iremos evitar o crescimento intenso de usuários como se ve no momento.

    ResponderExcluir