A voz do Grão-Mestre Geral da Maçonaria Brasileira

*Por Barbosa Nunes
Barbosa Nunes
O Grande Oriente do Brasil, maior potência maçônica da América Latina, completou no último dia 17 de junho 192 anos de fundação.
Nasceu antecedido por movimentos sociais que culminaram na Independência do Brasil. Em toda sua história comprometido na defesa da emancipação do cidadão brasileiro, na libertação dos escravos, proclamação da república, princípios a favor da moralidade e contra a corrupção,  como aconteceu recentemente na coleta de assinaturas em favor do Projeto Ficha Limpa. segundo o seu criador Juiz Marlon Reis, a maçonaria foi a decisão final na complementariedade da coleta de assinaturas.
O Grande Oriente do Brasil viveu de 21 a 24 de junho últimos, momentos históricos quando os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Grão-Mestres Estaduais das 27 unidades federativas e mais cerca de dois mil integrantes da família maçônica brasileira, estiveram reunidos. Oportunidade das posses do Grão-Mestre Geral Marcos José da Silva e do Grão-Mestre Geral Adjunto, este que escreve este artigo, orgulhosamente junta-se ao primeiro mandatário nacional da instituição, eleitos que fomos para o quinquênio 2013/2018.
Um dos pontos altos foi a presença de 30 delegações da maçonaria estrangeira, representando países das Américas do Sul, Central e do Norte, Europa e África.
O Grão-Mestre Geral, cuja liderança já é reconhecida internacionalmente, pois exerce a presidência da CMI - Confederação Maçônica Interamericana, foi sereno, mas  incisivo ao se pronunciar sobre as crescentes manifestações em nosso país. Fruto de generalizada insatisfação, que levou milhares de brasileiros às ruas, exigindo mudanças, especialmente na demanda de bens sociais como transporte público, saúde, educação e norteada com um basta à corrupção desenfreada. Assim falou e oficializou seu pronunciamento em uma nota aos maçons, intitulada “O Despertar”, lida nas milhares de lojas como instrumento orientador à ação que a Ordem desenvolverá em honra à sua caminhada histórica.
Os nossos artigos publicados neste espaço “Opinião Pública”, do “Diário da Manhã”, único veículo da imprensa brasileira que disponibiliza páginas e páginas todos os dias aos interessados em exporem suas ideias, constitui-se em um canal de comunicação com amigos, leitores e maçons do Brasil.
Transcrevo na íntegra a referida nota: “Anos após anos, o povo brasileiro vem sendo atingido por uma avalanche de ações e atos desanimadores, dando ensejo à indignação silenciosa, que, aos poucos, foi tomando vulto, constituindo-se em estado de espírito desalentador, frustrando sonhos nacionalistas e a esperança de um melhor porvir.
O sentimento de revolta, que se encontrava sufocado, desabrochou e tomou forma, constituindo-se, no momento atual, em constantes demonstrações de civismo, em todo o território nacional, motivadas pelos descalabros que assolam o país, exigindo das autoridades, em todos os níveis de governo, providências e soluções imediatas. Gesto de cidadania que cria a esperança de dias melhores, diante da absoluta necessidade, também, de que sejam banidos os desregramentos morais decorrentes da avassaladora corrupção.
A Maçonaria, apartidária e historicamente solidária com a vontade popular, sempre agiu, sem alarde, nos grandes momentos políticos contra os ardis e as sutilezas, tão perversos à pátria; nunca se emudeceu diante de situações em que o bem comum é marginalizado e quando, por isso, se insinua uma debilidade das instituições em rota de colisão com o direito dos cidadãos.
Desta feita, coerentemente com as suas tradições, diante do uníssono grito popular desprovido de partidarismo, que envolve todos os segmentos sociais, com a efetiva participação de crianças, adolescentes, adultos e idosos, exercendo a plenitude democrática, há de reconhecer a legitimidade dos interesses postos nesses magníficos e ordeiros movimentos contrários às chicanas e que clamam por políticas públicas voltadas à justiça social, sem especulações ou demagogias, enfim, honestas e sérias. Obviamente, repudia os atos de vandalismo e hostilidade de uma minoria que se infiltra, subversivamente, em tentativa de quebrar a consciência pacifista da legítima mobilização popular.
Em suma, há de se respeitar a individualidade, para que a consciência cidadã prevaleça. O Brasil acima de tudo!”.
Como agora, há exatamente 144 anos passados, em 25 de junho de 1869, um estadista de história eterna na cultura, política, e maçonaria, bradava fortemente contra a escravatura no texto “A Emancipação Progride”.
Rui Barbosa no “Tomo I”, da publicação “Campanhas Jornalísticas”, Editora Iracema, escreveu, revoltado com a escravidão o texto “A Emancipação Progride”, que pode ser muito adaptado à revolta pela corrupção presente em todos os pontos da nação.
Disse ele: “Outrora a escravidão parecia fadada à perpetuidade neste país. Falar em extingui-la seria uma blasfêmia. A nação tinha edificado a sua fortuna sobre um crime, consagrando-o nos seus códigos como uma necessidade social. Hoje o princípio difundido pela civilização, lavrou por toda a parte”.
Concluo afirmando que a corrupção infiltrou desde os menores cargos aos maiores de todos os poderes, sejam públicos ou privados. Chegamos ao disparate de que em épocas bem recentes, candidatos eram eleitos com o reconhecimento de sua atuação na frase “rouba mas faz”.
As autoridades devem pensar e meditar sobre o que o “Papa Paulo VI”, registrou em um de seus documentos “as excessivas disparidades econômicas, sociais e culturais provocam entre os povos tensões e discórdias e põem em perigo a paz”.
Os manifestantes pacíficos, entre eles todos os maçons, esperam que os desdobramentos deste momento sejam para mudanças e que o país seja mais justo, tenha mais saúde, educação, segurança e extinga-se de uma vez por todas, a maldita corrupção que desvia recursos para interesses particulares.


*Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado, professor e maçom do Grande Oriente do Brasil - barbosanunes@terra.com.br.

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