*Artigo do Grão Mestre Barbosa Nunes
Desde meus primeiros passos escolares, a minha atenção sempre estava ligada à prática da Oratória. Arte de falar em público com a intenção de informar, influenciar, recrear a quem é ouvinte, persuadindo as pessoas.
Admiro e aprecio um bom orador que é ator de alto nível. Alia seu conhecimento na tese que defende e interpreta a ideia com entrega total, chegando ao ponto de estar vivendo uma peça teatral. Emociona e transmite emoções.
Ora pode ser instrumento de ideias políticas, sociais, científicas ou missionário pregador e evangelizador. É aquele que, utilizando palavras, expressa sua opinião e argumenta, incisivamente, de forma a convencer os ouvintes. Leia mais
O objetivo do orador é sempre provocar efeito em que lhe ouve, através de sua eloquência. Há oradores para o ensino e a educação, política, relações públicas e formação de opinião, oratória forense nos tribunais e fóruns e a oratória religiosa, voltada para estimular as pessoas a seguirem sem desânimo e fé.
É afirmado que os grandes oradores têm Sete Segredos e os aplicam com olhar expressivo, modulação da voz e expressão corporal, argumentos lógicos e originais, contador de histórias, valorizam os ouvintes, falam com os ouvintes e não para ouvintes, nunca falam para desconhecidos. Grandes oradores são vendedores de argumentos com poder de forjar a realidade que vivem.
Sempre me encantei com o orador na tribuna e suas frases, observando estes segredos e também me envolvendo na sua linha de exposição, ora concordando, mas também discordando.
Cito e peço sua especial atenção para algumas frases de alguns oradores que podem ser trazidas à realidade brasileira.
Adabe Raynal, religioso e filósofo francês: “Há uma infinidade de erros políticos que, uma vez cometidos tornam-se princípios.”
Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos, de 1861 a 1865, em duas frases das muitas que proferiu em seus discursos: “Quando faço o bem, sinto-me bem, e quando faço o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião”. “Você pode enganar algumas pessoas todo o tempo. Você pode também enganar todas as pessoas algum tempo. Mas você não pode enganar todas as pessoas todo o tempo.”
Afonso Arinos de Melo Franco, diplomata, deputado federal (1947 – 1959), senador (1987 – 1990), ministro das Relações Exteriores (1961), dirigindo-se aos congressistas do futuro, do amanhã: “Senhores constituintes de hoje, senhores congressistas de amanhã, nosso dever é fazer política, e fazer política é praticar e defender a liberdade... é honrar nosso mandato, sustentar nosso trabalho, enaltecer a memória do nosso tempo.”
Alexander Herculano, orador, escritor e historiador português: “Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.”
Antônio Ermírio de Moraes, empresário e industrial: “Jogatina enriquece donos de cassinos e empobrece quem menos pode jogar. É sempre acompanhada de corrupção, prostituição, drogas e criminalidade.”
Demóstenes orador e político grego: “É necessários que os princípios de uma política sejam justos e verdadeiros.”
Arturo Grafe, escritor italiano: “Com grande frequência a política consiste na arte de trair interesses reais e legítimos e de criar outros, imaginários e injustos.”
Barbosa Lima Sobrinho, jornalista, disse em 1993: “Estamos passando por algo como as Sete Pragas do Egito.”
Chico Anysio, ator, humorista e escritor: “Os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado.”
Demóstenes Torres, senador por Goiás, em 21 de agosto de 2006, preocupado com declaração de que o processo contra três senadores poderia ser arquivado: “Não queremos que o senado participe da produção de uma grande pizza.”
Jesus Cristo, considerado o maior orador de todos os tempos ensinou verdades através de parábolas, como em Lucas 6:49: “Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa.”
Dom Helder Câmara, bispo católico, lutador de melhores condições para os mais pobres: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo, quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista.” “Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo.”
Divaldo Franco, professor, médium e maior orador espírita brasileiro: “O mal que me fazem, não me faz mal. O mal que me faz mal é o mal que eu faço, porque me torna mal.” “Não te canses de amar. É possível que a resposta não te chegues imediatamente. Porém conseguirás demonstrar a excelência desse sentimento sem limite àqueles a quem amas. Ama, portanto sempre.”
Senador Pedro Simon, um dos mais brilhantes oradores políticos do momento, em pronunciamento recente: “Para fazer a devassa necessária nessa situação -CPMI do Cachoeira-, para apurar as coisas realmente, já que, com toda sinceridade, nós perdemos a credibilidade, seria preciso criar uma força tarefa.” “Machuca muito ver as reuniões da CPMI. O relator tem 889 perguntas para Cachoeira, mas não tem 1 motivo para pedir abertura de contas do seu Cachoeira, nem da Delta ou de coisa nenhuma. Hoje é um dia de vexame e humilhação.”
Ao agradecer sua sempre qualificada leitura, sugiro-lhes que mantenhamo-nos atentos, pois desde 1934, CPI está prevista na Constituição, porém com resultados questionáveis, pois muito se fala e ninguém é punido. Esta é a visão que o povo brasileiro tem de uma CPI. O resultado mais evidente é muito humor.
Lembro-me e homenageio o maior orador que presenciei várias vezes em aulas do Curso de Direito da UFG, professor e jurista, Jerônimo Geraldo de Queiroz, que foi reitor da Instituição. Magro, esbelto, de postura altiva, voz potente quando necessária, voz sentida na emoção em que transmitia, às vezes ao ponto de lágrimas dele e de quem o assistia. Grande orador foi Jerônimo Geraldo de Queiroz. Nunca aceitou a imposição do poder ao saber.
Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, delegado de polícia aposentado, professor e Grão Mestre da Maçonaria Grande Oriente do Estado de Goiás – barbosanunes@terra.com.br
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